Feira de Santana

Governo do Estado discute desapropriação de terras com moradores para ampliar aeroporto de Feira

De acordo com a vice-presidente da Associação, Maria Gorete, existe um impasse entre os proprietários de terrenos e o governo do estado, que ainda não estipulou os valores a serem pagos pelas terras.

Governo do Estado discute desapropriação de terras com moradores para ampliar aeroporto de Feira Governo do Estado discute desapropriação de terras com moradores para ampliar aeroporto de Feira Governo do Estado discute desapropriação de terras com moradores para ampliar aeroporto de Feira Governo do Estado discute desapropriação de terras com moradores para ampliar aeroporto de Feira

Laiane Cruz

Representantes da Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia (Seinfra) estiveram reunidos, na última sexta-feira (25), com moradores da Fazenda Retiro, que fica em torno do aeroporto João Durval, para tratar a desapropriação de terras no local.

De acordo com a vice-presidente da Associação, Maria Gorete, existe um impasse entre os proprietários de terrenos e o governo do estado, que ainda não estipulou os valores a serem pagos pelas terras.

“Até o momento, o único impasse que está tendo é que as pessoas querem saber qual o valor que vai ser pago ou por metro quadrado ou tarefa. Desde 2011, a gente nunca soube o valor, que é sempre questionado. Como os terrenos estão sempre em alta, por causa da valorização da área, como vamos liberar pra desapropriar e fazer uma avaliação sem saber o valor que vai ser pago e se vamos ter expectativa de poder comprar outro terreno?”, questionou Maria Gorete.

Segundo ela, são 31 famílias nessa situação e alguns terrenos chegam a valer até R$ 100 mil a tarefa. “A secretaria chegou com o questionamento de fazer um cadastro social, ir até a propriedade e pegar os documentos, fazer uma avaliação parcial, e se o proprietário concordar, assina que concordou, senão vai ficar pra que a PGE faça esse questionamento. Atualmente são 31 famílias. Aqui na área tem terrenos que estão sendo vendidos por metro quadrado, porque tem alguns que já têm IPTU, e outros são vendidos por tarefa, e tem locais que a tarefa chega a R$ 50 mil ou R$ 100 mil”, informou.

Diante do impasse com o governo do estado, a presidente da Associação cobrou uma posição, pois os moradores estão temerosos quanto ao valor de avaliação dos terrenos.

“Na realidade a gente está se reunindo pra ver o que vai ser decidido, se vamos permitir esse cadastro social, fazendo a avaliação, ver se vai valer a pena o valor que vai ser colocado pelo estado ou não. Os moradores estão com medo de fazer essa avaliação, porque já que não tem expectativa de valor como é que você vai vender uma mercadoria sem saber o valor que vai ser pago, já que muitos são agricultores?”, questionou. 

O produtor rural Adilson Nogueira Lago também demonstrou preocupação. Ele disse que foi solicitado junto ao Ministério Público o estudo de impacto social e ambiental, e a questão do risco viário, mas o estado ainda não deu uma resposta e todos estão aflitos.

“A associação dos moradores não está em desacordo com a expansão do aeroporto, temos que ver é a questão dos critérios, se vai ser feito por desapropriação, quais são os valores, pois o pessoal da infraestrutura sempre vem, mas não deixa as pessoas bem informadas. E foi perguntado a eles sobre a questão do requerimento, pois eles estiveram aqui há três meses e ficaram de repassar tudo junto ao Ministério Público, e até o momento não foi atendido”, destacou.

O arquiteto da Secretaria de Infraestrutura, Joselito Brito, esclareceu que a desapropriação acontece por interesse público, quando há necessidade de uma área passar para o controle do estado, e que resulte num bem público.

“No caso do aeroporto de Feira de Santana, que tem um terreno próprio com uma largura e um comprimento, não é possível instalar os instrumentos para que as aeronaves pousem e decolem com essa configuração. Então a Anac, que é o órgão federal de controle aeroviário, exige uma ampliação da área patrimonial do aeroporto, em torno de 150 metros para cada lado para ter a garantia da segurança de voo com os instrumentos”, explicou o arquiteto.

Ele salientou ainda que a avaliação dos terrenos só poderá ser feita após o cadastro. “No caso de um terreno de 10 hectares, se não tiver nenhuma propriedade, é fácil, pois será o valor da terra nua. Mas se tem um curral, uma indústria, uma pocilga, um galinheiro, é preciso que seja cadastrado para poder entrar na avaliação. Já foi feito um pré-cadastro, mas infelizmente ele não teve o detalhamento necessário e prejudicou que fizéssemos uma avaliação. Então está sendo refeito e esperamos que até o final desse mês, o técnico que está fazendo esse cadastramento, nos entregue esses dados e a partir daí teremos condição de fazer uma avaliação efetiva de cada lote individualmente.”

Joselito Brito esclareceu também que caso os proprietários não estiverem de acordo com a desapropriação não poderão fazer nada devido à legislação federal, que, segundo ele, é incisiva e diz que o bem público se sobrepõe ao bem privado. “Então se o estado precisa ampliar o aeroporto de Feira de Santana não adianta o proprietário dizer que não quer, será por lei. Em meados de fevereiro ou até antes faremos a avaliação”, completou.

Com informações e fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.


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