Feira de Santana
Transporte Público: Feira de Santana possui um ônibus para cada 3.400 habitantes
Uma audiência pública discutiu a situação do transporte coletivo na manhã desta sexta-feira (05) na Câmara Municipal.
Roberta Costa
Na manhã desta sexta-feira (05), a Câmara Municipal de Feira de Santana promoveu uma Audiência Pública para discutir o Transporte Público do município. Esta é uma das reivindicações do Movimento “Vem pra rua FSA”, que está realizando diversas manifestações na cidade, tendo como pauta principal a redução da tarifa do transporte coletivo do município.
Durante o evento, o professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Antonio Rosevaldo Ferreira, deu um dado alarmante: “Em Feira de Santana, existe um ônibus para cada 3.400 habitantes”. Segundo ele, “o direito de ir e vir das pessoas foi transformado em mercadoria, e quem não pode pagar a tarifa do Sistema de Transporte do Brasil é excluído do processo através da catraca”.
Rosevaldo acredita que a maneira de calcular a tarifa de transportes – feito pela Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (GEIPOT) – está defasada.
“Os parâmetros não correspondem com a realidade atual. É preciso que o cálculo seja revisto e se evite que só uma parte interessada detenha a informação”, pontuou o professor, que faz parte de um grupo de trabalho da UEFS que analisa a situação do transporte em Feira de Santana.
“É o transporte que dá vida à cidade e faz a ligação das pessoas. É preciso incentivar o transporte público e retirar o automóvel da cidade. Cada vez que cai a demanda pela presença de passageiros por conta da presença do automóvel particular, aumenta a tarifa. Feira de Santana é um município onde os manifestantes não precisam tocar fogo nos ônibus, porque aqui eles queimam sozinhos”, criticou o professor.
Representando o Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de Feira de Santana (Sincol), o economista Roque Gomes disse que as empresas buscam prestar um serviço mais barato e de qualidade para a sociedade.
“Um cliente satisfeito aumenta a demanda do serviço. Mas há fatores que dificultam a eficácia do serviço na cidade, como o transporte clandestino e o alto custo que é pago às vans alimentadoras (que levam as pessoas dos bairros para os terminais). O Sincol está aberto ao diálogo com os estudantes no processo de análise da tarifa e encontrar maneiras de buscar melhorias para o transporte”, disse.
Ausente – O prefeito José Ronaldo (DEM) não participou da audiência e foi representado pelo Secretário de Comunicação, Valdomiro Silva. Ele afirmou que o prefeito irá receber representantes do movimento.
“Estamos determinados a discutir a situação do transporte em Feira de Santana. Essa é uma discussão nova, pouco se pode dizer sobre as mudanças que podem acontecer agora no transporte. Estamos vivendo um momento novo e importante, que vai resultar na prática, em melhorias não apenas no serviço em si, mas provavelmente em uma tarifa mais lógica e justa”.
O Vereador Alberto Nery (PT), Presidente da Comissão de Obras, Urbanismo e Infraestrutura, que presidiu a audiência, criticou a ausência do prefeito.
“Lamentável a ausência, pois ele seria uma das pessoas que daria mais informações, pois tem muito mais embasamento sobre o tema”.
Vem Pra Rua – Iracema Santos, representante do “Vem Pra Rua FSA”, disse que o movimento não vai esperar 6 meses para a redução do preço da passagem, que atualmente é de R$2,50.
“Nós vamos cobrar e o governo não vai nos enrolar. Esse é um movimento histórico, que tem outras lutas além do transporte. É a luta pela mobilidade urbana, pelo direito de ir e vir do cidadão. O transporte que deveria ser direito, é um dos maiores custos que se tem no bolso do trabalhador. Representa cerca de 40% do orçamento e nós somos carregados como gados dentro de um transporte ineficiente”.
Após a audiência, aconteceu uma manifestação com dezenas de estudantes em frente à Câmara Municipal. O trânsito foi interrompido por cerca de 30 minutos, sendo liberado logo em seguida.
Fotos: Roberta Costa / Acorda Cidade
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