Roberta Costa
Em entrevista ao repórter Ney Silva, do Acorda Cidade, ele criticou a ineficiência do governo quando se fala em Reforma Agrária – Stédile é membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) – e afirmou que o Brasil precisa de uma Reforma Política urgente.
“Nos últimos 20 anos, o Brasil passou por grandes transformações em relação ao Estado. Tivemos um período que predominou a visão neoliberal, em que se acreditava que os capitalistas iriam resolver os problemas do povo. Isso aconteceu nos governos de Fernado Collor (1990 – 1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003). Felizmente, o povo se deu conta que isso é uma falácia e derrotou essa visão ideológica. Porque o Estado precisa assumir as responsabilidades de resolver os problemas da população”.
Governo do PT – Para Stédile, os governos do ex-presidente Lula e o da Presidenta Dilma Rousseff, não conseguiram fazer a transição e o Estado ainda não assumiu sua responsabilidade pela população.
“A transição é lenta. Estamos vivendo um neodesenvolvimento, que ainda não é um projeto popular, mas é um passo a frente. Temos que ter consciência que, para construir uma nova visão de Estado, o governo tem que atender e resolver os problemas da população”.
Reforma Agrária – Stédile critica a falta de ações do governo Dilma quando se fala em Reforma Agrária. “Está tudo paralisado, uma vergonha”. Ele acrescenta que há uma “aliança perversa entre os grandes proprietários de terra e as grandes empresas, pois antes as terras improdutivas poderiam ser destinadas a Reforma Agrária. Agora vem uma multinacional e compra a terra, o que aumenta o preço e bloqueia as ações da Reforma. A luta é complicada, pois o inimigo é muito maior agora”.
Mesmo assim, ele diz que o MST não fracassou no Brasil.
“O MST é um sucesso. O fracasso está nas políticas compensatórias do governo, que de nada adiantam”.
Reforma Política – João Pedro Stédile acredita que o país precisa de uma Reforma Política, “que recupere o direito dos cidadãos votarem pela consciência e não pelo dinheiro do financiador”.
Ele caracteriza o modelo de eleições atual como uma farsa. “As pessoas elegem os políticos enganadas por campanhas milionárias e depois não lembra em que votou, pois o político não tem compromisso com a vida do povo. O eleitor vota iludido pela propaganda e essa ilusão só acabará com uma Reforma Política”.