Acorda Cidade


Segundo levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde na sexta-feira, o número de mortes na Bahia quase dobrou em três anos: 521 mortes de motociclistas em 2010 contra 267 em 2008, um aumento de 95% – quase cinco vezes maior do que o registrado em todo o país no mesmo período.

Ainda segundo o levantamento, o número de internações pagas pelo SUS decorrentes desse tipo de acidente em todo o estado saltou de 1.800 casos em 2008 para 4.191 em 2011. Esse aumento –  de 133% – gerou no ano passado um gasto para os cofres públicos de R$ 2.342.919,38 a mais que em 2008.

Capital
em Salvador, segundo estimativa da Transalvador, a cada dez acidentes de trânsito, sete tem motocicletas envolvidas. Segundo o diretor de trânsito do órgão, Renato Araújo, as vítimas geralmente são homens entre 18 a 29 anos e que usam motocicletas de até 125 cilindradas. “Já chegou ao ponto de a gente ter acidente de motocicleta com motocicleta”, diz.

Causas
Para o professor da Escola Politécnica da Ufba e especialista em trânsito e transporte, Elmo Felzemburg, o primeiro aspecto a ser considerado é o aumento no número de motocicletas. “Os dados são alarmantes porque são vidas perdidas e as internações refletem nos custos da saúde pública. A maioria dos jovens não tem condições de comprar um carro e o nosso sistema de transporte público é tão deficiente que faz com que os cidadãos procurem alternativas”, destaca.

O professor destaca ainda a fragilidade das motocicletas. “O parachoque do motociclista é ele próprio”, diz. O coordenador do curso de Fisioterapia da Unime, Paulo Henrique Oliveira, concorda. “O piloto de moto está muito exposto. Quando ele cai, pode lesionar as pernas, braços, coluna e cabeça”, diz.

Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), em sete anos houve um crescimento na Bahia de 185% no número de motos cadastradas no órgão – de 303.126 em 2005 para  865.565 este ano. Em Salvador, esse aumento foi de 40.089 para 96.291 (140%) no mesmo período.

Aliado ao incremento de motos estão também, segundo especialistas, a imprudência e problemas nas pistas. “Muitos motociclistas invadem sinais, trafegam entre carros. Tem também nossas vias que são mal sinalizadas. Carros e motos trafegam misturados”, diz Felzemburg.

O especialista destaca também que a fiscalização insuficiente. “Apesar de parecer que a prefeitura multa muito, não tem adiantado”. No caso de Salvador, o diretor de trânsito da Transalvador diz que as blitze são feitas todos os dias. “A gente recolhe cerca de 40 motocicletas por dia. É um número elevado”, destaca AraújoEntre as principais infrações, Araújo destaca falar ao celular na direção, trafegar sobre canteiros, andar na contramão e não usar capacete.

Informações do Correio