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Um servidor público da Polícia Rodoviária Federal (PRF) está entre as sete pessoas suspeitas conduzidas para interrogatório na manhã desta quarta-feira (15) para investigação da Polícia Federal sobre extração ilegal de carvão na cidade de Cândido Sales, na região sudoeste da Bahia. 
 
O homem, apontado pela operação como facilitador do transporte da carga sem autorização dos órgãos ambientais, foi ouvido e liberado. Não havia contra ele um mandado de prisão expedido e também não pedido de afastamento das funções na PRF, informa a Polícia Federal. O caso foi levado à Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal.
 
Outro homem conduzido para interrogatório, dono de uma carvoaria ilegal, acabou preso em flagrante por posse ilegal de arma. Segundo o delegado Rodrigo Colbe, a Polícia Federal encontrou com ele uma pistola sem as devidas autorizações.
 
A Operação intitulada "Grandis", da Polícia Federal, foi deflagrada na manhã desta quarta com apoio de três equipes do Ibama. "Foi um ano de investigação sigilosa, com escutas telefônicas, vigilância e acompanhamentos. Como envolvem questões ambientais, solicitamos o apoio do Ibama", relata o delegado.
 
"Os crimes apurados estão diretamente ligados à falsificação de documentos. Produtos de origem vegetal, como madeira e carvão, para serem extraídos para comércio, precisam de autorização tanto da prefeitura, quanto dos órgãos ambientais. O esquema adotado por essas carvoarias usava a falsificação de documentos para burlar a fiscalização", aponta o delegado.
 
De acordo com a PF, um grupo criminoso falsifica notas fiscais e Documento de Origem Vegetal (DOF), que permitem o transporte do carvão. A PF aponta que o grupo também oculta o material em caminhões para envio a outros estados. "Seria preciso [por parte das empresas] um estudo de impacto ambiental, estudo de extração, calcular quanto quer extrair. Se o órgão ambiental aprovar o projeto, a empresa pode vender o valor informado. Existe um acompanhamento desde a origem até a destinação final", explica
 
A extração do produto em Cândido Sales era feito em uma área de Mata Atlântica, denominada como de proteção ambiental. A Polícia Federal não possui estimativa da quantidade de carvão apreendida durante o período da investigação das carvoarias ilegais. Essas "empresas" têm como principal base de produção o uso de mão-de-obra nativa, com remuneração muito baixa.
 
 "Algumas vezes, a situação encontrada é análoga à escravidão. As pessoas trabalham dentro de fornos", detalha o Colbe. Com o baixo custo da extração, as pessoas investigadas no esquema ilegal conseguem altos lucros, aponta o delegado.
 
"A quantidade de carvão apreendido ainda não está especificada. São baús e caminhões grandes que transportam muito carvão. Ainda não como estimar em toneladas", afirma Colbe.
 
Nesta quarta-feira, além da arma sem autorização para uso apreendida, a Polícia Federal apreendeu HDs de computadores, além de documentos. O inquérito, a partir das investigações e dos interrogatórios, deve ser concluído em 15 dias (prazo prorrogável por mais 15 dias). Posteriormente, será enviado à Justiça Federal. As informações são do G1.