Feira de Santana

'Hora do Mamaço' reúne mulheres e apoiadores no Parque da Lagoa em Feira

De acordo com a enfermeira Lizandra Santos, os benefícios da liberdade de amamentar é conseguir manter o ciclo, que é o bebê mamar no momento em que ele requisitar.

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Foi realizado na manhã deste domingo (5) um ‘mamaço’, que foi aberto a todas as mães em fase de amamentação e familiares. O evento ocorreu no Parque Erivaldo Cerqueira (Parque da Lagoa), como parte das comemorações pela Semana Mundial de Aleitamento Materno.

A enfermeira do Banco de Leite do Hospital Geral Clériston Andrade, Lizandra Santos, que foi uma das organizadoras do ‘mamaço’, informou, em entrevista ao Acorda Cidade, que o encontro teve como objetivo trazer pra o público a importância da amamentação.

“Ainda há muito tabu em torno da amamentação em público. É necessário um equilíbrio nessa forma de pensar. O aleitamento materno exclusivo, que é de 0 a 6 meses, deve ser feito a qualquer momento que o bebê requisitar, então não importa o local em que a mãe esteja, ela deve ser respeitada. Inclusive, muitas mães procuram não se expor muito, ao proteger a mama, porém é um ato natural. Infelizmente, ainda existem pessoas que olham de forma diferenciada e criticam. Isso acaba inibindo a amamentação, que deve ser espontânea”, afirmou a enfermeira.

De acordo com Lizandra Santos, os benefícios da liberdade de amamentar é conseguir manter o ciclo, que é o bebê mamar no momento em que ele requisitar, uma vez que, para o bebê de 0 a 6 meses só é indicado o consumo do leite materno.

“Ele não deve beber água, chá, por isso ele tem uma demanda maior e quando ele sente sede, ele requisita, e a mãe tem que estar livre para oferecer quantas vezes for necessário o leite materno. Por vezes até a família traz pensamentos e opiniões que acabam inibindo e impedindo a mulher de amamentar, pois acreditam que o leite está fraco e, se a criança chora muito, atribui que não está conseguindo saciar a fome. Mas, na verdade, se a mulher conseguir amamentar livremente, quantas vezes o bebê requisitar, dificilmente esse bebê estará chorando por fome”, esclareceu.

A enfermeira destacou ainda a importância de a família participar do pré-natal junto com a gestante e obter informações para poder apoiá-la.

“Que as pessoas passem a abrir mais mão das heranças culturais do passado de que o leite é fraco, que não sustenta, que precisa de um engrossante. Por quanto mais tempo a mulher amamenta menor é o risco de ela desenvolver câncer de mama, no pós-parto ela terá uma contração uterina maior e o sangramento do pós-parto vai diminuir, e para o bebê, o leite não serve só como alimento, mas principalmente como vacina, e também o ato de mamar estimula os ossos da face, que fazem com que o bebê desenvolvam a fala de modo mais rápido e mais efetivo”.

A psicóloga Luciana Almeida, que participou do mamaço com a filha de 2 anos, ressaltou que a amamentação é um momento de vinculação, de alimento, conexão, e busca fortalecer a relação mãe e filho. Ela contou ainda que já enfrentou o preconceito e situações delicadas por continuar amamentando a filha após um ano de idade.

“Depois que a criança faz um ano, as pessoas têm muito preconceito e comentam que não precisa mais, que o leite não nutre mais, que a criança já está grande pra mamar, então isso é uma situação constrangedora, que fere a decisão da mãe de continuar amamentando”.

Para a psicóloga é preciso reforçar ainda mais a importância do aleitamento materno, pois, segundo ela, no Brasil, a média de aleitamento materno exclusivo são só 54 dias.

“A Organização Mundial de Saúde preconiza que seja até seis meses, para que as crianças possam ter o máximo benefício e se desenvolver de forma plena, saudáveis. No caso de impedimento, há as fórmulas infantis, mas o aleitamento materno é o principal nutriente. Por isso, é muito importante buscar ajuda desde a gestação, ler muito sobre a amamentação, buscar ajuda profissional. Existem muitos consultores de aleitamento, e também buscar os bancos de leite”, frisou.

O marido da psicóloga Luciana Almeida, Gabriel Ferreira disse que sempre participa do ‘mamaço’ junto com a esposa. Eles têm duas filhas.

“Sou artista visual e percussionista, então direciono meu trabalho também para esse tipo de movimento. A ‘Hora do Mamaço’ é um momento pontual, mas a discussão se estende pelo ano inteiro. E eu imagino que não só para as mulheres que estão integradas ao movimento e têm acesso ao conhecimento isso possa ser uma regra, mas que se estenda a outras mulheres, da periferia, que comandam suas residências, e que precisam ter tempo para amamentar”.
 

Com informações e fotos do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.