Política

Presidente da Câmara de Feira diz que crise política não afetou os vereadores

Durante a entrevista, ele fez um balanço das suas ações à frente da Casa Legislativa e falou sobre a realização do concurso da Câmara.

Presidente da Câmara de Feira diz que crise política não afetou os vereadores Presidente da Câmara de Feira diz que crise política não afetou os vereadores Presidente da Câmara de Feira diz que crise política não afetou os vereadores Presidente da Câmara de Feira diz que crise política não afetou os vereadores

Laiane Cruz

O presidente da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, o vereador José Carneiro, que assumiu o mandato em agosto deste ano, foi o entrevistado do quadro ‘Sala do Povo’, no programa Acorda Cidade, na Rádio Sociedade de Feira. Durante a entrevista, ele fez um balanço das suas ações à frente da Casa Legislativa e falou sobre questões como o pagamento do 13º salário para prefeito, vice, secretários e vereadores, e a realização do concurso da Câmara, que ainda está aguardando uma decisão judicial. O vereador ainda disse, durante a entrevista, que a crise política que se instalou no Brasil não afetou os vereadores, que estão sempre em contato com povo nas ruas. Confira a entrevista na íntegra:

Acorda Cidade – Quais são os principais desafios de presidir a Câmara de Vereadores de Feira de Santana?

José Carneiro – Eu assumi a presidência da Câmara em decorrência do falecimento do vereador Reinado Miranda (Ronny). Encontrei algumas dificuldades porque já havia lá uma equipe pronta e afinada com o Ronny. Então eu fiquei um período em que não mudamos quase nada. Mas assim que a poeira foi assentando, começei a levar pessoas que também se identificaram comigo, como o Joilton, o Wellington Andrade, e comecei a montar a equipe. O nosso desafio é um bom relacionamento com a imprensa, a sociedade de um modo geral, com os vereadores principalmente, e é isso que estamos tentando manter. Eu acredito que estamos com um relacionamento aberto, com muita franqueza e a transparência, que é algo sem dúvida engrandece o homem público.

 

Acorda Cidade – O senhor se sente preparado para essa função?

José Carneiro – Me sinto, tranquilamente. Tenho certeza que mesmo não sendo graduado, sou uma pessoa experiente, tenho 56 anos, já passei por dificuldades diversas, conheço as questões e estou envolvido na política desde 88. Então tenho idade suficiente e uma experiência vasta para administrar a Câmara de Feira. Acredito até que a gente vai resgatar a credibilidade que nós perdemos junto à sociedade. Eu uso a frase que ‘Político é um produto deteriorado no país’. Agora, temos que fazer a seguinte observação: o vereador é o político mais próximo da comunidade e não perdeu essa credibilidade porque ele está na periferia, conversando com as famílias. A gente liga o rádio e ouve que prenderam um senador, deputado perdendo mandato, etc. O povo tem razão em dizer que político é ladrão, só não está certo quando generaliza, porque existem pessoas boas na política, e o apelo que eu faço é pessoas boas, honestas e corretas venham fazer política, porque se não vierem, não vão ocupar o espaço desses que vão fazer para enriquecer ilicitamente e usufruir do erário público.

 

Acorda Cidade – O que provocou esse momento de tanto desgaste na política?

José Carneiro – A gente sabe que a corrupção existe no país ao longo de anos, e eu acredito que com a abertura do governo petista, de Lula para cá, foi onde a gente ouviu mais escândalos nesse país. No governo Lula, nós tivemos a questão do petróleo. Recentemente, vimos o que aconteceu com a Petrobras, de pessoas que nós confiávamos. Eu acho que o Brasil sai dessa situação, pois é um país rico. Agora nós precisamos conscientizar a população, em especial a nordestina, que não pode jamais trocar o seu voto por um quilo de sal e, acima de tudo, buscar informações sobre em quem está votando. É importante que o brasileiro tenha consciência do seu voto de confiança, porque ele é fundamental e, se errar, só pode tentar consertar quatro anos depois. Mas, como eu disse, os vereadores não sofreram com esse desgaste, porque nós convivemos com a população.

 

Acorda Cidade – O vereador Roberto Tourinho rompeu com o prefeito José Ronaldo, por alegar interferência dele na eleição para presidência da Casa. Houve essa intervenção?

