Glauco Wanderley
Carlos Geilson e Dilton Coutinho. Os dois radialistas que desde meados da década de 90 disputam a audiência matinal entre 6 e 9 da manhã, agora estão no centro das especulações políticas para a eleição de 2012. Ambos como prováveis candidatos a prefeito, possibilidade que nenhum dos dois confirma, nem descarta.
A rivalidade no rádio parece ter ficado para trás na política, já que partiu de Geilson, eleito deputado pelo PTN, um convite para ingresso do colega Dilton no partido. Embora ainda não tenha construído uma retaguarda política sólida para sustentar uma candidatura a prefeito, Geilson pode se valer da popularidade conferida pelo rádio para se lançar. A capacidade de transformar a popularidade em votos ficou sob suspeita em 2006, quando não conseguiu se eleger.
Mas em 2010 veio a compensação com sobras, pelo fato de que ele se elegeu deputado graças exclusivamente aos votos obtidos em Feira, façanha que sem dúvida é difícil de alcançar.
Mesmo assim o raciocínio natural seria que ainda não é a vez de Geilson tentar a prefeitura e que deveria aguardar na fila do seu grupo político. O problema é que os contornos deste grupo estão ficando muito indefinidos.
Quem é o grupo político e o que pretende?
Tarcízio sofre com a concorrência interna, já que supostos aliados, como José Ronaldo e Fernando Torrres, surgem no horizonte como ameaças. Ronaldo diz que é cedo para falar, mas até o gado do Campo do Gado, à beira do abate, acha que ele será candidato. Torres adotou postura de adversário na eleição para presidência da Câmara, ao querer impor Ronny como presidente, em detrimento de Ribeiro, nome escolhido pelo prefeito. Depois, Torres acabou admitindo que pode também se lançar em 2012.
A maior liderança do DEM, ACM Neto, ameaça sair do partido, e se isso ocorrer ninguém sabe o que será do DEM. Tarcízio fez críticas públicas ao seu atual partido, vive flertando com o governo do estado, já admitiu procurar outro rumo e como detentor da máquina, na condição atual de chefe do Executivo feirense, legendas interessadas em seu passe não faltarão.Um convite já veio, também de Geilson e do PTN, feito ao vivo, durante o programa do radialista deputado. O prefeito, naturalmente, disse que é cedo e de fato não precisa ter pressa, embora o assunto frequente sua lista de preocupações permanentes.
De qualquer modo, a oferta deu origem a uma nota no blog do Jair Onofre, que inspirou outra do Bahia Notícias, site de grande audiência no estado e que levou definitivamente o nome do radialista Dilton Coutinho ao centro das especulações, já que este também é apontado ali como possível candidato. Agora a especulação já não está restrita a Feira de Santana.
Falta a Dilton a tarimba do tempo de militância política que Geilson possui. Mas sobra-lhe popularidade e carisma. A princípio ele diz que não quer. Mas admite que a proposta é tentadora. “Qualquer um se sente feliz quando é lembrado, não sou hipócrita de não demonstrar satisfação de ser lembrado”, disse no programa desta quarta (29).
Se no tempo limite de filiação partidária para eventuais candidaturas (um ano antes das eleições) o nome de Dilton aparecer bem cotado nas pesquisas, ele pode reconsiderar. Desde que tenha também a segurança de uma sólida estrutura de apoio.
Geilson é um radialista que sempre teve pretensões políticas e usou o rádio como trampolim.Dilton tem o rádio como vocação principal e por se dedicar a ele com paixão e profissionalismo, conquistou alta popularidade que agora o torna um potencial candidato. Porém, receia colocar em risco o prestígio obtido como comunicador e terá dificuldade de trocar o certo pelo duvidoso, pois sabe que política não tem volta.
Um fator a ser considerado por pré-candidatos e analistas é que a grande fragmentação do cenário, com o racha do que um dia já se chamou grupo de José Ronaldo, amplia as chances de pretendentes novos e de veteranos que nunca venceram, como Colbert e o candidato do PT, seja Zé Neto ou Sérgio Carneiro.
Fonte: Dia Feira