Andrea Trindade
Após 14 horas de julgamento, no Fórum Desembargador Filinto Bastos, Otávio Gomes da Silva Neto, foi
condenado, ontem (5), a 13 anos e seis meses de prisão pelo assassinato de Jullyanderson Ellan da Silva Castro (foto), 21 anos, e a dois anos e dois meses pela tentativa de homicídio contra o pai da vítima, Waldemir do Vale Castro, totalizando 15 anos e oito meses de reclusão.
O crime, motivado por ciúmes, ocorreu no dia 9 de setembro de 2010, em Feira de Santana, na loja do pai da vítima, localizada no bairro São João.
O réu, que ficou preso por apenas um ano, passou sete anos respondendo o processo em liberdade e teve concedido o direito de recorrer da sentença também em liberdade. Atualmente Otávio mora em São Paulo, onde trabalha e faz faculdade.
A promotora Semiana Cardoso, disse que o Ministério Público já esperava essa sentença de mais de dez anos porque havia provas do crime praticado.
“O Ministério Público pediu para retirar uma qualificadora, na tentativa de homicídio, por entender que o crime não teria sido praticado por motivo torpe em relação ao pai da vítima, visto que a intenção dele era só relacionada a Jullyanderson, por causa do ciúme. E por essa razão o Ministério Público pediu apenas a condenação por homicídio simples e, portanto, ficou a pena na medida exata”, explicou a promotora informando que o réu vai recorrer em liberdade porque a juíza entendeu que enquanto estava em liberdade ele não apresentou nenhum perigo aos familiares da vítima.
A Defensora Flávia Apolônio disse ao Acorda Cidade que vai pedir a anulação do julgamento por entender que a vítima agiu em legítima defesa.
“Os jurados entenderam que essa condenação seria a decisão mais acertada, mas eu discordo porque Otávio agiu em legítima defesa. Ele vinha sido ameaçado gravemente pela vítima por nove meses, e o comportamento dele foi acobertado pela legítima defesa então o resultado da condenação não é o justo no nosso entendimento. Por isso vamos recorrer e pedir que este julgamento seja anulado, e vamos pedir um novo julgamento", disse a defensora informando que a tese defendida foi de legítima defesa antecipada, com argumentos subsidiários e retiradas de qualificadoras.
A mãe da vítima, Maria Zélia da Silva Castro, disse que não ficou satisfeita com o resultado porque esperava que Otávio já iria direto para o presídio. O pai também disse que não estava satisfeito.
“A gente vê uma pessoa dessas, que tirou a vida do filho da gente, ser condenada, mas ao mesmo tempo sair livre, porque ele vai recorrer em liberdade. No dia do crime meu filho ficou o dia inteiro trabalhando comigo na loja. Ela (a defensora) disse que meu filho o ameaçava todos os dias por nove meses, quer dizer então que meu filho não trabalhava? Era vagabundo? Isso não existiu. Ele trabalhava o dia inteiro comigo”, lamentou.
O Crime
No dia do crime Otávio foi armado até a loja do pai da vítima e após uma discursão sacou a arma e atirou. O pai de Jullyanderson tentou mobilizar Otávio, o feriu com uma garrafada, mas foi atingido por um tiro de raspão disparado pelo acusado, que em seguida foi contido, espancado por populares, e preso após atendimento médico no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA).
Otávio foi autuado em flagrante e ficou preso no Conjunto Penal de Feira de Santana por um ano, como já mencionado, até ser liberado para responder o processo em liberdade. Enquanto aguardava o julgamento, ele recebeu autorização para deixar sua residência no bairro Tomba para morar no estado de São Paulo.
Quando foi preso, Otávio alegou arrependimento e disse que a rivalidade entre ele e a vítima nasceu um ano antes do crime após terem conhecido uma garota. Na época o acusado disse ainda que Jullyanderson o ameaçava de morte, que a vítima tentou atropelá-lo com uma motocicleta e que ainda foi agredido com um soco durante a micareta.
“Na semana do crime, eu ainda tentei falar com ele através de MSN e de e-mails, mas não recebia respostas. Foi então que cometi o erro de ir até a loja do pai dele armado. Quando cheguei, perguntei o que ele queria comigo. Depois me empurrou e eu perdi a cabeça, saquei a arma da cintura e deflagrei os tiros. Larguei o revólver no chão e sair correndo, mas o pai e o irmão me pegaram”, contou o acusado na época em que foi preso.
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Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade