Roberta Costa
Calça jeans, camisa preta, com uma bala alojada no braço direito, dormindo em cima de um saco de papelão no centro de Feira de Santana. Assim estava o morador de rua André Souza Santos, quando foi entrevistado pelo repórter do Programa Acorda Cidade, Paulo José.
André afirmou que levou o tiro quando “foi fazer besteira” no dia 8 de fevereiro, no bairro Cidade Nova, em Feira de Santana. Ele disse que foi assaltar uma loja no bairro, quando o segurança acertou o braço dele com a bala, que está alojada no local.
Vivendo há cinco anos na praça de alimentação de Feira de Santana, o pedreiro André é viciado em craque há sete anos. “Por isso não consigo emprego, por causa das drogas”, disse. Ele é separado e tem um filho de nove anos, que mora em Salvador com a mãe.
“Quem não tem dinheiro faz besteira para usar craque. Cato plástico, todo o dinheiro vai para a droga. Essa é uma vida de cão. Um caminho sem volta. Quero ir para um centro de recuperação, tentar sair dessa vida”, desabafou.
Perguntado se recebeu alguma assistência da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, ele falou que procurou albergue na prefeitura, mas não conseguiu. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social do município, implantou em março de 2011, o Centro de Referência Especializado da Assistência Social para População em Situação de Rua (CREAS POP), projeto idealizado pela secretária Gerusa Sampaio.
O Programa visa delinear as estratégias possíveis para desenvolver o trabalho, realizar o mapeamento da rede e a realidade da população de rua do município. Esse mapeamento ainda está em curso, pois a comunidade de rua de Feira é “bastante heterogênea, com demandas diversificadas”, afirma Maele Lima, coordenadora do programa.
“Temos egressos do sistema penitenciário, pessoas com problemas de saúde mental, que transitam de uma cidade para outra, pessoas em situação de abandono familiar, alcoolismo, uso de drogas, dentre outros”, disse Maele.
O projeto visa atender a pessoa em situação de rua, que estão nas ruas como espaço de moradia, convivência, trabalho, com ou sem vinculação familiar, de caráter provisório ou permanente.
“O programa ainda está em fase de implantação. As pessoas serão acolhidas, terão atendimento interdisciplinar e serão levadas para um abrigo. A partir desse atendimento, iremos identificar as necessidades, buscando basicamente o resgate da família e o encaminhamento para tratamento específico, como no caso das drogas”, concluiu a coordenadora.