Andrea Trindade
Uma mulher que estava no quarto mês de gestação passou maus momentos na madrugada desta quarta-feira (8), em Feira de Santana. Joseane Brito de Jesus, que reside no bairro Tomba, sentiu-se mal na noite de ontem (7) e por volta das 4h começou a perder muito sangue.
Abortando, ela pediu ajuda ao familiar Aldiney de Castro, que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas foi informado de que não seria possível prestar o socorro. Por telefone, o atendente explicou que não havia ambulâncias disponíveis, mas que ele poderia socorrer a gestante em um veículo particular para o Hospital da Mulher que ela seria atendida.
“Peça para colocar o feto numa bolsa, numa sacola. Se tivesse uma ambulância eu mandava na hora, mas pode ficar tranquilo que quando chegar ao Hospital da Mulher ela será atendida na hora”, disse o funcionário do Samu.
A ligação foi gravada por Aldiney, que seguiu o conselho do atendente. “O bebê já estava saindo e eu percebi que ele estava sem vida. Quando fomos ao hospital, disseram que não poderiam recebê-lo porque ele já estava morto”, contou.
Joseane foi atendida no hospital, porém o feto, seguindo um regimento interno, não foi recebido na unidade hospitalar e teve que ser encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica, onde foi realizado o levantamento cadavérico.
Estrutura defasada
Em contato com o Acorda Cidade, a coordenadora do Samu, Maíza Macedo, informou que apenas seis ambulâncias atendem toda a cidade e que no momento da ligação três estavam retidas no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) e outras três estavam realizando atendimento.
Ela disse também que o Samu está checando os horários da ligação com os horários das demais ocorrências e enfatizou que o serviço trabalha com a mesma estrutura de 2004.
“Em oito anos e meio de funcionamento, trabalhamos com a mesma estrutura que tínhamos em 2004. Quando nossas equipes chegam ao hospital e ficam sem poder sair, isto afeta diretamente a população e a qualidade do serviço”, explicou Maíza.
Segundo a coordenadora, houve uma reunião no Ministério Público para debater a retenção de ambulâncias do Samu no HGCA por falta de macas, e, ainda esta semana, será feita uma intervenção na qual o hospital terá que deixar cinco macas específicas para o Samu.
“Já solicitamos e já fizemos várias reuniões para que fosse feita uma tomada de decisão, porque a população não pode sofrer as consequências das fragilidades da estrutura da Saúde”, declarou.
As ambulâncias ficam retidas porque os pacientes aguardam atendimento nas macas do Samu, no interior do hospital, que não tem leitos suficientes. Em entrevista ao Acorda Cidade, o diretor técnico do hospital, Carlos Rocha Holtz Filho, informou que as macas específicas do Samu já foram adquiridas e serão padronizadas com a marca do serviço.
Com informações do repórter Aldo Matos do programa Acorda Cidade.