José Carneiro – Quero primeiro dizer que não tenho nenhum problema de relacionamento com o vereador Roberto Tourinho, tenho por ele uma admiração grande e uma convivência extraordinária. E os arranhões que nós tivemos, como candidatos, já superamos e hoje temos um excelente relacionamento. Agora, se José Ronaldo estava torcendo pela minha candidatura, só ele pode responder, mas eu espero que sim. Tenho com Ronaldo um grande relacionamento e um grande respeito. O vejo como uma das maiores lideranças desse estado, pois da cidade ele já é, e pra mim será sempre uma honra ter com ele afinidade e convivência, tanto que fui convidado para ser seu líder e lá permaneci por dois anos. O que eu acho é que Roberto Tourinho não está rompido com o governo. Ele é um homem independente, exerce o seu mandato, agora rompido eu confesso que desconheço.

 

Acorda Cidade – Então, não foi o prefeito que articulou a sua candidatura?

José Carneiro – De maneira alguma. Nós estávamos aptos a votar e sermos votados. Quando aconteceu o falecimento do vereador Ronny, alguns saíram na frente, como o vereador Tom, Marcos Lima, e só no domingo, depois do sepultamento, eu liguei para o prefeito e disse: ‘Prefeito, eu pretendo ser candidato. O senhor tem alguma coisa contra?’, e ele disse: ‘Não. Vá à luta!’. E aí começamos a ganhar corpo e a minha dificuldade maior foi convencer o vereador Marcos Lima a abdicar da candidatura dele para me apoiar. Conseguimos mostrar a Marcos que nós tínhamos condição e ele foi muito correto, e assumiu que nos apoiaria.

 

Acorda Cidade – Entre os projetos apresentados pela Câmara, o que mais chamou a atenção foi o que prevê o 13º salário para os vereadores. Quanto entra em vigor?

José Carneiro – Em 2018. Na verdade, o 13º para prefeito, vice, secretários e vereadores foi uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STJ). Antes nós já tínhamos feito uma consulta ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), para obter informações sobre a legalidade da instituição do 13º salário, mas o tribunal demorou um pouco de dar esse parecer. A maioria das cidades do Brasil pagou o 13º salário em 2017. Feira de Santana não pagou e não vai pagar 13º em 2017. Nós temos orçamento pra isso. Basta apenas pedir uma antecipação de repasse à prefeitura e pagaria se fosse o caso, mas nós entendemos que é um momento ruim na política e antecipar recursos de 2018 para pagar o benefício não soaria bem.

 

Acorda Cidade – O senhor acha justo o pagamento décimo?

José Carneiro – Acho, porque todo trabalhador brasileiro recebe o 13º.

 

Acorda Cidade – A Câmara realmente vai realizar o concurso?

José Carneiro – O concurso da Câmara é o calcanhar de Aquiles de todos os presidentes que tentaram. E nós agora estamos empenhados nessa questão. Quando assumi a presidência da Câmara, no dia 21 de agosto, nós encontramos lá uma licitação pronta, já homologada, e tomamos algumas posições. Primeiro, buscamos informações a respeito da empresa, acompanhamos os fatos e posso lhe assegurar que o processo licitatório foi autorizado em dezembro de 2015 e concluído em março de 2016. Mas o vereador Ronny não homologou e só no dia 4 de janeiro de 2017, ele homologou a licitação. No dia 10 de agosto, ele faleceu sem ter assinado o contrato, então eu concluí que tinha alguma coisa errada, comecei a buscar informações e decidi que não ia colocar minhas digitais numa licitação dessa, porque encontramos provas que a empresa não tem conhecimento e credibilidade para realizar o concurso. E todas as instituições que nós estamos buscando são respeitadas no Brasil. Nós já temos quatro propostas, mas tomei conhecimento que a empresa MSM entrou na Justiça para fazer o concurso. A Justiça pode até determinar que a gente tem que fazer o concurso com essa empresa, mas não pode determinar que a gente faça o concurso, e na minha gestão tenham certeza que não farei com essa empresa.

 

Acorda Cidade – Por que a Câmara Municipal resolveu limitar a concessão de outorgas?

José Carneiro – Fizemos um levantamento e encontramos lá 36 tipos de honrarias. Formamos uma comissão com diversos vereadores e eles entenderam que nós devemos reduzir o número de honrarias e valorizar as honrarias da Câmara, porque se a gente tem uma quantidade e aproveita para prestigiar e homenagear pessoas merecedoras valoriza muito mais a honraria.

 

Acorda Cidade – É verdade que a Câmara está tentando implantar uma TV aberta?

José Carneiro – A Câmara de Feira já possui um sinal de TV aberta e nós estamos lutando para implantar, mas dependemos exclusivamente de recursos. Eu acredito que vamos gastar em torno de R$ 700 mil para implantar a TV Câmara de Feira de Santana, no canal aberto, o número 34, liberado pelo Ministério das Comunicações. Esse é um dos projetos que vamos tentar concluir em 2018. Hoje não temos o dinheiro em caixa, mas estamos buscando.