Agosto Dourado

Incentivo ao aleitamento materno reduz chances de doenças em recém nascidos

De acordo com a consultora em amamentação, são inúmeros benefícios trazidos pela amamentação.

Gabriel Gonçalves

O mês de agosto é dedicado a importância do incentivo à amamentação, tendo como campanha o Agosto Dourado, como símbolo de luta em que a cor se refere ao padrão ouro de qualidade do leite materno, como uma questão de saúde pública e também de direito humano que precisa ser respeitado e protegido.

Mãe de primeira viagem, Laura Conceição dos Santos teve seu primeiro filho no dia 22 de junho no Hospital da Mulher. Como o nascimento foi prematuro, o bebê precisou ficar internado na unidade até pegar a prática da sucção do leite materno.

Durante esse período, Laura informou a reportagem do Acorda Cidade que precisou da ajuda da equipe técnica do banco de leite, pois ainda não tinha muito conhecimento para amamentar.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Já estamos aqui há 48 dias, meu bebê nasceu prematuro com 31 semanas e ficou internado para aprender a sucção e logo após esse processo ter a alta. Mas no decorrer desse tempo, infelizmente ele pegou uma infecção e precisou ficar internado na UTI, mas já retornou para o berçário. Como é meu primeiro filho, eu tive dificuldades logo no início para amamentar, mas agora posso dizer que já estou jorrando leite", explicou.

De acordo com Laura, a equipe do banco de leite foi de suma importância nesse primeiro contato com filho, além dos procedimentos para amamentar, a forma também como segurar a criança durante a amamentação.

"Eles me ajudaram muito principalmente no início porque realmente eu não sabia nada, não tinha conhecimento, então foi uma verdadeira luz. Logo no início eu não tinha leite, meu peito ficou bem flácido e bem dolorido, mas aí fui estimulando junto com a equipe aqui do hospital e assim eu consegui. Doar o leite para quem precisa é muito importante, porque realmente, mesmo que as mães estimulem o peito, não conseguem ter e por isso que os bebês necessitam tanto desse leite materno", destacou.

Segundo a coordenadora do banco de leite do Hospital da Mulher, Nadja Carvalho, atualmente existem 164 litros de leite em estoque, mas destacou que em média, cerca de 2 a 3 litros são utilizados por dia na unidade.

"Nosso estoque no momento contabiliza 164 litros, mas a gente tem um gasto em média de 2 a 3 litros por dia. Então a gente pede essa sensibilidade das mães que estiverem com leite em excesso para que possam entrar em contato com nossa equipe e assim, estaremos indo até a residência, realizamos um cadastro, fazemos a orientação de como remover esse leite e entregamos os frascos de vidro com tampa de plástico para que seja armazenado e logo depois colocar no congelador. Feito isso, um carro que faz a rota, passa nesta mesma residência para recolher o material que a mãe doou", disse.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, Nadja informou que cerca de 70 bebês são beneficiados com o leite materno por mês na unidade e explicou que o atendimento não é restrito apenas para mães que estejam em atendimento no Hospital da Mulher.

"Em média, conseguimos atender cerca de 64 até 70 crianças de forma mensal aqui em nosso banco. Esse atendimento que a gente realiza, não fica apenas restrito as mães que tiveram filhos aqui no Hospital da Mulher, mas também, mães externas. Qualquer mãe que tiver dificuldade com o aleitamento materno, pode nos procurar que iremos orientar, pois aqui estamos não apenas para recolher o leite, mas também para dar este suporte as mães que possuem dificuldades com o aleitamento materno", explicou.

Para a coordenadora do banco de leite, um dos problemas mais frequentes que acontecem, é a chamado 'pega errada', quando o bebê não consegue fazer a sucção do leite de forma correta, vindo a machucar o peito da mãe.

"Tem muita mãe que chega aqui com fissuras, então a gente precisa estar ensinando e orientando essa mãe como colocar o bebê no peito para que ele possa sugar da maneira correta. Quando a mãe está com alguma fissura, ela sente dores e o bebê também não suga o leite perfeitamente, porque ele acaba sugando o bico, sendo que o leite fica na parte da aréola e com isso, pode gerar uma perda de peso para o bebê. Algumas mães chegam aqui até desesperadas, quando é necessário chamamos a equipe de psicologia para dar esse suporte, nós temos também fonoaudiólogo aqui na unidade, porque quando a criança não está sugando bem, a fonoterapia precisa trabalhar essa criança para que ela tenha a prática e comece a sugar", destacou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Quem pode e como deve fazer a doação?

Segundo Nadja Carvalho, qualquer mãe que esteja saudável pode realizar a doação do leite.

"A única restrição que proíbe uma mãe doar o leite materno, é caso ela seja portadora de HIV. Com relação a tatuagens, não nenhum tipo de restrição, mas caso ela tenha feito o procedimento no dia, pedimos que aguarde de 8 até 12h para que possa amamentar. Neste mês de agosto estaremos com a campanha de promoção e incentivo ao aleitamento materno. Quem desejar fazer esta ação de doação, pode entrar em contato com a nossa equipe através do telefone 3602-7156, informando o nome, endereço que uma equipe estará se deslocando até a residência para fazer todo o procedimento", concluiu.

Para a enfermeira e consultora em amamentação, Juliana Brasil, o aleitamento materno é muito importante, seja para o próprio bebê, quanto para a mãe. De acordo com ela, são inúmero benefícios trazidos pela amamentação.

"Dando um exemplo para a mãe, esse processo de amamentação tem como prevenção ao câncer de ovário, câncer de mama, câncer de útero e a gente tem também a questão de redução de peso logo após o parto, além do índice de hemorragia que também diminui. Se tratando dos bebês, a gente consegue diminuir a quantidade de óbitos prematuros pela ausência desse aleitamento e isso envolve também outras questões sociais com o desenvolvimento do bebê e da maternidade em si", informou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

De acordo com ela, uma consultora de amamentação ajuda a conduzir a mulher durante este período de amamentação.

"Eu falo que amamentação pode ter vários desfechos para cada mulher. Então teremos desfechos de mães que irão amamentar de forma exclusiva, terão mães que irão amamentar para complementar, mas o nosso papel fundamental é respeitar a escolha de cada família, dando uma assistência com qualidade para esta mulher desde o começo do processo de amamentação", disse.

Para Juliana Brasil, ainda no período de gestação, é importante que a mãe junto com a família possa buscar informações até que chegue o período de amamentação, principalmente quando se tratam de 'mães de primeira viagem'.

"Eu sempre brinco que na gestação, a principal coisa que se deve fazer é justamente buscar informações e que sejam de qualidades. A gente tem um mundo vasto na Internet que traz para a gente infomações sobre o aleitamento e além disso, sempre procurar profissionais e se preparar de forma emocional e nunca fazer comparação, porque cada mãe terá um processo diferente. Com relação a preconceitos, posso citar a questão de fórmulas que são utilizadas, ainda existe uma crença que diz que apenas as fórmulas fazem os bebês ficaram gordinhos, faze, ele crescer, mas precisamos desmitificar isso. Meus pacientes que o digam, estão aí com seus filhos com dois meses com 7kg ou mais só no aleitamento materno exclusivo, então a gente precisa acreditar mais no aleitamento", pontuou.

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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