Política
Com veto de Lula a cerimônias, ministros se manifestam sobre os 60 anos do golpe militar de 1964
Em publicações em redes sociais, ministros do governo federal repudiaram o golpe de 31 de março de 1964 e fizeram discursos de defesa da democracia.
31/03/2024 às 19h45, Por Dilton e Feito
Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestaram neste domingo (31) sobre os 60 anos do golpe militar de 31 de março de 1964, que deu início a uma ditadura de 21 anos no Brasil.
As declarações (veja abaixo), feitas em publicações nas redes sociais, contornam o silêncio estabelecido pelo presidente Lula a respeito da data.
Segundo o blog da Julia Duailibi no g1, no início do mês, Lula orientou que os ministérios não realizassem atos alusivos ao marco inicial da ditadura militar.
Em entrevista no fim de fevereiro, o petista afirmou que o golpe era algo do “passado” e que não ficaria “remoendo” o assunto “sempre”.
‘Defesa da democracia’ e ‘nojo da ditadura’
Ao menos sete ministros de Lula publicaram neste domingo mensagens críticas ao regime. Entre eles, está Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), lotado dentro do Palácio do Planalto.
Em sua publicação, Pimenta escreveu que “defender a democracia é um desafio que se renova todos os dias”.
“Ditadura Nunca Mais! A esperança e a coragem derrotaram o ódio, a intolerância e o autoritarismo. Defender a democracia é um desafio que se renova todos os dias”, publicou.
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que teve evento barrado pelo Planalto, seguiu o mesmo tom. Almeida defendeu a democracia e completou: “É preciso ter ódio e nojo da ditadura, como disse Ulysses Guimarães”.
Ato cancelado
Nas últimas semanas, por decisão do gabinete presidencial, o Ministério dos Direitos Humanos chegou a cancelar evento em memória das vítimas do regime.
O movimento, de acordo com o blog da Julia Duailibi, representa um gesto de Lula às Forças Armadas, em mais uma tentativa de conquistar a confiança da cúpula militar.
Em 2023, primeiro ano da terceira gestão Lula, as Forças Armadas já haviam deixado de publicar mensagem comemorativa do golpe militar, por decisão de Lula e do ministro da Defesa, José Múcio.
O golpe, que depôs o então presidente João Goulart, completa 60 anos neste domingo (31). A ditadura militar durou de 1964 a 1985.
O período foi marcado por perseguição, tortura e assassinatos de opositores do regime. Os brasileiros não puderam votar para presidente da República, o Congresso Nacional foi fechado, e a imprensa, censurada.
Durante os quatro anos da gestão Bolsonaro, entre 2019 e 2022, os textos eram divulgados pelo Ministério da Defesa com orientação para serem lidos nos quartéis com conteúdo elogioso ao golpe e à ditadura.
Confira a seguir as manifestações dos ministros nas redes sociais:
Cida Gonçalves (Mulheres):
“Neste 31 de março de 2024 faço minha homenagem a todas as pessoas presas, torturadas ou que tiveram seus filhos desaparecidos e mortos na ditadura militar. Que o golpe instalado há exatos 60 anos nunca mais volte a acontecer e não seja jamais esquecido.”
Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário):
“Minha homenagem a todos que perderam a vida e a liberdade, em razão da ruptura da democracia no dia 31 de março de 1964, que levou o país a um período de trevas. Minha homenagem a Rubens Paiva, Wladimir Herzog e Manoel Fiel Filho, que lutaram pela democracia no Brasil.”
Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação):
“Ditadura Nunca Mais !! A esperança e a coragem derrotaram o ódio, a intolerância e o autoritarismo. Defender a democracia é um desafio que se renova todos os dias.”
Sonia Guajajara (Povos Indígenas):
“Sabemos que a luta sempre foi uma constante para os povos indígenas, mas há 60 anos o golpe dava início a um dos períodos mais duros do nosso país. A ditadura promoveu um genocídio dos nossos povos e também de nossa cultura. Milhares de indígenas foram assassinados e muitos mitos construídos entre militares para justificar um extermínio – muitos discursos perversos que até hoje são utilizados para tentar refutar nosso direito constitucional ao território. Precisamos refletir sobre um processo de reparação do Estado também em relação ao que aconteceu contra os nossos povos neste período. Através do Ministério dos Povos Indígenas, já promovemos espaços para pensar sobre uma Comissão Nacional Indígena da Verdade. Esse é um debate necessário para o conjunto da sociedade. Só avançaremos com o fortalecimento da democracia e da Justiça.”
Jorge Messias (AGU):
“DEMOCRACIA SEMPRE!!! Minha homenagem nesta data é na pessoa de uma mulher que consagrou sua vida à defesa da Democracia, Dilma Rousseff. Que a Luz da Democracia prevaleça, SEMPRE. Essa é a causa que nos move.”
Camilo Santana (Educação):
“Lembramos e repudiamos a ditadura militar, para que ela nunca mais se repita. A mancha deixada por toda dor causada jamais se apagará. Viva a democracia, que tem para nós um valor inestimável.”
Silvio Almeida (Direitos Humanos):
“Por que ditadura nunca mais? Porque queremos um país social e economicamente desenvolvido, e não um ‘Brasil interrompido’ Porque queremos um país soberano, que não se curve a interesses opostos aos do povo brasileiro. Porque queremos um país institucional e culturalmente democrático. Porque queremos um país em que a verdade e a justiça prevaleçam sobre a mentira e a violência. Porque queremos um país livre da tortura e do autoritarismo. Porque queremos um país sem milícias e grupos de extermínio. E neste domingo, em que também reafirmamos nosso compromisso com as políticas de memória e verdade, lembro de um texto que escrevi em 2022: ‘[…], foi preciso odiar a escravidão e seus institutos para que ela pudesse ter fim; foi preciso odiar os nazistas e seus símbolos para derrotá-los. É imperioso odiar o fascismo e todos que o celebram. É imprescindível repudiar visceralmente e com todas as forças aqueles que humilham e destroem a vida de trabalhadores e de minorias’. É preciso ter ódio e nojo da ditadura, como disse Ulisses Guimarães Feliz Páscoa e Viva a democracia!”
Fonte: G1
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Lula sabe que as canetas do STF não disparam balas e se a caserna decidir abrir mão das regalias e partir pras ruas, será o fim. O único poder sobre todos é o das armas, e Bolsonaro fez a turma sentir uma ponta de ganância, melhor não provocar.