Bahia
'Todos atendidos por ela só tinham elogios', diz Medrado sobre voluntariado de médica no Cidade da Luz
Kátia Vargas Leal responderá pela morte de dois irmãos
Acorda Cidade
O fundador do Cidade da Luz José Medrado comentou nesta sexta-feira (18) o caso da médica Kátia Vargas Leal Pereira, acusada de causar a morte dos irmãos Emanuel e Emanuele Gomes, 21 e 23 anos, com seu veículo em Ondina. Kátia já fez serviço voluntário no complexo social por muitos anos e depois passou a atender como "cota social" em seu consultório de oftalmologia pessoas enviadas pelo Cidade da Luz.
Em reflexão divulgada pelo Facebook e compartilhada até agora por quase mil pessoas, Medrado diz que estava recebendo pedidos para dar opinião sobre "esta tragédia que tanto chocou a todos". Medrado explica que não tinha contato com a médica e só encontrou Kátia uma vez, quando ela o abordou em um avião se oferecendo para ajudar no Cidade da Luz e dando um cartão para contato, que deu início à colaboração dela com o complexo.
"Por dever de consciência, quando fui instado, não poderia deixar de dizer o que é expressão da verdade simples e natural: todos atendidos por ela sob nosso encaminhamento só tinham elogios", diz Medrado.
Ele diz que não quer fazer uma manifestação tendenciosa e que "um episódio não invalida os outros, em sentido algum".E diz que "estamos sujeitos a tudo" e "pessoa alguma está livre do imponderável".
Medrado pede a todos para não serem veículos de ódios e se concentrarem na justiça com equilíbrio. Ele diz que os familiares e especialmente a mãe dos irmãos que morreram "devem estar em uma dor, que Deus nos livre a todos", mas lembra também "a outra família, seus amigos… seguramente em grande sofrimento".
Nos comentários, reações diversas. Alguns leitores concordam que é preciso parcimônia. "Para mim a grande lição dessa história é o quanto é importante o equilíbrio mental, e como pode ser definidor um pequeno momento sem ele", diz Eduardo Veloso. "Eu penso espiritualmente que está super difícil para ambas as partes", acredita Dilma Cardoso. "Desculpe-me por essas grossas palavras, mas discordo, não foi acidente, foi proposital, tanto é que a médica encontra-se recolhida na penitenciária feminina. E que fique lá por muito tempo", pede Jorge Beda.
A médica Kátia Vargas Leal Pereira foi autuada por duplo homicídio triplamente qualificado doloso (com intenção de matar) no inquérito policial, concluído nesta sexta-feira (18). Ela já está preventivamente presa à disposição da Justiça. O Ministério Público tem cinco dias para apresentar denúncia contra a médica.
LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRA
SOBRE A TRAGÉDIA (Leiam com calma, para reflexão honesta, consciente)
Fui concitado a expor aqui a minha opinião sobre esta tragédia que tanto chocou a todos. De logo, afirmo que sobre dores humanas não cabe opinião, porquanto pessoa alguma tem condições de avaliar o sofrimento e a dor que dilaceram o coração de quem quer que seja, no cenário de uma tragédia. Posto, no entanto, o meu posicionamento, em expressão que julgo de consciência e princípio, resultado das minhas reflexões cristãs. Um fato: dois jovens foram mortos em um acidente, após um desentendimento no trânsito, cabe o apuro da polícia, da justiça, na qualificação das mortes e a possível responsabilização penal de quem o causou. Outro ponto: a médica que conduzia o carro do atropelo fez serviço voluntário na Cidade da Luz, durante muitos anos, sendo que de uns três para cá, ela não pode mais atender no Centro, abriu, no entanto, uma cota social em sua clínica para as pessoas encaminhadas por nós.
Não a conhecia pessoalmente, fui abordado por ela dentro de um avião, pedindo-me para ser voluntária no Centro, dando-me, para tanto, o seu cartão. Não mais tive contato. Repassei o cartão para o setor específico. Contato feito, trabalho encaminhado. Por dever de consciência, quando fui instado, não poderia deixar de dizer o que é expressão da verdade simples e natural: Todos atendidos por ela sob nosso encaminhamento só tinham elogios. Não tenho aqui manifestação tendenciosa, de forma alguma, mas sentimento cristalino de debruço sobre os fatos, perfeitamente comprováveis. Um episódio não invalida o outros, em sentido algum. Naturalmente, neste mesmo momento que você lê, se conhecia, lembrará dos meninos que morreram e levantará também as qualidades deles, natural, você os conhecia. A quem não conhecia, entendo, não cabe ajuizamento, somente análise de fatos. Não sejamos veículos do despertamento de ódios, mas protagonistas da busca da verdadeira justiça.
A aplicação da justiça é um direito e dever de todos, que devemos exercer sempre. É preciso que em nome desta justiça não façamos o que nos indignamos nos outros.
Diante de comoções, dores…é indispensável o equilíbrio principalmente dos que não conhecem os envolvidos, a fim de não darmos vazão às nossas próprias dores, diante das dos outros.
Os familiares, amigos, principalmente a mãe de Emanuel e Emanuelle devem estar em uma dor, que Deus nos livre a todos, e que a justiça seja feita; mas também a outra família, seus amigos… seguramente estão em grande sofrimento. Seremos sempre produtos de nossas ações, e responderemos por elas, sempre, para o bem, para o mal e ou em ambas as interações. Só por estarmos neste mundo, estamos sujeitos a tudo, a qualquer momento. Pessoa alguma está livre do imponderável. Guardemo-nos sempre em oração e vigilância. Obrigado.
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