Laiane Cruz
O presidente Michel Temer se reuniu na semana passada com chefes de Estado da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) em Cabo Verde, onde também conversou com o presidente cabo-verdiano, Jorge Fonseca, sobre a situação dos velejadores brasileiros condenados a 10 anos de prisão por tráfico internacional de drogas naquele país.
O deputado Antonio Imbassahy fez parte da comitiva que busca a apelação da condenação dos velejadores baianos Rodrigo Dantas, de 25 anos, e Daniel Dantas, de 44 (que não são parentes), além do gaúcho Daniel Guerra, de 37. Entre eles está também o capitão Olivier Thomas, de 50, que é francês.
De acordo com Imbassahy, ele foi procurado em dezembro do ano passado por João Dantas, pai do velejador Rodrigo Dantas, e se comprometeu a entrar no caso, como deputado federal, somente de constatasse a inocência dos acusados.
“A partir daí, fiz articulações com o Ministério da Justiça, com a Polícia Federal, com o próprio Dr. Galouro, que é o diretor-geral da Polícia Federal, que me passou informações da inocência dos velejadores. A PF fez uma moção de repúdio, junto ao poder judiciário de Cabo Verde, porque não foi considerado o inquérito feito pela polícia federal daqui. Procurei também o ministro da Segurança Pública, o ministro das Relações Exteriores e até o próprio presidente da República. Fiz uma articulação ampla, envolvendo os ministérios e a própria presidência”, informou Imbassahy.
Segundo o deputado, o Estado Brasileiro está mobilizado pela proteção dos brasileiros, que já estão há 11 meses presos em Cabo Verde. Ele reafirmou que o inquérito feito pela Polícia Federal do Brasil aponta na direção da inocência dos velejadores.
“O que é que aconteceu? Existem empresas internacionais que fazem contratação de velejadores para transportar embarcações de um país para outro. O fato é que o Rodrigo Dantas, especificamente, se habilitou para fazer o transporte desse veleiro e conseguiu passar no processo de seleção. Então, ele, o Danilo Dantas (não são parentes) e o Daniel Guerra pegaram o veleiro na Bahia e levaram com destino à Açores. Em Cabo Verde, teve um problema no motor, eles pararam e lá em Cabo Verde teve uma denúncia da inteligência que cuida dessa questão do tráfico internacional de drogas. A polícia foi até a embarcação e identificou que tinha lá havia uma tonelada e quase duzentos quilos de cocaína. Eles foram apreendidos, ficaram na Ilha de São Vicente e foram julgados e condenados a dez anos de pena”.
O deputado destacou ainda que a Polícia Federal brasileira é acreditada dentro e fora do Brasil, e tem um relatório que indica que eles são inocentes. No entanto, esse relatório não foi levado em consideração pelo Ministério Público de São Vicente, em Cabo Verde, e nem pelo juiz que julgou a questão. “Então, é importante que esse relatório seja considerado, porque assim, eu tenho a mais absoluta convicção que esses jovens serão inocentados”.
O deputado federal disse também que durante a visita a Cabo Verde conversou pessoalmente com os velejadores, com a família deles e os advogados. “Fui à cadeia de São Vicente, conversei com a diretora da cadeia e conversei com eles também. Pude constatar que eles estão bem, estão em boas condições e inconformados porque caíram numa cilada armada por uma quadrilha internacional. Cabe agora ao tribunal de justiça de Cabo Verde, fazer uma revisão e prosseguir na libertação dos velejadores”.
Revisão do processo
O deputado federal Antonio Imbassahy informou que após a reunião o presidente de Cabo Verde se comprometeu em acompanhar o processo, o que abre uma nova perspectiva de soltura dos brasileiros.
“Cabo Verde tem um regime democrático, como o Brasil. Cada um dos poderes tem a sua autonomia. Essa foi uma tarefa que fizemos com muito cuidado, respeitando a soberania de Cabo Verde e a autonomia dos poderes. Eu tive a oportunidade de conversar, ao lado do presidente Temer, com o presidente de Cabo Verde e ele nos garantiu que a partir daquele momento iria acompanhar o processo com muito mais atenção e devo lhe dizer também que eu fui procurado pelo ministro de negócios exteriores e comunidades, o Luís Felipe Tavares, de Cabo Verde, que disse estar muito atento à questão. Então, eu acho que abriu um ambiente novo com a perspectiva de se levar em consideração o inquérito e a posição da polícia federal do Brasil”.