Dia do Trabalhador
Três em cada quatro brasileiros se sentem felizes com o trabalho
Superada a turbulência financeira que marcou a transição entre os governos FHC e Lula, a oferta de novas vagas e o aumento da renda, apurados pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas, seguem trajetórias quase ininterruptas.
Acorda Cidade
Dois em cada três trabalhadores do país não ganham mais do que dois salários mínimos mensais; três em cada quatro estão felizes ou muito felizes com seu trabalho.
Pesquisa realizada pelo Datafolha mostra que, a despeito da renda modesta e da conjuntura de calmaria econômica, o contentamento com o trabalho é generalizado e superior ao declarado no início da década passada.
De 1.574 entrevistados nos dias 18 e 19 de abril, 61% afirmaram estar felizes em suas ocupações, e 16%, muito felizes. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Quando o mesmo questionário foi aplicado em novembro de 2001, a porcentagem dos mais entusiasmados foi idêntica, mas os demais somavam apenas 45%.
Tal felicidade, apurada entre assalariados, informais, autônomos e empregadores, pode ser expressa em termos menos abstratos.
No período, a parcela dos que não temem o desemprego aumentou de 63% para 73%; os que classificam seu relacionamento com os colegas como ótimo ou bom passaram de 89% a 93%; com o chefe, de 83% para 88%.
Em proporções compreensivelmente menos generosas, a satisfação com a remuneração também mostra progressos: para 48%, ela está de acordo com o trabalho exercido, um empate técnico com o grupo dos que acham que recebem abaixo do merecido. Pouco mais de dez anos atrás, os insatisfeitos estavam em maioria de 53%.
Melhora do mercado
De lá para cá, as transformações do mercado de trabalho brasileiro proporcionaram uma melhora mais visível e duradoura que a da maioria dos demais indicadores econômicos do país.
Superada a turbulência financeira que marcou a transição entre os governos FHC e Lula, a oferta de novas vagas e o aumento da renda, apurados pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas, seguem trajetórias quase ininterruptas.
A taxa de desemprego chegava aos 11,5% em novembro de 2001, quando o Brasil enfrentava os impactos do colapso político-econômico da Argentina e dos atentados terroristas contra os EUA.
Hoje, enquanto a crise originada nos países desenvolvidos interrompe o ensaio de retomada do crescimento nacional, o desemprego se mantém ao redor dos 6%, nos menores patamares do período.
Já o rendimento médio das pessoas ocupadas cresceu mais de 60% acima da inflação, para R$ 1.705 mensais.
Desigualdade
Os números evidenciam, porém, que a felicidade com o trabalho transcende a segurança profissional e o conforto material. Um sinal é que, mesmo na crise do fim de 2001, os felizes eram maioria.
Outro é que a distribuição da felicidade é muito menos desigual que a da renda: os felizes e muito felizes são 73% entre os que têm renda familiar até dois mínimos (R$ 1.244) e 90% na faixa acima dos dez mínimos (R$ 6.220). As informações são do Folha.
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