Saúde

Infectologista diz que pico do coronavírus deve acontecer entre maio e junho e que chegada do inverno preocupa

Infectologista diz que pico do coronavírus deve acontecer entre maio e junho e que chegada do inverno preocupa A coordenadora disse que há possibilidade do fechamento do comércio

16/05/2020 às 16h53, Por Maylla Nunes

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Orisa Gomes

Feira de Santana teve 33 novos casos de covid-19 em apenas três dias nesta semana, na quinta-feira (14) registrou a segunda morte pela doença, e o número total de casos chegou a 170. Para saber o que tem provocado esse salto nos números, O Acorda Cidade ouviu a médica infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê de Controle do Coronavírus em Feira de Santana. Ela responde uma série de questões da produção e dos ouvintes do programa, diz que o pico de casos deve acontecer entre o final de maio e junho, e que se o número de mortes aumentar e os leitos de hospitais lotarem, o comércio pode ser fechado novamente. Ela informou também que o inverno a preocupa porque cresce o número de doenças respiratórias levando ao aumento do número de internamento. Leia a entrevista a seguir também disponível em nosso podcast.

Acorda Cidade: O que tem provocado esse o aumento do número de casos em Feira de Santana?

Melissa Falcão: Maio é o mês que já esperávamos um momento mais acentuado do número de casos. Esperávamos um pico entre abril e maio e vimos que não aconteceu, então vai acontecer entre maio e junho e estamos vendo de uma maneira mais clara esse aumento e é esperado que até o final do mês isso aumente em uma velocidade maior.

AC: Então, nenhuma surpresa, estava no planejamento?

MF: Isso. Imaginava-se que seria entre abril e maio, foi postergado e estamos vendo o momento muito mais acentuado, mais rápido e isso deve permanecer até o final de maio, provavelmente ainda em junho.

AC: A senhora acredita que ainda é possível controlar o número de casos, ou a partir de agora vai sempre continuar crescendo até o final do mês?

MF: Eu acredito que até o final do mês vai continuar crescendo e talvez em junho continue também. O que nos preocupa agora é que vai começar o período do inverno, no qual há outras internações por outras causas que não são de Coronavírus. Nesse período do ano, a gente já vê o aumento do número de internações por H1N1, pacientes com asma, devido a alteração climática, e isso acaba levando o aumento do número de internamento, o que pode impactar nos leitos livres e adquirir atingir Coronavírus. Todas as unidades já criaram espaços para internamento de Covid-19, mas o que a gente está vendo é que a ocupação dos leitos que não são para Coronavírus estão começando a aumentar de uma maneira mais rápida por outras causas.

AC: A que a senhora atribui esse aumento de casos aqui em Feira?

MF: É provável que cada pessoa infectada transmita para duas ou três outras pessoas. Então, a partir do momento que temos mais casos infectados, mais contactantes próximos serão infectados. O que a gente está vendo, no momento, são esses contatos domiciliares de pessoas confirmadas e profissionais de saúde. Estamos tendo um aumento muito mais acentuado nos profissionais de saúde, médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem que estão em contato mais próximo com essas pessoas infectadas.

AC: A senhora mencionou o número de casos por outras doenças agora no inverno, e pelo Coronavírus, tem semelhança, pode aumentar por conta disso?

MF: Sim, o Coronavírus também pode, a partir do número de casos, aumentar o número de internamentos.

AC: Mas tem a ver com o inverno?

MF: Não necessariamente com inverno, mas pelo momento epidemiológico atual, pelo aumento do número de casos, não pela mudança climática.

AC: A senhora informou que pode aumentar o número de internamento das pessoas que possuem problemas como asma, mas eu lhe pergunto: qual a disponibilidade de leitos em Feira?

MF: Todas as unidades ainda possuem vagas para leitos de UTI, mas já estão com mais de 50% ocupados, mas não por conta de pacientes com Coronavírus, hoje na cidade, pacientes confirmados temos apenas quatro, mas existe uma taxa de ocupação de mais de 50% por outras causas de doença. Em UTI nesse momento, confirmado, temos um paciente internado em unidade privada que se encontra em estado grave, por ter fator de risco. É uma paciente obesa, hipertensa e diabética.

AC: E sobre o Mater Dei, a senhora tem informações de quando irá começar operar?

MF: Houve um atraso inicial por conta da organização da equipe que iria assumir, foi feita a licitação, já teve uma empresa que ganhou, já está assumindo e esperamos que até a próxima semana, já estejamos com esses leitos disponíveis para a população.

