Tragédia

Psicóloga feirense analisa comportamento de atirador em escola do Rio de Janeiro

Segundo Ana Cristina Nascimento Santos, o caso do jovem Wellington Menezes de 23 anos, que atirou em vários estudantes se trata de uma conduta de psicopata.

Ney Silva e Ilani Silva

O jovem Wellington Menezes de 23 anos, que na manhã da última quinta-feira (7) fez vários disparos de revólveres no interior de uma escola municipal no bairro Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, ao que tudo indica tinha um quadro de psicopatia, segundo a psicóloga feirense Ana Cristina Nascimento Santos.

Ela destaca que a psicopatia tem como característica o fato da pessoa estar emocionalmente doente, mas aparentemente vive bem e tem boa convivência social, até que um dia o problema vem à tona e “explode”.

A ação de Wellington Menezes, diz a psicóloga, foi utilizar armas e fazer disparos, mas poderia ser diferente, incendiar prédio ou pessoas.

A ação delituosa do psicopata é construída com antecedência e de forma fria no subconsciente. Trata-se de uma distorção de caráter e nesse caso, um psicopata pode entender que ele precisa limpar a sociedade das coisas impuras.

“Ele desenha toda essa limpeza que precisa ser feita, e como ele vai fazer, por isso a gente pensa que é um assassino frio e cruel, mas no caso dessa doença, a psicopatia, a pessoa faz realmente uma organização mental do crime, de forma muito fria”, disse

Agir de forma isolada é outra característica de um psicopata, que apesar de viver bem junto as demais pessoas e a sociedade, dentro dele está se processando um sentimento de revolta por situações que lhe aconteceram na infância e não foram trabalhadas, isso também resulta em ações como resposta a dor emocional.

Segundo Ana Cristina, esse tipo de atitude é comum ser seguido de suicídio, porque o psicopata não consegue conviver com a situação. E há casos em que muitas vezes, surge o serial killer que não comete o suicídio e passa a matar outras pessoas.

O quadro de profundo isolamento social e dificuldade de convivência de pessoas que não estabelecem relações afetivas, produtivas e saudáveis precisa ser trabalhado e observado.

Questionada sobre de quem seria a responsabilidade de cuidar de uma pessoa como Wellington Menezes, a psicóloga Ana Cristina disse que inicialmente essa tarefa é da família e quando ela não existe, as pessoas que estão próximas ao individuo precisam estar atentas a esse tipo de comportamento.

A psicóloga também observa que as pessoas próximas, muitas vezes, não dão apoio porque de um modo geral não se analisa e não se pensa em interferir na vida de ninguém.

Vida agitada

Uma vida cada vez mais agitada, barulho de trânsito, alto nível de stress, notícias de catástrofes como os terremotos e acidentes diversos, responsáveis por um mundo cada vez mais conturbado, é fator desencadeante da psicopatia.

“A estrutura social hoje tem favorecido a esse tipo de situação e a gente percebe que na sociedade moderna está aumentando esse número de casos”, disse.

Ela lembra que no Brasil não se tem conhecimento de um caso tão forte como este que teve repercussão até mesmo internacional. No caso dos EUA, como é um país que tem uma maior característica de repressão emocional, isso aparece mais forte e em nosso país está aflorando agora.

 Essa sociedade pós moderna, explica a psicóloga, precisa rever seus conceitos de relação, de consumo, de encontros, de família, de amor, para que se torne cada vez mais saudável.