Saúde

Alzheimer: médico e psicóloga explicam as implicações fisiológicas e psicológicas da doença

Como acontece a perda de memória de uma pessoa com Alzheimer? E como a doença é vista do ponto de vista da psicologia? Em busca dessas respostas o Acorda Cidade ouviu um médico e uma psicóloga.

07/10/2019 às 14h09, Por Maylla Nunes

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Ney Silva

Doença neurodegenerativa progressiva que se manifesta apresentando deterioração cognitiva e da memória de curto prazo e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações do comportamento, o Alzheimer atinge principalmente pessoas na terceira idade. Como ocorre o tratamento do Alzheimer? A doença tem cura? Como acontece a perda de memória de uma pessoa com Alzheimer? E como a doença é vista do ponto de vista da psicologia? Em busca dessas respostas o Acorda Cidade ouviu um médico e uma psicóloga.

Segundo o médico neurologista Mateus Gaspar, alguns pacientes têm uma pré-disposição a deposição de algumas proteínas em determinas áreas do cérebro, e essa deposição de proteína causa uma inflamação do tecido nervoso, justamente nas áreas relacionadas à memória, que é onde essa proteína se deposita. Por esse motivo, conforme explicou, os primeiros sintomas normalmente estão relacionados ao esquecimento. Ainda de acordo com o médico, a grande prevalência da doença hoje em dia ocorre pelo maior envelhecimento da população.

“Há 50 anos a gente tinha mais doenças infecciosas, que não tinham tratamento e a expectativa de vida era mais curta. Com o envelhecimento, nossa pirâmide etária está ficando um pouco mais alargada no topo, então o envelhecimento promove o principal fator de risco para o Alzheimer”, afirmou.

O médico explicou que a doença de Alzheimer é dividida em duas fases: uma antes dos 65 anos de idade e a demência mais comum a partir das 65 anos de idade, quando a incidência cresce bastante. Segundo ele, a cada 10 anos que se passa de vida, o risco vai triplicando para se adquirir a doença de Alzheimer. Porém, lembrou que ela pode acometer pacientes de 50 anos de idade, nesses casos, relacionados a fatores genéticos.

“Acomete mais os idosos, pois com o envelhecimento existe a tendência de se acumular os fatores ocorridos ao longo da vida e acaba ocasionando um estresse oxidativo e inflamação no tecido nervoso, então como os fatores de risco principais são o envelhecimento, a hipertensão não controlada ao longo da vida, diabetes não controlado ao longo da vida, colesterol não controlado e sedentarismo, esses fatores são se acumulando ao longo do envelhecimento vão determinando lesões cada vez mais intensas e por isso o risco mais aumentado para demência”, informou em entrevista ao Acorda Cidade.

Sintomas

Entre os sintomas que podem ser observados, o médico neurologista Mateus Gaspar destaca que é importante observar quando a pessoa é questionada e não se lembra das conversas que já teve, passa a ter dificuldades para se deslocar para locais onde já esteve, entre outros. Ele afirma que o prejuízo é mais de memória do que física.

Prevenção

Para a prevenção da doença, o especialista afirma que é importante manter uma boa qualidade de vida com atividade física e uma alimentação balanceada. “É preciso principalmente controlar dos fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol. O paciente não pode ser sedentário ao longo da vida. Isso pode ajudar a reduzir o risco de Alzheimer. As pessoas também devem ter cuidado com a alimentação e o consumo de carboidratos”.

Tratamento

De acordo com o neurologista para a doença do Alzheimer existe a necessidade de um treinamento físico, com atividade física que ajuda, e também atividade cognitiva, que pode ser leitura, escrita, palavras cruzadas, aprender idiomas, fazer um treinamento guiado por um profissional como neuropsicólogo. Além de medicações.

“A gente utiliza medicações que tem relação com a fisiopatologia, a causa da doença, para que ela avance mais lentamente. Às vezes o remédio não causa aquele benefício que o familiar espera, mas os pacientes têm uma evolução mais lenta e menos grave da doença. O Alzheimer não tem nenhum tratamento de cura para a doença. A gente tem opções de tratamento que fazem com que a doença tenha sintomas menos intensos e evolua de uma forma mais lenta”, informou ao Acorda Cidade.

O médico lembrou ainda que com a velhice alguns esquecimentos são normais, porém quando a queixa passa a ser mais persistente e o esquecimento passa a acontecer de forma recorrente, ele destaca que é o momento de procurar o atendimento de saúde para diferenciar se o esquecimento está dentro da normalidade ou está além do esperado para a idade e pode estar dentro do contexto de uma doença inicial.

Família

A psicóloga Kátia Suzy destaca que o Alzheimer é uma doença que ainda assusta e que o olhar que a população tem é para a pior parte do Alzheimer. Mas ela lembra que é interessante pensar que existe todo um caminho a percorrer e procurar caminhos para viver melhor, com maior qualidade de vida. Kátia destaca ainda que a família é parte do contexto que também é afetada pela doença.

“O Alzheimer é como uma despedida prolongada. O último estágio pode ser a morte, mas se a gente tem a possibilidade de ter uma despedida prolongada, como a gente pode fazer isso para que seja mais saudável e com mais amor? É necessário que o paciente seja tratado com amor, com compaixão, que a família entenda sobre a doença pra não se incomodar quando o idoso repete a mesma coisa, pergunta a mesma coisa. Quanto mais a gente tem o conhecimento, mais a gente vai acolher esse idoso e vai ter uma relação melhor”.

Isolamento social

O isolamento social do idoso, segundo explicou a psicóloga, pode ocorrer devido a uma depressão que pode anteceder o Alzheimer, segundo ela, isso tem dificultado bastante a questão do diagnóstico. “Em alguns casos pode ocorrer a depressão antes da doença do Alzheimer. Quando o idoso perde um ente querido, por exemplo, muitas vezes ele se sente inútil, muitas vezes a família não acolhe e ele se sente isolado. Há algumas questões que podem favorecer o desenvolvimento da depressão. Quando junta a depressão com o Alzheimer há uma piora, pois será mais difícil o comprometimento dele com o tratamento”, afirmou. 

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