Dilton e Feito

Futuro ministro da Defesa de Lula, José Múcio fala em 'despolitizar' e 'despartidarizar' Forças Armadas

José Múcio Monteiro foi um dos cinco futuros ministros anunciados por Lula nesta sexta.

10/12/2022 às 08h50, Por Dilton e Feito

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Confirmado nesta sexta-feira (9) como futuro ministro da Defesa do governo Lula, o ex-deputado José Múcio Monteiro disse em entrevista à GloboNews que é preciso “despolitizar” e “despartidarizar” as Forças Armadas.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

“O que eu proponho? Que nós voltemos a ser o que sempre fomos e deu certo. Os militares guardiões, uma instituição de Estado e sem participar de política”, afirmou.

“É uma volta ao passado? Não. É uma volta ao que sempre foi nas Forças Armadas. A despolitização, e mais, a despartidarização das Forças Armadas é uma coisa absolutamente necessária para o país”, seguiu.
O político também disse avaliar que as Forças Armadas têm demonstrado que “não apoiam qualquer movimento” de base golpista ou antidemocrática, mas reconheceu que há uma forte divisão política entre os militares.

“As Forças Armadas têm demonstrado que não apoiam qualquer movimento desses [golpistas]. Evidentemente que têm suas preferências. Se você me dizer que temos três Forças, sou capaz de dizer que temos seis Forças. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Bolsonaro; e o Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Lula”, disse.

“Evidentemente, precisamos colocar as coisas no seu devido lugar. As Forças Armadas são uma instituição do Estado brasileiro, e não de quem está comandando o Estado brasileiro”, ressalvou.


“A sociedade respeita as Forças Armadas pela sua união, força, responsabilidade. Eles tiveram muitas oportunidades de exercitar essa falta de patriotismo [dando um golpe]. Precisamos juntar todos, porque nunca esse país precisou tanto da consciência de que, em um tropeço qualquer na nossa democracia, todos sairemos prejudicados”, seguiu o futuro ministro.

Civis no comando
Monteiro anunciou que seu secretário-geral no Ministério da Defesa será Luiz Henrique Pochyly da Costa – um civil, assim como o futuro ministro. Pochyly trabalhou com Monteiro no Tribunal de Contas da União.

O Ministério da Defesa foi criado em 1999 e, até 2018, tinha sido comandado apenas por civis: uma forma de garantia a primazia dos civis sobre os militares, afastando os riscos de uma nova ditadura como a que vigorou no país entre 1964 e 1985.

No último ano de governo Michel Temer e nos quatro anos de governo Jair Bolsonaro, no entanto, a pasta foi chefiada por generais do Exército.

Crítica ao ‘entorno’ bolsonarista
José Múcio Monteiro também afirmou que “gosta” do presidente Jair Bolsonaro – eles foram colegas na Câmara dos Deputados nos anos 1990.

Monteiro foi um dos poucos interlocutores a visitar Bolsonaro após a derrota no segundo turno – quando o presidente se “encastelou” no Palácio da Alvorada.

“Eu encontrei um homem abatido, resignado talvez, mas não conformado”, descreveu.

O futuro ministro também disse que tentará voltar a se encontrar com Bolsonaro nos próximos dias, antes da posse do novo governo. Ele também pretende se reunir na próxima segunda (12) com o atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

Para José Múcio, Bolsonaro é “mais pacífico” que o grupo de bolsonaristas fanáticos que vem estimulando pautas inconstitucionais e de ruptura da ordem democrática. “O presidente Bolsonaro sai dessa eleição com um capital gigantesco, metade do país. Tenho absoluta certeza de que se ele quer pensar no futuro, e se os adeptos querem que ele volte um dia, tem que sair como um estadista”, avaliou.

Comando das Forças Armadas
O futuro ministro da Defesa afirmou na entrevista à GloboNews que o presidente eleito, Lula, delegou a ele a função de escolher os novos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica.

Monteiro, então, decidiu seguir a regra hierárquica tradicional: colocar nos cargos os militares “mais antigos” de cada força.

Com isso, serão comandantes a partir de 2023:

  • Aeronáutica: tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno;
  • Exército: general Julio Cesar de Arruda;
  • Marinha: almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen.


Ainda falando de hierarquia, Monteiro afirmou que, no novo governo, não será “tolerado” que militares das Forças Armadas façam manifestações políticas nas redes sociais ou em outro meio.

“Nunca houve, prejudicou as Forças Armadas e não há interesse para as corporações que essas coisas permaneçam”, disse.

Fonte: G1

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  1. Tem que despolitizar não só militarismo em geral tbm como todas as instituições e repartições pública e privada de mega porte ,militar ou qualquer outro agente público que quer ser político ele tem que desligar do órgão e entrar de cabeça no mundo político. Olha a desordem geral que estamos pq a sociedade está sem normas e regras . Policiais civis e militares em horário vago em porta de quartel pedindo ditadura? Como isso????? , Quem tá bancando esses interesses que todos sabem que são infindáveis e não tem quem sustente esse golpe loucura total , KD o judiciário para mandar as corregedoria investigar e mandar o nome de todos e todas

  2. Por mais que fantasiamos, é impossível que os militares não tomem partidos. Existe uma notória diferença de privilégios entre as forças auxiliares e armadas, bem como entre a carreira de praças e Oficiais e entre os militares estaduais distribuídos por toda a união, uma hierarquia engessada, um universo de obrigações e restrições aos militares que não alcança o mundo cívil, vencimentos corroídos pela inflação, perda do poder de compra com a subida do salário mínimo, uma precarização de direitos ao passar dos anos para as novas gerações de militares, aumento do tempo de contribuição sem ganhos proporcionais para o ingresso na reserva, exposição ao material radioativo sem acompanhamento do Estado, inclusive de todos os servidores, os militares compõem a classe mais endividada e com empréstimos ativos, logo é impossível a despolitização de uma classe que tanto se expõem em prol da sociedade e de uma nação e com o passar do tempo perde benefícios.

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