Acorda Cidade
Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que professores de escolas públicas podem pregar os ensinamentos de uma religião específica na sala de aula. Segundo a decisão, a adoção de um modelo confessional de ensino não trará conflito para a laicidade do país, uma vez que a disciplina deve ser ofertada em caráter facultativo.
(Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade)
O coordenador de Arte e Cultura do Conselho Regional Espírita, Carlito Moreira, a questão de ensinar uma religião específica é que em cada escola tem alunos de todos os segmentos. Desse modo, deve acontecer aula nas escolas de religiosidade, que independe de uma religião específica, porque o aluno pode ser evangélico, católico, espírita ou não ter nenhum outro segmento.
“A religiosidade é o encontro da criatura com o criador, onde se trabalham várias áreas. Agora, você tendenciar é complicado. Então acreditamos que o melhor é ser religião no sentido de religiosidade, porque aí você vai ter questões relacionadas à moral, questão de boas maneiras, ética, respeito humano e com os direitos. Agora se determinada escola é evangélica, outra é católica, quem estuda lá sabe que vai ter aula de religião católica, evangélica ou espírita. Mesmo assim, deve se respeitar a denominação de cada participante. O STF deveria respeitar o alunado de todos os segmentos”, afirmou Carlito Moreira.
(Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade)
Já o pastor evangélico Demilton Tosta avaliou que a decisão do STF é apenas uma confirmação do que está previsto na Constituição, onde no artigo 210 diz que é obrigatório o ensino religioso e facultativo à matrícula e que o ensino religioso tem que existir, por uma questão de ética, tolerância, ensinados nas religiões, os quais devem ser orientados às crianças.
“Segundo a Bíblia, o ensino religioso deveria ser de pai para filho, mas quando a gente vê uma família desestruturada como em nosso país e famílias mudando seu rumo, e as consequências que isso tem causado à sociedade, acaba-se transferindo a responsabilidade de um para outro órgão que não teria responsabilidade nenhuma sobre isso. Porque não é responsabilidade do professor ou do governo ensinar sobre Deus. O ensino religioso seja ele através do cristianismo ou de outra religião traz um ensino que deveria ser dado na família”, opinou.
(Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade)
Representando a igreja católica, o arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanone Castro, considera que a decisão do STF contradiz a experiência e a caminhada do ensino religioso no Brasil, onde os melhores pensadores concordam que não deve haver um ensino confessional nas escolas.
“A religião nesse país global, secularizado e laico, embora de tradição cristã, da reforma, espírita e petencostal, a fé deve ser proposta e não imposta. E no espaço da escola seria para refletir a religiosidade com os temas de valores maiores e não uma profissão de fé. O problema aqui é a confessionalidade. É difícil porque há um retrocesso muito grande nessa decisão. Essa decisão não contribui para o diálogo e uma reflexão mais ampla e global do respeito para com a tradição dos outros. Nós temos que zelar em nossas igrejas pela nossa identidade, mas isso não quer dizer que temos que impor a todos uma confissão”, declarou o arcebispo.
(Foto: Orisa Gomes/ Acorda Cidade)
A professora Lucila Ferreira diz que é um assunto que está sendo muito debatido entre os professores. Na opinião dela, a decisão do STF foi insensata e impoderada. Ela acredita que as escolas não agirão com imparcialidade. “Isso é tarefa dos pais, e cada qual com a sua religião que oriente os seus filhos. A escola tem que assumir a tarefa dela, que é a formação do cidadão. Agora, o que está acontecendo ultimamente é que os pais não estão assumindo suas responsabilidades, jogam os filhos na escola e exigem que a escola cumpra a tarefa de educar e vem o Supremo Tribunal Federal e consagra isso aí”, salientou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.