AC: O comitê da Covid-19 estava acompanhando esse paciente que faleceu na segunda em Salvador?

MF: Desde o início, quando positivou esse paciente, ele foi transferido para Salvador por outras causas e no hospital que estava internado, ele adquiriu o Coronavírus e acabou falecendo pela doença, mas estávamos acompanhando desde o início e ciente do que estava acontecendo.

AC: Eu ouvi de um médico falando para um idoso: “Fique em casa, cuidado para não cair, porque nesse momento, hospital não é uma coisa boa”. É isso mesmo?

MF: É para se evitar. Justamente por isso foram suspensas todas as cirurgias eletivas, exatamente com essa intenção de que quanto menor a circulação das pessoas nos serviços de saúde nesse momento, melhor. Então, não fazer nada que possa ser adiado para futuro. Não estou falando de uma cirurgia em caso de câncer, mas todas as cirurgias que não forem emergenciais. As pessoas só devem ir para a emergência quando realmente tiver necessidade, como falta de ar, baixa da pressão, desmaio, mas se for apenas um resfriado leve ou uma febre inicial que não esteja associado a nada, esteja clinicamente bem, deve se resguardar. No serviço de saúde, como tem a grande circulação de pessoas infectadas, pessoas com problemas respiratórios, acabam tendo maior probabilidade de transmissão também.

AC: Todos os testes de coronavírus vão para o Lacen?

MF: Nós, na verdade aqui em Feira, fizemos uma parceria com o laboratório da Ufba (Universidade Federal da Bahia), porque os critérios de realização dos testes do estado são realmente bem restritos a quantidade de exames que eles estão recebendo e a gente está fazendo um pouco mais. Então, pelo estado, não é para fazer com os contactantes de casos positivos, por exemplo. Uma pessoa que tem Covid-19, se os familiares não estão sentindo sintomas, não é para ser realizado exames e nós estamos realizando os exames em todos os contactantes em casos positivos e encaminhando para o laboratório da Ufba.

AC: O estado não está fazendo todos os exames e estão em parceria na Ufba?

MF: Veja bem, eles possuem alguns critérios: profissionais de saúde com sintomas, pessoas graves que precisam de um internamento hospitalar com suspeita de Coronavírus, contenha falta de ar podem realizar esses exames. Também pessoas que sejam de viagens nas estradas, aeroportos, rodovias que estejam com febre e irão entrar em outro município, essas precisam ser testadas. Mas as s que tenham testes característicos de Coronavírus e que não tenham nenhum indicativo de gravidade, pelo estado, não é para ser realizado.

AC: Então os exames, por exemplo, que passam pelas policlínicas que estão com suspeita, não vão para o Lacen?

MF: Nos pacientes que passam pela policlínica só será feito o teste, se o paciente estiver internado. Mesmo o paciente internado na policlínica esperando a regulação ou que necessita ficar na policlínica por um ou dois dias, esses exames são coletados e encaminhados para o Lacen.

AC: E quando a prefeitura divulga aqui, por exemplo: "foram testados x pessoas", não passou pelo Lacen e sim pela Ufba, é isso?

MF: Não, todos os casos que a gente coloca como caso confirmado são laboratórios que foram para o Lacen ou para a Ufba. Os resultados confirmados são considerados apenas os “TCE”, que é um exame com maior critério, especificidade, as sorologias não estão sendo consideradas para estes casos confirmados.

AC: A secretaria de saúde do estado tem acesso a todas essas informações?

MF: Sim, temos todos os exames que vão para o estado. Eles nos devolvem os resultado e todos os exames que são feitos nas redes privadas do município, como uma doença compulsória, todos os hospitais encaminham para a Vigilância Epidemiológica.

AC: Esse é o que é mais completo, o mais demorado, não é isso?

MF: Isso. Vai pegar uma amostra respiratória seja do nariz ou da garganta e vai encaminhar para extrair as partículas do vírus, identificar pelas partículas o teste sorológico, você vai ver pelo corpo da pessoa se gerou anticorpos, se gerou fatores de proteção para o vírus depois do contato.

AC: Aqui no site Acorda Cidade mesmo divulgamos: "aguardando resultados: 98 pessoas". Os exames estão no Lacen ou na Ufba?

