Saúde pública

Em Feira de Santana, secretário de Saúde de SP diz que é possível zerar filas nos postos: 'O que falta para isso é gestão'

Wilson Pollara acredita que o SUS não é um sistema falido, mas sim que ele nunca foi implementado da forma como foi idealizado.

Andrea Trindade

Não precisar ter que dormir em frente as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), dos bairros, é o desejo de muita gente que depende do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mas zerar estas filas é um desafio que pode ser vencido com gestão adequada e direcionada para este fim. A afirmação é do Secretário de Saúde da cidade de São Paulo Wilson Pollara, que esteve em Feira de Santana, no último sábado (28), palestrando no II Fórum de Conscientização Política, realizado no Hotel Atmosfera. 

Ele informou que o prefeito de São Paulo João Doria cumpriu com o que prometeu pouco tempo depois de assumir o mandato: zerar, em 90 dias, a fila de 450 mil exames médicos herdada da gestão passada. Para isso foi criado o projeto Corujão da Saúde, que chamava pessoas que estavam a espera do atendimento, para fazer exames fora do horário comercial.

“Conseguimos eliminar as filas. Hoje não tem mais fila em São Paulo para marcar o exame, e nós temos 500 mil pessoas que foram atendidas em 80 dias, isso foi realmente um grande feito da gestão do prefeito Dória e estamos progredindo agora para o Corujão da Cirurgia e o corujão para os exames complexos como endoscopia – que precisam da presença do médico. O Corujão da Saúde realiza exames de imagem. Neste serviço um técnico pode coletar imagem e fazer o exame, e o médico, na sala de laudo, dá o laudo”, explicou.

Mas reforçando a questão da gestão direcionada, só bastou a prefeitura diminuir o ritmo para as filas voltarem a crescer como foi noticiado em jornais de alcance nacional.

Wilson Pollara disse ao Acorda Cidade, que 80% das pessoas que vão para as recepções dos prontos-socorros não deveriam estar lá. “Elas podiam perfeitamente serem atendidas nas UBS perto de suas casas, se as UBS funcionassem adequadamente. “Então a primeira coisa a fazer é segurar essa enchente. Temos que fazer o atendimento adequado na UBS para que o paciente não precise sair da unidade perto de sua casa, e ir para outros lugares. Esse é o segredo”, disse.

O secretário também citou como exemplo de solução já implantada no estado de São Paulo, a Carreta Ambulante – projeto criado pelo médico Roberto Kikawa.

“São carretas nas quais são realizados atendimento de várias especialidades. Você marca o exame através da UBS aí nós mandamos a carreta para os locais onde têm maior necessidade. A carreta fica de quatro a oito semanas no local, e acaba com a necessidade de filas de forma simples”, disse Pollara em entrevista ao Acorda Cidade.


SUS

Para o secretário, o principal desafio da saúde no Brasil é aplicar o SUS da forma como foi planejado em 1990. “Fazer regionalização, fazer com que as UBSs atendam adequadamente, reformar a rede de atendimento, e fazer as referências e contra-referências a partir da unidade básica para seguir até o hospital de alta complexidade. Este é o maior desafio do Brasil”, opinou.

Wilson Pollara acredita que o SUS não é um sistema falido, mas sim que ele nunca foi implementado da forma como foi idealizado.

“O SUS é viável. Não falta dinheiro, não faltam médicos e não faltam leitos, o que falta é gestão. O principal problema é você colocar as pessoas nos lugares adequados, dizer para as pessoas onde ela tem que ir, avaliar a eficiência do hospital, saber se aqueles médicos, aqueles funcionários, e aqueles equipamentos estão adequados e dimensionados para aquela região”, disse.

Em sua palestra o secretário abordou o tema “Do INSS ao SUS, passado presente e futuro”.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade