Feira de Santana

Servidores são contra a terceirização do Clériston Andrade

A autorização foi publicada no Diário Oficial do Estado, no dia 30 de janeiro.

Andrea Trindade

Os servidores do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCAnão concordam com a mudança do modelo atual de gestão do hospital e pretendem mover uma ação no Ministério Público contra a terceirização.

Na manhã da última sexta-feira (15), mais de 50 funcionários realizaram uma manifestação na parte externa da unidade  e em seguida participaram de uma reunião no auditório do hospital com  a superintendente de Recursos Humanos da Sesab (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia), Telma  Dantas.

A superintendente informou em entrevista ao Acorda Cidade, que  objetivo da vinda dela à Feira de Santana foi abrir um diálogo com os servidores sobre a publicização (transferência da gestão de serviços e atividades, não exclusivas do Estado, para o setor não-estatal) do HGCA.  

“Este novo modelo de gestão, que está sendo experimentando em vários estados, inclusive aqui na Bahia, implica mudar a gestão para uma organização social, como por exemplo o que aconteceu com o Hospital Cícero Dantas. São várias unidades que estão funcionando com sucesso, porque o objetivo da Secretaria de Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS) é atender com dignidade”, explicou, afirmando que a nova gestão será experimentada e que a Sesab vai fiscalizá-la.

A presidente do SinSaúde (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia), Idnalba Fontinele, contesta as declarações de Telma  Dantas sobre esta modalidade administrativa, que segundo a superintendente, não é privatização.

“O SindiSaúde tomou posição contrária contra qualquer tipo de privatização ou terceirização  no setor de saúde por  entender que a constituição já garante essa complementaridade do setor privado e  há uma tentativa da substituição do privado sobre o público. A nossa posição em se manifestar contra isso, não é só porque somos contra, mas porque a experiência e  o que vivenciamos no dia a dia, mostram que o sistema de terceirização não tem fortalecido o  sistema público de saúde”, disse.

Ela disse também que uma gestão terceirizada tem metas de atendimento e é obrigação do estado oferecer um serviço mais amplo possível, além disso,  quando há terceirização, segundo ela, significa que a população terá um limite de atendimento, diferente do que acontece com hospitais como o HGE,  por exemplo, que tem gestão não  terceirizada.

“Claro que os hospitais precisam de estruturação, de concurso público, de tirar pacientes dos corredores, e que o sistema de regulação seja revisto, mas não é colocando a gestão dos hospitais nas mãos de terceiros que vamos melhorar o sistema público de saúde”, disse.

Idnalba citou o exemplo do Hospital São Jorge, que foi terceirizado  recentemente pelas Obras Sociais Irma Dulce. Segundo ela o sistema de terceirização não funcionou e que a terceirização do hospital de Irecê,  faliu a gestão.

“A empresa que estava administrando o hospital de Irecê era ligada ao setor automobilístico e a preocupação que temos é sobre em que mãos vai cair o hospital Geral Clériston Andrade. A lei  diz que basta que a empresa comprove que tenha administração e fundo de caixa. Então qualquer empresa pode gerir  uma área tão complexa que é a área da saúde”, criticou.

A superintendente Telma Dantas disse que está formulando um cronograma da mudança com os servidores, a Secretaria de Saúde e a direção do Clériston e que dentro de 15 dias, haverá uma nova reunião para tratar da publicização do hospital. A autorização foi publicada no Diário Oficial do Estado, no dia 30 de janeiro. Segundo Telma, o novo modelo de administração não vai prejudicar o trabalho dos servidores, que permanecerão em seus cargos.

Informações do repórter Ed Santos do programa Acorda Cidade