Feira de Santana
Menina de 5 anos morre com suspeita de dengue; em 4 meses 6 mortes estão confirmadas
De 1º de janeiro a 30 de abril, já havia sido notificados 5.976 casos, e deste total foram confirmados 1.511.
02/05/2019 às 20h45, Por Andrea Trindade
Andrea Trindade e Ney Silva
Os casos de dengue na cidade de Feira de Santana continuam se alastrando nos bairros e na zona rural. De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde, de 1º de janeiro a 30 de abril, já havia sido notificados 5.976 casos, e deste total foram confirmados 1.511. O número de mortes é ainda mais assustador. Em um total de 12 mortes, seis tiveram confirmação da dengue, as outras estão sendo investigadas.
O caso mais recente de morte foi o da pequena Samile, de 5 anos, que morava no conjunto George Américo. Segundo a mãe dela, a comerciária Saionara Brito dos Santos, a menina começou a ter sintomas da doença no dia 23 de abril. Depois de passar pela Unidade de Pronto Atendimento do bairro Mangabeira (UPA), duas vezes, pela policlínica do George Américo e por ultimo ser internada no Hospital Estadual da Criança (HEC), a garotinha infelizmente não resistiu e morreu na última segunda-feira (29). A mãe reclamou do atendimento na policlínica. O caso dela ainda não tem confirmação de que foi dengue, segundo a Secretaria de Saúde.
Mãe de samile (Foto: Ney Silva/Acorda Cidade)
“Sexta-feira a noite ela acordou pedindo água e quando eu fui dar água a ela começou a endurecer, ficou pálida, com a boca roxa, e depois ela desmaiou. Ela apagou. Ai quando ela voltou a si, ela ficou tesa e a gente correu para a policlínica. Parecia que estava tendo uma crise convulsiva. Aí eu cheguei e falei que minha filha estava tendo convulsão em casa, a moça da recepção mandou um rapaz fazer a ficha e mandou a gente esperar porque o pessoal estava tomando café. Aí eu falei que minha filha não podia esperar, ai ela disse: 'Deixar aparecer alguém aqui que eu mando atender ela'. Passou ela na triagem e ficou esperando um médico ou enfermeira aparecer. Eu não esperei, peguei ela e entrei já falando alto, que ela estava tendo convulsão, e não tinha como esperar, que ela é uma criança. Ai veio uma enfermeira, olhou se ela estava com febre. Depois veio a médica, olhou, passou um remédio e colocou ela no soro. Quando colocou ela no soro, ela deu convulsão de novo lá e eu gritei. Ai ela tinha voltado. Quando foi umas 4h da manhã ela acordou e pediu pra fazer xixi e quando eu sentei ela no vaso, ela disse: 'Mamãe', e caiu pra trás, endurecendo de novo e toda pálida. Eu saí correndo pelo corredor da policlínica com ela no colo, socorro, socorro, e aí veio a médica e colocou ela na sala vermelha, no soro de novo. A médica pediu exame de sangue e a enfermeira disse que ele não iria fazer porque já tinha saído. Aí a medica pediu para ele voltar com urgência. Demorou um pouquinho e ele voltou. Levou o sangue dela para fazer análise e a gente só veio ter o resultado às 10h do outro dia, porque às 7h não tinha sido analisado ainda. Quando o exame chegou já tinha no papel, dengue tipo C. Foi aí que a médica disse que iria transferir ela para o Hospital Estadual da Criança, porque a plaqueta estava muito baixa. Chegando no HEC fizemos a ficha, o médico, só examinando ela disse que o caso era grave”, relatou a mãe de Samile, ao Acorda Cidade.
A supervisora da Vigilância Epidemiológica, Neuza Santos de Jesus, informou que ainda não tem como confirmar se a morte de Samile foi mesma causada por dengue com agravo.
“Ainda não temos o arquivo sorológico do Laboratório Central de Saúde Pública do estado da Bahia (Lacen), mas como ela deu entrada com sinais clínicos e tem outros exames que podem indicar que ela tem uma suspeita de dengue ou não, não precisamos necessariamente do resultado do exame do Lacen para diagnóstico em nível estatístico e em nível de tomada de decisão e prevenção e controle. O exame ainda não chegou, essa criança deu entrada em algumas unidades do município e do estado com sinais clínicos, mas ainda estamos em investigação do caso, e a gente ainda não pode dizer que ela morreu por dengue, especificamente, porque tem outros vírus e outras doenças que causam sintomas parecidos”, explicou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
A supervisora disse que desde o momento em que teve a informação da morte da garotinha, por suspeita de dengue, foi enviada uma equipe de bloqueio na área porque o foco da dengue poderia estar na casa ou próximo a casa onde ela morava.
A equipe de campo foi fazer o bloqueio focal e perifocal naquela localidade. Estamos com superviso estamos com seis óbitos com dengue confirmada, destes seis, tivemos 3 pacientes que tinha alguma comorbidade (existência de duas ou mais doenças simultaneamente). Como dengue é um vírus que compromete a imunidade e a resposta imunológica de um paciente, se essa pessoa for um idoso, uma criança, uma gestante ou alguém que já tenha alguma doença de base, quando pega uma infeção como dengue ela pode se agravar e evoluir para casos graves e óbitos. Seis dos 12 casos estão sem resultados confirmados e investigação concluída se foi dengue ou não”, afirmou.
Sobre o atendimento dado a menina, a coordenação das policlínicas da Secretaria Municipal de Saúde informou que vai investigar, e se confirmar que houve falha no atendimento vai adotar as providências que o caso requer.
Combata a Dengue
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