MF: Pode estar nos dois laboratórios, mas a maioria deve estar no Lacen. Uma observação importante que você fez, quando tem aguardando resultados, a gente vê que o número de casos que são divulgados no dia, depende muito do número de resultado que o Lacen libere. Então, nesse dia que a gente teve ontem casos positivo, a quantidade de pessoas aguardando diminuiu de 140 para 90, quando liberaram uma quantidade grande no dia.

AC: Qual é o conselho que a senhora dar, para a população se proteger?

MF: Estamos em um momento muito delicado dessa pandemia e uma perspectiva de piora aí nas próximas semanas. Peço às pessoas que realmente só saiam se tiver necessidade. O comércio ainda está aberto e, se continuar assim vamos, precisar fechar novamente. Não gostaríamos de fazer isso, mas está sendo analisado diariamente. Então, só vá se tiver necessidade e siga as recomendações como o uso das máscaras, higienização das mãos, distância, sair uma única pessoa da casa, não ir ao supermercado acompanhado e se tiver que ir ao comércio, fazer coisas pontuais. Faça sua compra e volte novamente. As pessoas que precisam sair de casa para trabalhar, que tenham todos os cuidados necessários ao chegar em casa. Tire sua roupa, tome seu banho e, com isso, esperamos conseguir manter o número de casos subindo como está, mas de maneira que nossos serviços de Saúde dêem conta e que a gente não perca o controle das pessoas infectadas e da situação de saúde de cada um.

AC: Então, a senhora junto com todos do comitê e o prefeito estão discutindo que se avançar muito, pode fechar o comércio novamente é?

MF: Sim. Se continuar, até porque nossa preocupação não é o número de casos, e sim a repercussão desses casos nos serviços de saúde, a quantidade de mortes relacionadas à doença. Caso isso comece a aumentar, as mortes e internações por Covid-19, na qual as pessoas que são infectadas correm o risco de não conseguir uma vaga ou nos hospitais públicos, ou privados, esse comércio será fechado novamente.

AC: Há mudanças nas ações de controle previstas para os próximos dias?

MF: Sim, a pandemia do Coronavírus é uma pandemia dinâmica, então não só muito conhecimento novo está chegando a cada dia com a quantidade de estudos, pesquisas que estão sendo realizadas como a realidade de cada município que também muda a cada dia. Existe algumas ações planejadas para os próximos dias, mas vai depender da nossa realidade epidemiológica diária.

AC: As subnotificações estão sendo acompanhadas?

MF: Toda doença existe uma subnotificação, então um caso desse que tenha um sintoma característico e que a gente não faz o teste é um paciente que pode ter o Coronavírus e que não está sendo notificado. O importante é que essas pessoas que tenham o quadro leve da doença se conscientizem que precisam fazer parte desse bloqueio, fazer parte dessas ações, então precisa permanecer em casa pelo período de 14 dias, porque quem tem sintomas leves ficando em casa, não vai transmitir para mais ninguém, tendo o cuidado de não transmitir para as pessoas que ali estão ficar mais afastado e isso ajuda muito.

AC: As pessoas têm essa consciência?

MF: Eu espero que sim. A gente procura desde o início fazer a conscientização dessas pessoas, quais as medidas para prevenir, quando precisa procurar o hospital e precisamos da ajuda de todos, porque somos um conjunto. A saúde de um reflete em toda a cidade e toda a população.

AC: Um ouvinte pergunta se é recomendado o comércio continuar funcionando e se esse aumento não está relacionado a flexibilização para a abertura de lojas. Outro fala que só vai conseguir controlar a contaminação em nossa cidade com o loockdown.

MF: É difícil conseguir agradar a todos. Uma parte da população a gente vê clamando para abrir o comércio, outra parte da clama por fechar e estamos nos baseando em dados técnicos. Então, como referi anteriormente, está sendo analisado isso diariamente, a possibilidade do fechamento do comércio é real. O loockdown aqui na cidade, por enquanto, não tem nenhum sentido, porque, como eu falei, a quantidade de pacientes internados e de óbitos na cidade está baixa. Mas, se for necessário fazer também em um período posterior, vai ser realizado sem dúvida.

AC: Um ouvinte pede para a senhora implementar protocolos mais claros nas UPAs, no sentido do primeiro atendimento de pessoas com suspeita da Covid-19, pois já ocorreu um segundo caso de pessoa de fora que foi orientada inadequadamente, conforme relato. O ouvinte diz que é provável que os funcionários careçam de treinamento e procedimentos adequados para o momento. A TV Subaé, inclusive, mostrou um caminhoneiro que ficou rodando várias policlínica e UPAs e não conseguiu atendimento.

