Daniela Cardoso
As pequenas construtoras de Feira de Santana representam atualmente 30% do mercado com geração de emprego direto e indireto. Vitor Coutinho, presidente da Associação dos Pequenos Construtores, falou ao Acorda Cidade qual a parcela de participação das pequenas construtoras no setor imobiliário em Feira e quanto, em média, movimentam no mercado.
“Fizemos uma pesquisa no ano de 2016 e movimentamos um bilhão e meio de reais. Isso com recursos que vem do Governo Federal, através do FGTS, que fica circulando dentro da cidade de Feira de Santana. Hoje somos, em média, 300 pequenos construtores de Feira e região. Fiz um cálculo e, em média, cada construtor fazendo cinco casas por ano, daria 1.500 casas. Eu coloquei a média base de 100 mil reais para cada casa e deu esse resultado de um bilhão e quinhentos mil reais”, informou.
Segundo Vitor Coutinho, para cada casa construída, cinco empregos diretos são gerados, com dois pedreiros e três ajudantes. Além disso, ele lembrou que são gerados empregos indiretos, com a mão de obra de eletricista, carpinteiro, vidraceiro, carroceiros que fazem entrega de material de pequeno porte e também outros empregos gerados no material de construção.
“Fomentamos o mercado de forma praticamente total. Esses recursos que são gastos dentro da cidade, são utilizados em quase todos os setores, como confecção, alimento. Esse dinheiro é gasto dentro do município e a prefeitura vem arrecadando impostos, através desses recursos que circulam na cidade”, disse Vitor Coutinho.
Ele explicou que as grandes construtoras têm a ajuda da Caixa Econômica Federal, participam do apoio a produção, onde a Caixa entra com o dinheiro e a construtora com o terreno e de acordo com a construção a Caixa vai pagando a obra. Já os pequenos construtores, conforme explicou, tem dificuldade, pois para fazer o apoio a produção é necessário se adequar ao sistema da Caixa de forma documental, além de outras exigências que torna inviável para os pequenos construtores.
A Caixa Econômica impôs novas regras para o financiamento imobiliário, que passaram a valer na última segunda-feira (25). As mudanças geraram reclamações por parte dos pequenos construtores que estão se sentindo prejudicados.
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“Construímos com nossos próprios recursos, temos dificuldades por conta da falta de interesse da Caixa Econômica com o nosso setor. Um exemplo, quando a Caixa faz o apoio a produção para as grandes construtoras, acaba ganhando duas vezes, pois empresta o dinheiro para as construtoras construir, ganha os juros e o mutuário que utiliza os recursos da Caixa Econômica também acaba pagando os juros, por conta do financiamento. No nosso caso, fazemos as casas com nosso dinheiro, a Caixa não ganha com a gente e o cliente paga os juros do financiamento. Como hoje estamos sofrendo por conta dessa crise, o recurso está escasso. O nosso medo é que a Caixa priorize as grandes construtoras, já que o dinheiro das pequenas é pouco”, afirmou.
O presidente da Associação dos Pequenos Construtores, Vitor Coutinho, ainda cobrou transparência da Caixa Econômica Federal, com relação aos recursos disponíveis.
“Ficamos 20 dias sem assinar um contrato e quando foi liberada a assinatura dos contratos, em alguns lugares só liberou por um dia, no outro dia já estava travado. A informação que temos é que a Caixa está sem reserva, então a gente está preocupado, pois foram feitos vários investimentos em terrenos, estamos com várias construções em andamento. Muitos amigos já estão demitindo pessoas por conta da incerteza”, declarou.
Sobre o atual cenário no mercado imobiliário em Feira de Santana, Vitor Coutinho afirmou que muitas construtoras estão oferecendo vantagens aos compradores, além de baixar o preço dos imóveis.
“Tem construtoras dando carro para o cliente que compra um imóvel, tivemos que diminuir o preço dos imóveis, estamos dando documentações, que antes eram pagas pelo cliente. Tudo isso vai gerando queda de receita e diminuindo nosso lucro. Existe pouca procura e muita demanda, então a crise vem afetando de forma preocupante”, disse.
As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade