
Iniciativa solidária que nasceu na pandemia, o projeto ‘Família Adota Família’ vem devolvendo dignidade para uma comunidade carente de Areia Branca, em Lauro de Freitas. A iniciativa reúne amigos – e amigos de amigos – para ajudar famílias que vivem em situação de grande vulnerabilidade. “Juntei alguns amigos para começarmos a distribuir cestas básicas. À proporção que íamos entregando as cestas, ficávamos mais tristes vendo a situação das pessoas, que nos pediam todo tipo de ajuda, até mesmo lona e madeirite para os barracos onde viviam em condição totalmente indigna”, conta a pediatra Lidia Menezes.
Quem via de perto as cenas de extrema pobreza, tentava ajudar como podia, pedindo a amigos outras doações. Na mesma proporção da necessidade, chegavam pessoas dispostas a colaborar. “Foi assim que começamos a reformar os barracos e construir casas com a contribuição de pessoas que iam se voluntariando”, relembra. Assim nasceu o projeto ‘Família Adota Família’, que já construiu 24 casas e garantiu o direito à moradia digna destas famílias. “Este ano, conseguimos nos tornar uma ONG mas ainda não contamos com qualquer tipo de apoio do poder público. Ainda estamos em uma fase inicial, buscando apoio jurídico para buscar ajuda governamental. Até agora estamos sobrevivendo só com a doação de parceiros e amigos”, reitera.
A rede de solidariedade continua crescendo. A organização não governamental ainda dá os primeiros passos, mas já faz a diferença na vida de mais de cem famílias. Tudo porque amigos vão se somando e abraçando a iniciativa com uma generosidade sem tamanho. Atualmente, 145 famílias estão recebendo mensalmente cestas básicas – em média duas por mês. As doações são distribuídas em outras comunidades carentes, na Calçada, Suburbana e Cajazeiras. É em Areia Branca que a sede do projeto já foi montada. Em um imóvel alugado, 60 meninos e meninas frequentam aulas de reforço escolar e música. “Buscamos o desenvolvimento global das crianças, fornecendo alimentos de bom valor nutricional, assistência médica e odontológica, ensinando cuidados com higiene pessoal, promovendo acesso a lazer e atividades culturais”, conta a idealizadora do projeto que atualmente conta com uma rede de apoio de médicos e empresários de outros setores.
O projeto também promove atividades voltadas para os pais. Aulas de corte e costura e artesanato devolvem cidadania para que, aos poucos, eles despertem para talentos e novas possibilidades de fonte de renda. As famílias assistidas se revezam na limpeza, cozinhando e ajudando a cuidar de todas as crianças no período em que estão no espaço. “Temos uma pequena horta comunitária, feita pelas crianças, mas já planejamos iniciar algo maior”, celebra.
A meta do projeto agora é concluir a construção de um parquinho e biblioteca em um terreno que foi comprado recentemente pela ONG, fruto também de doações. “A gente quer muito fazer um espaço para eles brincarem e terem acesso a livros e brinquedos”, planeja Menezes. O montante que precisa ser arrecadado para esta etapa é de R$ 60 mil e a meta é concluir as obras antes do Natal. Famílias que queiram abraçar a causa podem fazer doações financeiras de qualquer valor através do PIX e também contribuir com cestas básicas, livros, brinquedos, roupas e objetos em bom estado. Mais informações através do Instagram do projeto.
Dedilhando a canção Noite Feliz no violão que ganhou do projeto, a pequena Leticia, 13 anos, está tendo a vida transformada. Antes uma menina tímida que morava em um barraco de madeirite, agora ela mora em uma casa de tijolo, com geladeira, fogão, cama e armários, frequenta aulas de reforço escolar e música. E o mais importante: aprendeu que sonhos podem se tornar realidade. “Era uma condição de vida muito difícil, dela e da família. Hoje sentimos muita alegria de ver Let com um violão em casa treinando o que ela aprende no projeto”.
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