MF: Sim. Eu acompanhei esse caso do caminhoneiro, depois que a TV nos passou e esse paciente foi orientado de uma maneira inadequada. Ele foi atendido na UPA do estado, estava passando pela cidade, teve queixas respiratórias e a UPA orientou que ele fosse diretamente à Secretaria de Saúde. Essa não é a recomendação correta, porque a Vigilância faz o acompanhamento. Os pacientes que têm necessidade em realizar a coleta, a UPA tem que fazer uma notificação para a Secretaria de Saúde e aí faz a coleta na unidade de saúde. Não é uma conduta correta pegar a pessoa e mandar ir à Vigilância Epidemiológica. Tem que ser feito todas as condutas necessárias na unidade de saúde onde a Vigilância acompanha e faz as recomendações. Esse motorista acabou que fez a coleta, agendamos no drive, ele estava fisicamente bem e não tinha nenhuma gravidade, mas estava preocupado em realizar e fazer o diagnóstico laboratorial. Em relação aos protocolos em todo município de conduta e acompanhamento de pacientes de Coronavírus, fizemos diversos treinamentos, mas é difícil fazer com que todas as pessoas compareçam. Colocamos aplicadores dentro das unidades para que eles passem para as pessoas que não compareceram, mas é difícil uniformizar o protocolo. Os treinamentos estão sendo realizados para que o paciente seja remanejado da maneira adequada. Os protocolos existem e precisam ser seguidos.

AC: Não está faltando sintonia entre o estado e o município em relação a esse atendimento não, né?

MF: Não. Aqui no estado tem a UPA do Clériston, o Clériston que já abriu as suas vagas de Unidade de Terapia Intensiva para a Covid. O que é uma coisa boa, e o estado e município estão juntos nessa luta e nesse combate.

AC: Sobre os testes rápidos que foram prometidos aos profissionais de saúde e até hoje não foram feitos, o que fazer?

MF: Nós recebemos os testes rápidos, uma quantidade grande e estão sendo aplicados nos profissionais de saúde e de segurança pública. Esses testes que vieram com uma nota informando os critérios de utilização serão realizados nos profissionais de saúde que tiveram queixas respiratórias. As pessoas precisam estar pelo menos com sete dias do início do quadro e precisa estar sem nenhuma queixa há três dias. O que as pessoas confundem muito é que “comecei a tossir e espirrar, vou fazer um teste rápido e isso vai me dizer se eu tenho o coronavírus ou não”, e essa não é a realidade. O teste rápido é feito para depois que passa a doença, aí vai dizer se você teve ou não o Coronavírus. A recomendação do estado que veio junto com isso aí é pra ser realizado nos profissionais que tiveram um quadro característico ou com suspeita de Coronavírus e não para profissionais de saúde que não tiveram queixa nenhuma para ver se teve contato ou não de uma maneira rotineira.

AC: Foram quantos testes adquiridos?

MF: Não sei dizer o número ao certo, mas foi uma grande quantidade. Já chegou o primeiro lote, o segundo distribuímos para todas as unidades públicas para que a coordenação de cada policlínica, de cada Unidade Básica de Saúde e alguns lugares de segurança pública, para que sejam feitas nos profissionais e cada equipe vai ter esse livre arbítrio e aplicar conforme as regras estabelecidas.

AC: Dentro da sua área de conhecimento, o que a senhora pode recomendar para as pessoas que fazem caminhadas? Quais os riscos e com a recomendação?

MF: O ideal é procurar fazer caminhada em espaços abertos, em horários com menor movimentação, e, de preferência, fazer uso de máscara que é obrigatório. .

AC: Os casos de recém-nascidos, que tiveram confirmação de Covid-19 em outras regiões do Brasil até chegar ao óbito. Quais os cuidados que as mães devem ter com eles?

AC: Tivemos dois exemplos em Feira. Após o parto, o recém-nascido dela, com 12 dias de vida, fez o teste e deu positivo. Mas, esse neném evoluiu de uma maneira muito satisfatória, foi acompanhado pela pediatra do município na residência e não teve nenhuma gravidade, evoluiu muito bem, sem necessidade de internação. Tivemos uma outra, que era de outra cidade, mas que foi internada no nosso município e que o neném não pegou o Coronavírus, está bem e ela foi orientada a se manter distante do recém-nascido. O interessante é que as pessoas que tiverem filhos não circulem fora de casa, só saia para levar o neném na consulta com o pediatra após a maternidade, com o uso de máscara, deixando o neném distante das pessoas e, fora isso, que não saiam de casa essas mães para mais nada.

