Feira de Santana

Delegacia da Mulher atende em média 15 mulheres por dia

A delegada Virgínia Paim orienta as mulheres a não sofrerem caladas e que busquem ajuda.

 

Daniela Cardoso
 
A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Feira de Santana atende por dia uma média de 15 mulheres e esse número triplica durante as segundas-feiras. A informação é da  delegada Virgínia Paim
 
Ontem (8) foi comemorado o Dia Internacional da Mulher e a delegada lembrou que data deve ser comemorada, mas também servir como um dia de reflexão para os desafios que as mulheres ainda têm pela frente.
 
De acordo com ela, a principal ocorrência que chega a Deam, é com relação a crime de ameaça. "Vivemos em uma sociedade machista onde o homem, na minha experiência na delegacia, se sente como dono da mulher, ele quer seguir a vida dele, mas não quer que a mulher siga a dela", afirmou.
 
A delegada Virgínia orientou que as mulheres não sofram caladas, que elas busquem ajuda e que se sintam fortalecidas. “As mulheres foram feitas para serem felizes e a Lei Maria da Penha serviu muito para encorajar e acabar com a impunidade contra o agressor e serve também como mecanismo de proteção”, disse.
 
A Deam compõe uma Rede de Proteção a Mulher com uma série de instituições agregadas. De acordo com a delegada, o papel da Deam é repressivo, mas existem instituições que trabalham na modalidade preventiva, como o Centro de Referência e a defensoria pública.
 
Rede de Proteção a Mulher fragmentada
 
A presidente da ONG Coletiva de Mulheres, Ana Rita Costa, afirmou durante uma mesa redonda realizada na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) para discutir a violência contra mulher, que a Rede de Proteção a Mulher está fragmentada em Feira de Santana.
 
De acordo com ela, a mulher muitas vezes procura a Deam e não tem o encaminhamento devido ao serviço de saúde. Ou ela é atendida em hospitais, vítimas de casos de violência, e não são encaminhadas a Deam.
 
“Temos a Lei Maria da Penha, mas no concreto temos muitos problemas e muita defasagem, porque a rede se fragmenta. São várias falhas de estrutura, a rede está muito fragmentada, então estamos tentando trazer os avanços para juntar a justiça e a saúde”, afirmou.
 
Segundo a presidente da ONG, a agressão contra a mulher pode ser psicológica, física ou moral. “Não é o bater, tem o xingar, tem a negligência, tem os casos de homens que seguram os documentos das mulheres e seguram os filhos para que elas não saiam de casa”, relatou.
 
O professor de criminologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Ricardo Cappi, que também participou da mesa redonda, lamentou a dificuldade que as mulheres encontram na busca dos seus direitos.
 
“Vivemos em uma sociedade que produz muita violência de vários tipos contra a mulher, então temos um número insuficiente de serviços para atender essas mulheres. Um dia como esse é importante para refletir”, afirmou.
 
As informações são dos repórteres Ney Silva e Paulo José