Eleições 2012

Candidatos desperdiçam potencial das redes sociais

No Twitter, por exemplo, onde, por várias vezes, desde o início da campanha, o assunto eleições esteve nos Trending Topics, as equipes não exploraram o potencial da multiplicação de informações em tempo real da forma devida.

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Acorda Cidade
 
As campanhas nas redes sociais dos dois candidatos que passaram ao segundo turno das eleições em Salvador, ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT), contaram, cada uma, com 12 e 20 profissionais envolvidos, respectivamente, no processo de disponibilização de informações, peças, vídeos e demais conteúdos para tentar imiscuir no debate virtual a boa imagem dos seus candidatos. E, como faz parte do jogo, divulgar também conteúdos com a intenção de descredibilizar o adversário. O resultado desse trabalho, contudo, pouco foi profícuo.
 
O que se viu ao longo das campanhas é que os usuários das redes acabaram colocando o assunto eleições mais em pauta do que as próprias equipes dos candidatos contratadas exclusivamente para fazer a divulgação dos prefeituráveis nas redes. Na visão de quem entende de política em redes sociais, como o professor Wilson Gomes, da Universidade Federal da Bahia, as campanhas não passaram de "muito fraquinhas".
 
"Fizeram uns filminhos, umas animações, mas fraquinhos…e algumas atividades fundamentais, como a interação com os leitores, quase nada", opinou o professor, que fez uma comparação ainda com a eleição presidencial, em 2010, que, segundo Gomes, conseguiu fazer um trabalho muito mais efetivo em termos de movimentação do debate e de inserção nos meios virtuais, com a ressalva de que uma campanha presidencial tem um aporte imensamente maior.
 
No Twitter, por exemplo, onde, por várias vezes, desde o início da campanha, o assunto eleições esteve nos Trending Topics, as equipes não exploraram o potencial da multiplicação de informações em tempo real da forma devida. "Os perfis de Neto e Pelegrino eram uma espécie de assessoria de comunicação online", avalia Wilson Gomes, sobre as atualizações com informações de agendas dos candidatos, publicação de notas e disponibilização de vídeos.
 
Os responsáveis pelas campanhas dos dois candidatos destacaram que havia, em cada uma, um profissional dedicado somente a monitorar as redes. "Isso serviu para dar inputs de como as pessoas estavam percebendo a campanha do candidato como um todo. A partir desses indicadores, algumas estratégias de comunicação foram desenhadas, de acordo com o que era mais sensível para as pessoas", afirmou Pascoal Gomes, responsável pela campanha de Neto.
 
A partir do relatório diário, a campanha de Pelegrino adotava a estratégia para atuação nas redes no dia seguinte. "O normal era um relatório diário para fazer noss planejamento. O central era para nossa atuação nas redes, mas enviávamos também para núcleo de direção da campanha, de forma que o candidato ficava sempre informado sobre o que estava acontecendo, sobre o humor das redes", informa o coordenador de web da campanha, Antônio do Carmo.
 
Embora o trabalho das equipes não tenha decolado na rede, a plataforma digital foi importante para as campanhas, também pautadas pelas informações que circulavam no ambiente virtual, usado como uma espécie de termômetro. Dessa forma, as redes sociais foram imprescindíveis para que as duas equipes adotassem, acrescentassem ou até mesmo mudassem algumas estratégias.
 
Na campanha de Pelegrino, por exemplo, o que saiu da web, devido à boa aceitação entre os usuários da rede, direto para a televisão, nos programas eleitorais e nas propagandas, foi o vídeo no qual Neto aparece ao lado de Geddel Vieira Lima e João Henrique. Segundo o coordenador de web da campanha, Antonio do Carmo, o vídeo no Facebook teve mais de 2 mil compartilhamentos, número considerado alto. Na página do petista, o compartilhamento variava entre 200 a 700, em média.
 
"A boa repercussão da junção dos três ajudou a campanha a incorporar isso. Começou na internet, onde medimos a aceitação e passou a ser mostrado nos programas. Tanto que tiraram Geddel das propagandas de ACM Neto", diz Carmo. na campanha de Neto, alguns dos personagens que participaram dos programas eleitorais foram convidados a partir do engajamento deles em prol do Democrata na internet.  "Além dos personagens, alguns temas foram muito pedidos para que abordássemos nos programas, principalmente o esclarecimento sobre os ataques do adversário. As pessoas se sentiram afetadas diretamente e queriam mostrar que poderiam contribuir", explicou.
 
Além de contarem com um profissional dedicado exclusivamente a acompanhar as novidades nas redes sociais, as equipes faziam ainda a atualização diária dos sites, além da disponibilização de peças e informações no Facebook e no Twitter. No Twitter, Nelson Pelegrino tem 23.149 seguidores, e Neto, 36.350.
 
No Facebook, a campanha de Neto, segundo a sua assessoria, chegou a ter de mais de 60 mil pessoas falando diretamente sobre os conteúdos publicados na página, com alcance semanal de mais de 800 mil pessoas. Hoje são 35 mil fãs. Antes da campanha, eram 3 mil. "Um crescimento muito acelerado para um curto período de tempo, o que mostra que a campanha de engajamento deu muito certo nesse ambiente online", destaca Gomes.
 
Nas fanpages do FB do petista, que teve mais de uma, sendo a principal "Sou Pelegrino 13", o que motivou muitos compartilhamentos foram as peças com críticas ao adversário, como a que circulou sobre o posicionamento do deputado ACM Neto a respeito da licença-maternidade. As peças que tiveram maior número de compartilhamentos chegaram a 2 mil, 3 mil replicações."Não adianta colocar algo que não tenha referência, que não alcança milhares de pessoas. Tentamos ser os mais criativos para difundir nossas propostas", explica Carmo. As informações são do A Tarde.