Política

Preso, ex-comandante da PMDF diz que Exército impediu prisões de terroristas e que acampamento golpista 'contribuiu muito' em atos

Ele afirmou que setores de inteligência indicaram que atos seriam pacíficos e que não houve 'nenhuma tentativa' de facilitar ataques.

19/01/2023 às 15h48, Por Dilton e Feito

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Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

Em depoimento à Polícia Federal, após ser preso, o ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, disse que o acampamento golpista de bolsonaristas no Quartel-General do Exército “contribuiu muito” para os atos terroristas cometidos em Brasília no dia 8 de janeiro. O PM é investigado por suspeita de omissão na contenção dos atos e está preso.

A TV Globo teve acesso à integra do depoimento do coronel Fábio Augusto Vieira à PF. Ele afirmou ainda que, por diversas vezes, a segurança do DF tentou desmobilizar o grupo, mas foi impedida pelo Exército. Além disso, segundo o ex-comandante, no dia dos atos terroristas, o Exército impediu a entrada de PMs no local para prender suspeitos.

O local onde estava o acampamento, no Setor Militar Urbano, é de responsabilidade da força. Após os atos, o grupo foi retirado do local e 1,8 mil pessoas acabaram detidas.

O militar também disse que setores de inteligência de diversos órgãos indicaram que atos seriam pacíficos. Alegou ainda que não participou de ‘nenhuma tentativa’ de facilitar os ataques.

O g1 questionou o Exército sobre as alegações, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.

Acampamento e impedimento de prisões
Segundo o coronel, após o dia 12 de dezembro, quando vândalos bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF e depredaram a capital, houve uma reunião entre a cúpula da Secretaria de Segurança do DF e o Exército para desmobilizar o acampamento.

Fábio Vieira afirmou que, “por duas vezes tentaram fazer essa desmobilização dos acampamentos, mas não obtiveram êxito por solicitação do próprio Exército; que a PMDF chegou a mobilizar cerca de 500 policiais militares, mas o Exército entendeu que era melhor eles fazerem essa desmobilização utilizando seus próprios meios”.

Ainda de acordo com o militar, “a permanência do acampamento contribuiu muito para o ocorrido no dia 08/01/2023”.


Segundo o ex-comandante, no dia dos atos, “já restabelecida a ordem, foram tentando encurralar o efetivo para tentar realizar prisões de quem estava no lugar”. Fábio Vieira afirmou que foi marcada “uma reunião em frente à Catedral Rainha da Paz, e o Exército já estava mobilizado para não permitir a entrada da Polícia Militar”.

O PM afirmou no depoimento que estava prevista a atuação de 440 militares durante os atos. De acordo com o ex-chefe da corporação, setores de inteligência de diversos órgãos afirmaram que a previsão era de um ato pacífico.

Segundo Vieira, “a informação era de que havia ânimo de tranquilidade para essa manifestação específica”. Após os ataques, de acordo com o militar, o efetivo passou de 2,6 mil servidores. No entanto, afirmou que a PM não conseguiria controlar a situação sozinha.

“[Disse] que para conseguir deter as invasões não bastaria quantitativo de policiais; QUE há necessidade de participação de outras instituições como as seguranças do Congresso, STF e Planalto; QUE na ocorrência do “efeito manada” não basta a linha de policiais”, alegou.

O militar disse ainda que “não houve por sua parte nenhuma tentativa de facilitar que essa situação ocorresse. Que sempre tentou evitar e quando não conseguiu, tentou desobstruir”.

Fonte: g1

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