Feira de Santana

Gosto pelo desenho faz estudante do conjunto Viveiros trocar celular por lápis e papel

Com apenas 12 anos de idade, Marcos acredita que o dom do desenho pode lhe levar para alçar grandes voos.

12/10/2018 às 09h02, Por Andrea Trindade

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Rachel Pinto 

A tecnologia e o mundo digital estão cada vez mais presentes na sociedade e no dia a dia de crianças e adolescentes. A internet é um grande atrativo que permite mais dinâmica de acesso ao conhecimento e oferece ainda um leque de opções de lazer -Seja através dos games, aplicativos ou redes sociais. As tradicionais brincadeiras de rua e outros hobbys muitas vezes são deixados de lado e assim impera o mundo de possibilidades oferecidas pela web.

Vivendo neste contexto e a projeção de um sistema 4.0, o estudante Marcos Vinícius Oliveira, de 12 anos, da Escola Municipal Professor Antônio Lopes, do conjunto Viveiros em Feira de Santana, afirma que tem suas afinidades com a tecnologia, gosta e aprende muito com esse universo. No entanto, sua verdadeira paixão e seu grande hobby da infância é mesmo o fantástico mundo da imaginação, do lápis e do papel.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Marcos faz desenhos bem elaborados de vários objetos, personagens de filmes, desenhos, pessoas e animais. Começou a desenhar aos 8 anos e de forma autodidata. Nunca fez nenhum curso ou aula de desenho. O dom veio de forma espontânea e desde então conta com o apoio dos pais, familiares, professores e amigos.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Eu comecei a desenhar sozinho, por inspiração própria. Já assisti alguns vídeos na internet e aprendi técnicas de desenho. Gosto mais de retratar pessoas e o realismo. Na minha rotina eu vou para a escola, para o reforço escolar e quando estou em casa eu faço meus desenhos. Ficar no celular é bom, mas eu prefiro o papel e o lápis. Além de me distrair eu não fico na internet vendo violência ou coisas que eu não deveria ver. Eu acho o desenho muito mais legal”, disse em entrevista ao Acorda Cidade.

Marcos e sua relação de amor com o desenho e a arte chamaram a atenção do professor Bira Carvalho que trabalha com um projeto de incentivo ao esporte na escola e comunidade e conhece bem o garoto e toda a sua família. O professor relata que ficou encantado com o dom de Marcos e busca sempre incentivá-lo, conversando e mostrando que os caminhos da educação, da cultura e da cidadania permitem uma série de oportunidades na vida.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Para Bira, Marcos e tantos outros alunos que escolheram esses caminhos são exemplos para a comunidade do conjunto Viveiros e os outros estudantes da escola. Ele contou que o Viveiros é muito estigmatizado, sofre muito preconceito e as pessoas associam sempre o local a situações relacionadas às drogas e à violência.

“Eu que trabalho aqui há muitos anos, vivencio o dia a dia da comunidade e da escola sei que a realidade não é como a maioria das pessoas pensa que é. Aqui é um local distante, temos vários problemas, determinadas vezes somos esquecidos, temos muita dificuldade de acesso, mas eu não vejo situações de violência, de medo na escola. Nosso desejo é mudar esse olhar e para mim para isso acontecer é preciso que as pessoas acreditem e incentivem nossos talentos. Seja no esporte, na arte ou educação”, frisou.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Bira e os demais educadores da Escola Municipal Professor Antônio Lopes buscam contribuir para mudar esse conceito e mostrar que no conjunto Viveiros têm vários talentos que podem impulsionar transformações sociais.

Futuro

Com apenas 12 anos de idade, Marcos acredita que o dom do desenho pode lhe levar para alçar grandes voos. Ele comenta que sonha em ser um grande desenhista, quer aprender computação gráfica, mas faz questão de ressaltar que prefere o contato direto com o papel. Os olhos do pequeno artista mostram a sede de mergulhar pelas técnicas artísticas e cada desenho feito tem uma história e significado. Ele explica cada um com muito detalhismo e os guarda com muito capricho e cuidado em uma pasta catálogo.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

O menino desbravador dos riscos expressa olhar doce de criança ao mostrar com orgulho cada desenho feito. Ao mesmo tempo mostra maturidade e entendimento sobre as opiniões dos outros e como é importante o respeito à diversidade. Na escola recebe muito incentivo e apoio dos colegas para a produção dos desenhos e também lida diariamente com críticas.

Marcos lembra que já aconteceu de uma vez um colega rasgar um desenho que ele fez e isso apesar de lhe deixar chateado não lhe impediu de continuar fazendo o que tanto gosta.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Eu sei que nem todo mundo gosta do que eu faço. Sempre vai existir quem não gosta, como também muitas pessoas que vão elogiar e me incentivar. Eu não me importo com críticas. Tento levar numa boa, respeitar as opiniões e sei que não vale a pena brigar por isso”, comentou.

Entre alguns desenhos feitos por Marcos estão personagens do filme Piratas do Caribe, Chaves, humoristas, personalidades e também o radialista Dilton Coutinho.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

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