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As editorias de economia nos jornais publicados na primeira quinzena de dezembro foram inundadas pela queda na taxa Selic que chegou ao menor índice (7% ao ano) desde sua criação, em 1999. Foi a décima queda consecutiva. A última vez que esta taxa ficou em um patamar tão baixo foi no primeiro governo de Dilma Rousseff quando chegou a 7,25% ao ano. Desde então, a taxa passou a subir gradativamente e chegou a 14,25%, índice que se manteve por mais de um ano, até que começou a cair de maneira contínua a partir de janeiro de 2017.
Declarações recentes de membros da cúpula econômica do governo federal dão mostras de que em breve deve ocorrer nova queda na Selic, principalmente se o governo conseguir aprovar a Reforma da Previdência que deve ser votada no início do ano que vem. Estas quedas contínuas interferem diretamente desde as negociações na Bolsa de Valores de São Paulo até o bolso de trabalhadores da construção civil, mas muitos brasileiros ainda não tem essa noção.
O que é taxa Selic?
A sigla Selic significa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia e nada mais é do que taxa básica de juros da economia brasileira e que serve de base para todas as outras taxas. Em resumo, são os juros pagos pelo governo quando ele pega dinheiro do mercado – principalmente para financiar seu déficit – o que já acontece há mais de duas décadas. Ela possui lastro em títulos públicos do governo federal e seus índices são definidos em reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) que se reúne a cada dois meses. Seu cálculo é baseado em especulações do mercado financeiro que se modificam diariamente.
Significado desta redução
Um dos efeitos mais claros é incentivar o consumo já que, quanto menor a taxa, menor os custos de operações financeiras tanto de pessoas físicas quanto jurídicas. Isto ajuda a desenvolver a indústria e consequentemente crescem as oportunidades de emprego. Por outro lado, com mais pessoas gastando, a tendência é que a inflação se eleve. Já uma Selic alta faz o efeito inverso: menos pessoas gastam, a atividade econômica se retrai – geralmente levando a demissões – e os preços gerais (inflação) tendem a cair.
Influência nos investimentos
E como a queda da Selic pode influenciar diretamente em seus investimentos? A primeira atitude que você deve tomar neste cenário é tirar seu dinheiro das cadernetas de poupança, já que o rendimento neste tipo de fundo é baseada na Selic. Esta atitude é um desafio para a maior parte da população brasileiro, como mostra pesquisa recente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, concluindo que 76% dos brasileiros dão preferência para a poupança como forma de investir o dinheiro.
Bolsa de Valores
Mas a notícia boa é que a Bolsa de Valores torna-se uma ótima opção. Afinal, uma vez que o consumo é incentivado em um cenário com a Selic baixa, aumenta a produtividade das empresas e os seus lucros, o que acarreta em ganho de valor das ações. E mais do que isso: com a melhora do cenário econômico, os investidores não têm mais tantas desconfianças em relação ao Brasil e decidem fazer investimentos na Bolsa, o que valoriza as ações das empresas de maneira geral.
Outra tendência que se deve observar com a redução contínua da Selic é o aumento na oferta de empréstimos por parte dos bancos. Afinal, com a melhora nos índices econômicos, há uma forte percepção de que o risco de calotes das famílias e empresas vai diminuir diante da criação de novos empregos e com o aumento da renda.
Ao mesmo tempo, os juros de financiamento imobiliários vão caindo paulatinamente. Neste caso a redução demora um pouco mais já que são valores altos e de longo prazo e a Caixa Econômica Federal demora para acompanhar a Selic e reduzir seus juros. Portanto, investir em imóveis também vai se tornar uma boa fonte de renda nos próximos meses.