Gabriel Gonçalves
Neste domingo (27), é celebrado o Dia Internacional de Conscientização sobre a Escoliose Idiopática, uma patologia que pode acometer entre 2 a 4% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como forma de chamar a atenção da população para a doença, o mês de junho foi escolhido para conscientizar sobre a importância de uma avaliação ainda na infância para que as possibilidades de êxito nos tratamentos sejam cada vez maiores.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a fisioterapeuta Mayana Campos explicou que quando o equilíbrio postural do corpo é perdido, surgem as descompensações, como curvas não naturais na coluna.
"A escoliose é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral e do tronco. Inclusive esse termo foi até modificado porque dizer deformidade gera um descontentamento na questão emocional dos portadores. Hoje é uma patologia, que gera efeitos catastróficos porque ela é progressiva e muitas vezes, a escoliose é confundida com um desvio postural e por isso, tem início a fisioterapia especializada. O paciente pode apresentar esse desvio e não necessariamente será uma escoliose, por isso que precisa de uma avaliação mais profunda, mais específica para identificar se há uma escoliose neste paciente ou não", explicou.
Foto: Ney Sylva/Acorda Cidade
De acordo com a fisioterapeuta, as consultas para um pré-diagnóstico devem ser feitas com um ortopedista especialista em coluna vertebral, mas afirmou que a busca por estes profissionais no estado da Bahia, é difícil.
"Geralmente, o médico que trata da escoliose é o ortopedista especialista em coluna vertebral, mas especificamente em escoliose. Infelizmente aqui na região, principalmente aqui na Bahia, é muito difícil achar um médico especialista nesta área, mas os especialistas em coluna, realizam um bom trabalho e o fato de dizer que as crianças sentem dores, é mito. Quem realmente sente dor, são as pessoas adultas, pois a escoliose já está em uma fase estruturada, gerando essas descompensações intervertebrais, o risco do disco de hérnia, justamente por conta da compressão do lado dessa curva", afirmou.
Segundo Mayana Campos, a escoliose idiopática não possui uma causa definida.
"Apresentei uma Live nas minhas redes sociais e algumas pessoas me questionaram, a escoliose tem cura? Não, até o momento não se sabe sobre a cura e a sociedade mundial de referência em escoliose, traz simplesmente que a escoliose não tem uma causa definida e existem algumas situações que a gente poder até supor, como a história genética por falta de substâncias no organismo no momento da formação, a melatonina, calcitonina, por exemplo. Algumas pessoas que moram em regiões que têm déficit de sol por exemplo, sentem a falta da vitamina D e isso pode gerar uma descompensação nesse sistema no momento da formação embrionária, mas até o momento, não temos um dado que cause a escoliose e de fato, ela é extremamente complexa, potencialmente progressiva, mas que a gente pode através do olhar, observar as crianças", disse ao Acorda Cidade.
Para a fisioterapeuta, existem quatro fases durante a vida, para quem é portador de escoliose. De acordo com ela, a patologia é mais prevalecente no grupo de adolescentes.
"A escoliose é mais prevalecente no grupo dos adolescentes, conhecemos como a escoliose idiopática que compreende aquelas pessoas entre 10 e 18 anos. Mas na verdade, a escoliose afeta desde os primeiros meses de vida, porque de zero a três anos, é escoliose infantil, de 4 a 10 anos, é juvenil e de 10 a 18 é considerado o nível de adolescente e acima dessa idade, já é escoliose adulta. Quando há uma curva de grau acima de 50º, a indicação é cirurgia, mas é importante também dizer que a fisioterapia pode intervir no tratamento até onde for possível, pois são exercícios específicos comprovados pela ciência", destacou.
Cerca de 80% dos pacientes atendidos pela fisioterapeuta Mayana Campos, são do sexo feminino. Segundo ela, é necessário que haja conscientização da população de poder identificar logo na fase da infância, se as crianças possuem algum tipo de modificação na estrutura corporal.
"Eu tenho recebido aqui muitas crianças e 80% do meu grupo de pacientes, são meninas, eu tenho apenas um garoto aqui e é importante que isso fique bem claro, porque inclusive está na literatura, 80% do do público vai ser menina em fase da adolescência e por que isso acontece entre 10, 11 e 12 anos? Quando acontece a fase de estirão do crescimento daquela criança e principalmente na menina, na primeira menarca, um ano antes da primeira menstruação, vai ter o momento do estirão e deve aparecer, então é necessário que haja essa observação e por isso precisamos conscientizar a população para este cuidado", alertou.
As principais características apresentadas para quem é portador de escoliose, são as diferenças nas alturas dos membros do corpo e simetrias, segundo a fisioterapeuta.
"É importante que possamos sempre observar se existe diferença de ombro, um está mais alto do que o outro? A simetria da cintura, será que um lado está mais cavadinho do que o outro? Um membro está maior do que o outro? Então tudo isso é possível ser observado", concluiu.
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Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade