Acorda Cidade
 
Aos poucos, os muitos flanelinhas que são vistos nas ruas de Salvador vão sendo substituídos por guardadores com colete padrão, boné, apito e cartelas da Zona Azul, que permitem estacionar em via pública. O objetivo da Transalvador é demarcar, de agora em diante, 300 novas vagas de Zona Azul por mês. Desde o início do ano, segundo o órgão, 600 vagas já foram regulamentadas.   
 
Vias que antes tinha presença constantes de guardadores clandestinos já estão demarcadas, como a Rua Afonso Celso, na Barra, e as marginais da Avenida Garibaldi. 
 
Ontem, através de publicação no Diário Oficial do Município, a prefeitura regulamentou 48 vagas na Rua General Argolo, perto da Estrada da Rainha. O estacionamento funcionará das 7h às 19h de segunda a sexta e das 7h às 14h aos sábados. 
 
Na ruas e avenidas regulamentadas, paga-se R$ 3 por duas horas de estacionamento, R$ 6 por seis horas e R$ 9 por 12 horas. Nas vagas da orla, o valor é de R$ 6 por até 12 horas de parada.
 
“A principal função da Zona Azul é democratizar o espaço público. Uma pessoa não pode deixar seu carro o dia inteiro na rua, por isso usamos a lógica do estacionamento rotativo pago. E com a Zona Azul temos o guardador regulamentado, que garante a qualidade do serviço ou permite que o usuário faça uma reclamação”, explica Fabrizzio Muller, titular da Transalvador. 
 
Uma lei municipal sancionada este ano pelo prefeito ACM Neto proíbe a atividade irregular de guardadores de carro em via pública.
 
Aos guardadores clandestinos é dada a opção de regularizar sua situação no Sindicato dos Guardadores de Veículos Automotores da Bahia (Sindguarda), antes do início da implantação do Zona Azul na sua área de atuação.
 
Para se filiar é preciso ir à sede do Sindguarda, no Tororó, com os documentos listados no site: www.sindguarda.com.  Entre os documentos estão carteira de trabalho, certidão de quitação eleitoral e antecedentes criminais. 
 
“Isso é uma segurança para o nosso trabalho e uma exigência do Ministério Público do Trabalho”, diz Melquisedeque Souza, presidente do Sindguarda. “Esse aumento tem dado uma oportunidade de tirar trabalhadores da clandestinidade, dar maior tranquilidade às pessoas que estacionam na rua”, avalia Souza. 
 
Disputa
 
Mas alguns guardadores regularizados têm que enfrentar os flanelinhas. Foi o caso de Juarez da Conceição, 40 anos, que está há 19 na profissão e atuava no Comércio. Agora, trabalha numa marginal da Garibaldi.  
 
O flanelinha que marcava ponto na área não apresentou a documentação exigida pelo Sindguarda e queria insistir no trabalho. “Ontem (anteontem) ele (o flanelinha) estava aqui agressivo e precisei parar uma viatura da PM. Aí levaram. Quem chega novo no local, como eu, tem que se adaptar a tudo”, conta Juarez. 
 
Na Barra, alguns flanelinhas se regularizaram, entre eles João Paulo, 19 anos, um dos quatro guardadores da Rua Afonso Celso. Ele acha que a padronização é importante, mas reclama do valor que recebe pelo serviço. 
 
João afirma que ganhava cerca de R$ 25 por dia como flanelinha e agora fatura menos. “Do dinheiro que a gente recebe, não fica quase nada e ainda tem que pagar todo mês uma taxa (R$ 30)  ao sindicato”, reclama. 
 
A cada R$ 3 pagos para permanência de até duas horas  nas vagas de Zona Azul, o guardador recebe R$ 0,85, R$ 0,15 vão para o Sindguarda e a prefeitura fica com R$ 2. 
 
Na opinião do superintendente da Transalvador, a divisão é justa. “Precisamos considerar que existe toda uma estrutura de fiscalização e sinalização por trás do estacionamento e, além disso, a arrecadação serve para outras obras de melhorias em toda cidade”, justifica Muller. 
 
 
Fonte: Correio