AC: Se a pessoa sentir falta de ar, é recomendado usar o nebulizador até conseguir socorro?

MF: Nebulizadores não devem ser usados nas emergências, porque nebulizar uma pessoa com o vírus que se encontra no ar e partículas grandes, em gotículas, elas ficam em partículas menores e são aerolizadas, ou seja, aerossóis que são facilmente transmitidos. Ele precisaria de uma máscara N95, com poder de filtração maior para prevenir mais que a cirúrgica normal e a de tecido sobre hipótese nenhuma nesses casos. Se o paciente estiver em casa, ela pode usar o nebulizador na sua residência, sem que tenha ninguém naquele cômodo até chegar a unidade de saúde.

AC: O coronavírus pode pegar também através porque as partículas ficam no ar, não é verdade?

MF: Sim, pode. A transmissão do Coronavírus é principalmente respiratória e isso pode acontecer pelo espirro, tosse ou sumos, gotículas de saliva que são eliminadas, mas que só chegam a um metro da gente falar, por isso a importância da recomendação, fica mais de um metro das pessoas e use uma máscara.

AC: O assintomático é mais difícil de passar o vírus?

MF: Sim. A transmissão pelos assintomáticos é menor do que quem tem sintomas porque provavelmente a quantidade de vírus que essa pessoa tenha foi menor do que quem teve sintomas. A maior parte das complicações são pessoas com fatores de risco. Maiores de 60 anos, diabéticos, obesidade, hipertensão, BPOC, então continua morrendo mais pessoas do grupo de risco, porém tem pessoas jovens também morrendo sem nenhum fator de risco adicional. Isso depende da imunidade de cada um. O vírus está chegando no corpo e a nossa imunidade ser capaz de combater ele, ou a nossa imunidade pode acabar atrapalhando mais. Em algumas pessoas, o vírus chega e acontece uma tempestade na nossa imunidade. Ela começa a acelerar de uma maneira rápida e isso causa danos ao pulmão, rim, outros órgãos. A gente tem um efeito do vírus direto, causando uma alteração nos órgãos e também causado indiretamente pela exacerbação causado pela imunidade.

AC: Por que os diabéticos e hipertensos se complicam, se contrair o Coronavírus?

MF: Na verdade, a taxa de infecção é a mesma. Mas, a diabetes e hipertensão, assim como outras doenças traz alterações próprias a pessoa, as pessoas que tem diabetes já tem uma baixa imunidade, quem tem hipertensão tem outras alterações que vão acontecendo no coração, nos vasos e isso acaba acontecendo com que a pessoa tenha um quadro mais grave de não só do Coronavírus mas de qualquer outra doença, como dengue, complicações para Chikungunya, fatores de risco para outras doenças.

AC: A senhora falou DPOC, o que é?

MF: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, causada pelo cigarro.

AC: Os profissionais do Samu vão fazer o teste?

MF: Os profissionais de saúde com dificuldade respiratória devem ser imediatamente afastados. Não é para nenhum profissional doente estar trabalhando. Se tem queixa respiratória, tem que ser afastado, realizado o teste e mesmo que tenha dado negativo, tem que retornar das queixas respiratórias.

AC: Feira de Santana está usando a Cloroquina?

MF: Já utilizamos em alguns pacientes e não tivemos uma resposta satisfatória. Venho acompanhando os artigos de hidroxicloroquina, cloroquina associado a azitromicina, anticoagulante, corticoide, vermectina, tem uma série de antivirais e outros medicamentos que estão sendo analisados e analisando todos eles e na nossa experiência aqui no município a cloroquina e azitromicina não trouxe uma resposta boa, inclusive uma paciente teve um efeito colateral grave, mas tudo é análise diariamente e mudando a nossa conduta de acordo com as evidências da literatura.

AC: Paciente com lúpus está no grupo de risco?

MF: Sim. Faz parte do grupo de risco porque são doenças autoimunes e todas essas doenças e a maioria delas precisam de imunossupressores e medicamentos que baixam a imunidade como corticoide são considerados grupos de risco.

Colaboraram os estagiários de jornalismo Gabriel Gonçalves e Mayla Nunes.
 

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