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Os jogadores de defesa do Brasil estão em alta na Fifa. Quatro deles estão na pré-lista de 20 atletas do setor da seleção do ano, divulgada em novembro, pela entidade máxima do futebol: os zagueiros David Luiz e Thiago Silva e os laterais Daniel Alves e Marcelo. No ataque, apenas Neymar figurou entre os 15 candidatos. Já no meio-campo, nenhum brasileiro foi selecionado: fato inédito entre as sete edições realizadas até hoje.
O panorama acima levanta uma discussão: será que o país vive escassez em relação ao setor criativo? O SporTV News consultou quatro profissionais – Cpaarlos Alberto Parreira, Zagallo, Gonçalves e Oswaldo de Olivieira – para descobrir o que mudou desde 2008, quando Kaká, do Real Madrid, figurou na seleção final de 11 jogadores eleitos e foi o último representante brasileiro no meio-campo. Anteriormente, o mesmo jogador marcou presença na seleção do ano de 2006 e 2007. Em 2005, quando começou a premiação, Ronaldinho Gaúcho representou o Brasil.
– Quando chega uma eleição, seja da Fifa, da Uefa, e não tem tanto protagonismo como tinha anteriormente, temos que analisar: o que aconteceu, onde foi que erramos? É importante, porque é um sinal, um alarme. Acendeu a “luzinha” amarela, vamos olhar, nao é achar que estamos no fundo do poço, absolutamente, nós continuamos produzindo jogadores, e é importante que eles brilhem – analisa Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira.
Para o técnico do Botafogo, Oswaldo de Olivieira, o destaque entre diferentes posições é um fenômeno cíclico. Para ele, que atua como treinador desde a década de 80, é natural a falta de atletas em destaque no meio-campo.
– Se você observar ao longo dos anos, você vai chegar à conclusão de que em algumas fases a gente falou "Não tem atacante", hoje não temos mais um 10, um meia organizador, isso acontece muito em determinados momentos – diz o treinador. Nas escolinhas de futebol espalhadas pelo Brasil, a disputa é um pouco diferente. Os meninos que querem ser zagueiros ainda estão em menor número. Empreendedor do ramo, o ex-zagueiro Gonçalves, campeão brasileiro em 1995 com o Botafogo, afirma que a busca pela frente do campo é uma tendência histórica. O que não necessariamente se traduz, segundo ele, na produção de melhores jogadores nesta parte do gramado.
– Quando eles chegam na escolinha, com 5 anos de idade, é dificil que algum deles queira jogar na zaga, até porque o atacante é o mais famoso, é o que faz o gol é o mais conhecido – afirma.
O próprio filho de Gonçalves, Matheus, de 14 anos, joga na escolinha do pai e prefere finalizar a defender.
Informações da Globo.com/SporTV