Paulo Silva, um dos organizadores do evento e filho de Silvério Silva, o criador da Corrida de Jegue, disse ao Acorda Cidade que a organização não foi comunicada sobre a liminar e que ficou surpresa sobre o pedido de suspensão, pois houve reuniões com o Ministério Público (MP) e entidades ligadas a proteção animal. Segundo ele, o evento cumpriu todas as normas de cuidados com os animais, inclusive avaliação com veterinário. Ele destacou que a iniciativa é uma brincadeira e é cultural.
“Oficialmente não fomos comunicados e inclusive estamos surpresos com essa decisão porque nós já tivemos reuniões com o Ministério Público, Sociedade Protetora dos Animais, e eles nos passaram algumas normas e essas normas estão em cumprimento. Então você está vendo aqui que todos os animais estão sendo avaliados por veterinário, estão na sombra, estão alimentados, e os corredores não podem usar nenhum tipo de acessório. Eles não usam espora, não usam taca, não usam nada para bater nos animais. É uma brincadeira, um evento cultural, regional, que já realizamos há 48 anos. Inclusive, a corrida de jegue existe no Brasil inteiro e recentemente houve a corrida de jegue em outra cidade, aqui em São Gonçalo, vizinho nosso”, afirmou
Uma das advogadas que peticionou a ação, Carolina Busseni, disse que duas ONGs entraram com a ação assim que tomaram conhecimento do evento e que entendem que eventos com animais não devam acontecer, que animal não é entretenimento, e que entretenimento deve ser de outra forma.
De acordo com ela, se há algum tipo de lei para eventos com animais deve-se ter um regramento mínimo.
“A gente precisa de uma documentação mínima, como autorização da Adab e GTA (Guia de Transporte Animal)”, acrescentou.
Ela observou que os animais também devem passar por exames de zoonoses para evitar tanto o contágio de doenças em outros animais como em humanos. De acordo com ela, a Corrida de Jegue não apresentou a documentação mínima requerida.
“Esse evento não tem a documentação mínima, não foi apresentada junto a Adab em Feira de Santana nenhuma solicitação de autorização do evento, não tem um responsável técnico, um veterinário definido. Vai ter shows, isso incomoda os animais, coloca em situação de estresse, tudo isso precisa ser avaliado, não só a corrida, mas todo o evento”, afirmou.
A advogada salientou que o movimento para suspender a cavalgada e a Corrida de Jegue ocorre há um mês, assim que as ONGs tomaram conhecimento e foi feita uma lista de entidades, com pessoas jurídicas, pessoas físicas e OAB, subscrevendo e pedindo a não realização do evento, principalmente a Corrida de Jegue.
“Enviamos para os gabinetes dos deputados, para o gabinete de transição do presidente Lula, governo do estado e não tivemos nenhum retorno”, informou.
Carolina Busseni observou que o pedido de cancelamento no evento não tem nenhum viés político, apenas a preocupação com o bem estar dos animais.
A reportagem do Acorda Cidade tomou conhecimento que foi enviada uma intimação ao governo do estado, informando sobre a liminar de suspensão da corrida. Dessa forma, sem a ação do estado houve o descumprimento da liminar.
Extermínio de jumentos na Bahia
A advogada chamou atenção também sobre o extermínio de jumentos na Bahia e que de acordo com ela, em 2025, o animal pode ficar em extinção.
Ela pontuou sobre a exportação desses animais para a China e o descumprimento do estado de uma decisão na esfera federal.
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