Governos amigos não atendem a pauta do MST

Mesmo ajudando a eleger presidentes de centro-esquerda desde 2002 (Lula, duas vezes, e Dilma Rousseff) e o governador da Bahia a partir de 2006 (Jaques Wagner), as entidades que lutam pela reforma agrária, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que na data de hoje lembra o aniversário de 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, não parecem satisfeitas com os rumos da política fundiária no País. É o que se interpreta da jornada do Abril Vermelho, que resultou na Bahia desde o início do mês na ocupação de 40 fazendas, da sede da superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da área externa da Secretaria da Agricultura e Reforma Agrária do Estado (Seagri).

Tanto os militantes do MLT que invadiram o Incra e do MST que acamparam no entorno da Seagri vieram do interior baiano reivindicar a mesma coisa que pedem há anos: agilização no processo das desapropriação de terras para a reforma agrária visando atender as cerca de 25 mil famílias que os movimentos dizem existir acampadas pelos quatro cantos da Bahia esperando um lote de terra. Esse número, estimado tradicionalmente pelos líderes sem-terra, nunca foi comprovado pelos órgãos responsáveis pela reforma agrária. Em visita à Bahia no ano passado, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, garantiu que em todo o Brasil existiriam 30 mil famílias esperando terras. Parece pouco provável que, dessas, 25 mil estariam acampadas só na Bahia. (Agência A Tarde)