O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, nesta quarta-feira (24), a decisão monocrática do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) qua autorizava a greve dos médicos municipais de Salvador, que acontece desde o mês de junho. A decisão foi tomada pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente em exercício do STF.
O Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindmed) afirmou que vai avaliar a decisão.Segundo o STF, o juiz tinha revogado uma antecipação de tutela que determinou o imediato retorno dos médicos ao trabalho. O ministro levou em conta argumentos levantados pela prefeitura de que a adesão de outros servidores em greves contribuiu para a superlotação da rede privada conveniada e de hospitais públicos. Considerou ainda prejuízo no tratamento de cerca de 3.600 portadores de transtorno mental, alegado pelo jurídico municipal.
O ministro também aponta que a falta de médicos compromete os plantões de atendimento em urgência e emergência. "Segundo o município, somente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Adroaldo Albergaria, em 35 dias de greve, 11.880 pessoas ficaram sem atendimento médico", afirma na decisão.
O presidente do Sindmed-BA, Francisco Magalhães, explica que a paralisação está focada em médicos que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital baiana. "A gente não está preso mais à questão do reajuste. Para o CAPS, a prefeitura propôs ampliar a carga horária de 20h para 30h, sendo que 10h seriam para produção de laudos, atividades extras. Os médicos ficaram inseguros. Na UPA, os médicos pedem que a gratificação seja equiparada aos dos médicos do Samu", aponta o sindicalista.
Já a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou nesta quarta-feira, através da assessoria de imprensa, que a greve dos servidores municipais não é sentida a rede pública de saúde porque o quadro de médicos é formado também pelos tercerizados.Na avaliação do ministro, a continuidade da greve, como afirmado antes pelo TJ-BA, provoca "quadro de extrema gravidade que poderá inviabilizar por completo o já combalido sistema público de saúde" e interfere no direito à saúde, previsto da Constituição.
Reivindicações
No início da greve, os médicos da rede municipal de Salvador informaram reivindicaram reajuste salarial de 20%, incorporação da gratificação ao salário, pagamento de insalubridade e periculosidade retroativos, ajuste de carga horária para 24h, melhoria das condições de trabalho, inclusive segurança, além de reajuste de 200% na gratificação SMS.
Na ocasião, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que foram seis as reuniões realizadas com o sindicato a respeito da precarização dos serviços, infraestrutura e contratação de médicos, relacionados apenas à atividade do Samu.
O órgão municipal aponta que, desde o início da gestão, realizou levantamento no setor de recursos humanos e afirma que a cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) aumentou de 13 para 18% devido à organização dos serviços e à chegada de novos profissionais. A previsão é que 70% da estrutura de saúde municipal seja requalificada este ano. As informações são do G1.