Rachel Pinto
Na manhã desta terça-feira (2), Dia de Finados, um grupo de mulheres chamado de ‘Viúvas da covid-19’, foi até a Avenida Getúlio Vargas em Feira de Santana para homenagear os maridos que morreram vítimas da doença e também todas as outras pessoas que foram acometidas pelo vírus, hoje não estão mais presentes na Terra e deixaram suas famílias enlutadas. Na ação, foram colocadas bandeirinhas brancas no canteiro central da avenida e as participantes que estavam acompanhadas de filhos e outros familiares soltaram balões brancos.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
No último dia 29 de outubro, este mesmo grupo plantou na avenida seis mudas de árvores, que segundo Elzicleide Rodrigues de Souza, uma das organizadoras do movimento na cidade, simbolizam as mais de 600 mil mortes pela doença no Brasil
Elzicleide explicou que o grupo das ‘Viúvas da Covid-19’ reúne mulheres de todo o Brasil através das redes sociais e o objetivo é interagir para que troquem experiências, uma possa dar força a outra e também saibam sobre os seus direitos. No país o grupo tem cerca de 300 mulheres e na Bahia aproximadamente 20 pessoas.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A organizadora do grupo em Feira de Santana, frisou que a ideia é que mais pessoas possam participar e assim aumentar essa rede de apoio. Ela perdeu o marido Rui Santana que tinha 58 anos há cerca de quatro meses para a doença e desde então assim como os outros familiares tem sentido muito a saudade e a dor da perda.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Foi muito triste, ele foi internado, passou 22 dias no Hospital de Campanha e tentando ser forte para superar essa doença maldita, mas não conseguiu. A gente tinha a esperança de que ele ia voltar para casa, mas ele se foi e todos ficamos muito tristes. Hoje estamos vivendo essa dor . Eu, minha filha e meu genro também contraímos a doença, mas não precisamos de internamento. Infelizmente ele não superou”, lamentou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Anderson Oliveira Santos, de 41 anos, marido de Paula Costa Lima também foi mais uma vítima da covid-19. Morreu há cinco meses e para ela, sua partida foi uma tragédia na vida da família, amigos e colegas de trabalho. Ele ficou 11 dias internado e morreu em Salvador. Não chegou a tomar nenhuma dose da vacina e teve muitas complicações causada pela doença.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“No dia que liberou a vacina para a idade dele, ele testou positivo. Não tinha comorbidades e era uma pessoa ativa, super cuidadosa. Já tinha tido a doença em dezembro, foi leve e mesmo assim ele tinha muito cuidado. Pois, a gente via que era tudo incerto. Infelizmente pegou novamente e não resistiu. É uma perda irreparável, desestruturou todos nós. E, a maneira que encontramos de mostrar ao mundo foi através desse ato", salientou
Reginaldo Júnior, de 38 anos, morreu de covid-19 e deixou viúva Milla Lima Souza. Ele também deixou um filho de cinco anos que tem sentido muito a falta do pai.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Milla afirmou que o esposo ficou internado em Feira de Santana, depois em Salvador, totalizando 47 dias, mas não conseguiu vencer a doença. Rapidamente seus pulmões foram comprometidos e ele necessitou ser intubado. Depois fez uma traqueostomia, pegou uma bactéria e morreu.
No próximo mês completam-se cinco meses da sua partida e Milla diz que a família tem passado por dias muito difíceis.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Era o porto seguro da nossa casa. Essa doença é muito traiçoeira e a gente não sabe como ela vai agir em cada pessoa e em meu marido, infelizmente veio de uma forma grave. Foi internado com 80% do pulmão acometido. Tinha ido três dias antes ao médico, o pulmão estava limpo e em três dias ficou em 80%. Ele não chegou a tomar nenhuma dose da vacina”, acrescentou.
Para Milla, além de perder o grande companheiro, perdeu a pessoa que também era responsável por prover a família. Ela conseguiu a pensão de um salário mínimo após quatro meses da morte do esposo.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Perdi a pessoa que dividia a rotina, a pessoa que ajudava tanto financeiramente como emocionalmente. A pensão demorou muito para sair. Esse período fiquei com meu filho apenas com o meu salário. A dor é imensurável, é tão grande é como se eu morresse um pouquinho a cada dia”, declarou.
A viúva deixou como mensagem neste Dia de Finados, que as pessoas lembrem-se de que a pandemia não acabou e que continuem tomando os cuidados. Não aglomerem, usem máscaras e mantenham o distanciamento social. Ela também frisou a importância da vacina e de todos cumprirem o ciclo de imunização. Talvez se a vacina tivesse chegado um pouco mais cedo, não teria que conviver com esta dor que hoje relata à reportagem.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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