Feira de Santana

Mulheres relatam seus dramas por terem endometriose durante marcha em Feira de Santana

Os relatos sobre a endometriose e a busca de tratamento são dramáticos e vão desde o desconhecimento até as dificuldades de fazer exames através da rede pública.

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Ney Silva

Mulheres feirenses foram as ruas na manhã deste sábado (30) e de forma corajosa relatam seus dramas de conviverem com a endometriose. Esse foi o segundo ano da Endomarcha. Usando faixas e cartazes, elas se concentraram inicialmente ao lado da estação de BRT na Avenida Getúlio Vargas. Do local elas saíram em caminhada em direção ao estacionamento da prefeitura.

Os relatos sobre a endometriose e a busca de tratamento são dramáticos e vão desde o desconhecimento até as dificuldades de fazer exames através da rede pública.

A dona de casa Tatiana Portela enfrentou e ainda enfrenta problemas com a doença. "Precisei fazer um implante de uretra, usei um dreno cinco meses onde tive que retirar pedaços do intestino, da vagina e do reto. Depois disso fiquei com paralisia dos membros inferiores", disse.

Ela contou que até hoje precisa fazer fisioterapia lombar, urológica e da coluna cervical. Além disso, precisa de acompanhamento de médicos das áreas de urologia, proctologia e gastroenterologista.

A professora Edilene Macedo também participou da Endomarcha. Ela mora em São Gonçalo dos Campos. "Estou aqui defendendo essa causa, levantando essa bandeira, falando sobre a importância da conscientização e isso pode servir de alerta para os pais, mães e professores e de meninas adolescentes quando começa o período menstrual", esclarece.

Edilene disse que existem argumentos de que durante a fase menstrual a mulher sente dores e que isso é normal. Mas segundo ela, isso pode ser sintoma de endometriose.

O que e endometriose?

O médico radiologista Marcos Gomes, que apoiou a Endomarcha, disse que a endometriose é uma doença muito frequente na população feminina. "Estima-se que cerca de 10 a 15 por cento das mulheres na fase reprodutiva tem essa doença e que 30 a 40 por cento de mulheres inférteis tem como base a endometriose", afirmou.

O médico disse também que a doença pode incapacitar a mulher para o trabalho, a vida social, conjugal e tudo isso acaba mexendo com o psicológico da mulher.

Em termos biológicos a endometriose é uma doença que se caracteriza pela localização do endométrio que é um tecido fora do útero. O tecido em situação normal e dentro do útero é uma glândula produtora de hormônios.

A secretária de saúde Denise Mascarenhas, que participou da Endomarcha, destacou que esse tipo de movimento é importante por chamar atenção da comunidade. Ela esclarece que a doença quando descoberta a tempo é tratável. "Estamos vendo nessa marcha crianças que foram geradas com mulheres que tinham endometriose. Mas é uma doença que muitas mulheres não descobriram por ser silenciosa", disse.

A Endomarcha foi organizada pela psicóloga Layane Cedraz. Ela se diz feliz em realizar o evento no seu segundo ano. "Esse é um evento a nível mundial com a participação de mais de setenta países. Para nossa alegria o Brasil é o país com o maior número de cidades participantes. São 20 cidades que estão nas ruas e o Acre foi o primeiro estado que criou uma lei onde durante uma semana se fala sobre a doença", salienta.

Ela informou ainda que endometriose é uma doença que atinge uma mulher a cada grupo de dez e considera que e um número alarmante.

Em Feira de Santana, segundo Layane, estima-se que existam 30 mil mulheres com endometriose. "A nossa luta e intenção é que se tenha uma conscientização da doença e seus sintomas e que se instale serviço de qualidade com profissionais que possam acompanhar as mulheres com essa doença melhorando sua qualidade de vida", afirmou.

A Endomarcha teve o apoio da secretaria municipal de saúde, do médico Marcos Gomes, da vereadora Neinha Bastos e da Superintendência Municipal de Trânsito (SMT), que enviou agentes para controlar o tráfego de veículos durante a marcha.