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Uma gravação telefônica feita pela Polícia Federal no dia 22 de julho deste ano mostra que a cúpula do Ministério do Turismo articulou para segurar por alguns dias a liberação de uma emenda parlamentar do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) com o objetivo de protegê-lo que seu nome havia aparecido no noticiário do escândalo de corrupção nos Transportes.

A conversa telefônica, obtida pelo Estado, foi entre o secretário Nacional de Políticas de Desenvolvimento para o Turismo, Colbert Martins, e o secretário-executivo do ministério, Frederico Silva Costa, ambos presos desde terça-feira sob a acusação de envolvimento no esquema de corrupção na pasta.

No diálogo, gravado com autorização da Justiça, Colbert diz a Frederico que vai negociar com o ministro do Turismo, Pedro Novais, a hora certa de "soltar" o dinheiro da emenda de Marcelo Castro. "Não, manda pagar, quem fiscaliza isso na ponta é a Caixa", orienta Frederico. "É não, eu sei, eu lhe falando isso porque como , daqui a pouco a gente uma liberação em cima de uma denúncia daquelasvocê não problemas não, ?", responde Colbert.

Eles acertam de assinar a liberação da emenda, mas pagá-la dias depois a tempo de "esfriar" o envolvimento de Marcelo Castro no noticiário de favorecimento no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Piauí

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Leia abaixo a conversa na íntegra:

FREDERICO: Oi, Colbert!

COLBERT: Oi, Fred, desculpe ter interrompido você agora, fui chamado para falar aqui,

FREDERICO: Não, eu vi a reportagem ontem, você falando daquela do Marcelo Carvalho?

COLBERT: Isso, isso, Marcelo Castro.

FREDERICO: Mas é o Marcelo Castro deputado federal?

COLBERT: É sim. Tem uma determinação de pagamento , uma ordem de serviço, que eu quero segurar um pouco para combinar com você e com o Ministro, na hora de soltar aquilo ou deixa para segunda-feira?

FREDERICO: Mas como assim, ordem de serviço dele?

COLBERT: Não, pagamento dele, emenda dele.

FREDERICO: Ah, emenda dele?

COLBERT: Emenda dele.

FREDERICO: Não, manda pagar, quem fiscaliza isso na ponta é a Caixa.

COLBERT: É não, eu sei, eu lhe falando isso porque como , daqui a pouco a gente uma liberação em cima de uma denúncia daquelasvocê não problemas não, ?

FREDERICO: Não, eu não vejo problema nenhum de fazer isso. Agora vou falar para você, você conhece ele melhor que eu

COLBERT: Conheço, conheço muito, conheço muito, [inaudível] o envolvimento que colocaram. O que eu somente tive cuidado, se for o caso, de fazer segunda-feira sem nenhuma dificuldade maior, tirar do foco hoje, porque sai um negócio desse tipo, uma impressão de que saiu em cima, sem nada, enfimFREDERICO: Não, faz um negócio, combina com ele, uma ligada pra ele, ele é teu amigo, .

COLBERT: É, vou avisar ele.

FREDERICO: Fala assim: você se incomoda se for terça ou quarta-feira da semana que vem.

COLBERT: É, vou falar pra ele que pronto pra sair, agora eu acho que a prudência manda que você esfrie o assunto, ? Eu libero

FREDERICO: Claro, claro.

COLBERT: não libera, porque não tem diferença, eu vou assinar, eu mandei assinar e mandei sair, somente que eu acho que o dia de empenhar não é bom hoje não, dava um tempinho, passava um pouco e resolvia isso com mais tranquilidade.

FREDERICO: O dia você falando o dia do pagamento, ?
COLBERT: É o pagamento, o pagamento [inaudível] tudo.

FREDERICO: combina com ele, eu acho que você falando com ele, explicando, eu acho que não tem nenhum problema não.

COLBERT: Ok, ok.

FREDERICO: Não custa nada, demonstra um carinho de sua parte.

COLBERT: É, não, vou seguir essa orientação ai. legal.

FREDERICO: bom?

COLBERT: bom, brigado.

FREDERICO: Ok, um abraço pra você, tchau, tchau.