Feira de Santana

Autoridades lamentam morte do militante esquerdista Sinval Galeão

Sinval era presidente do diretório municipal do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e teve sua vida dedicada a questões sociais, movimentos sociais e de luta contra o regime militar nas décadas de 60, 70 e 80.

Rachel Pinto e Ney Silva 

O comerciante Sinval Galeão dos Santos, que tinha 74 anos, morreu na noite de terça-feira (9) após ficar internado por alguns dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Hospital Clériston Andrade. Ele era presidente do diretório municipal do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e teve sua vida dedicada a questões sociais, movimentos sociais e de luta contra o regime militar nas décadas de 60, 70 e 80.

O ex-vereador e advogado Celso Pereira, amigo pessoal de Sinval Galeão, lamentou a morte dele. “Na década de 60 ele teve uma militância, uma consciência política e uma energia para a luta que chamou a atenção de Feira de Santana, além de outras figuras conhecidas da época como Ozanah Leite, Fidelmario Barberino, Clóvis Ramos Lima e, em 1964, uma das prisões que eu tive foi junto com Sinval. Sofremos algumas torturas juntos, lembrou Celso Pereira”, disse.

Ele ressaltou ainda a grande luta de Sinval no PMDB e na redemocratização do Brasil na eleição de Chico Pinto para deputado e as eleições de José Falcão e de Colbert Martins. Segundo ele, havia uma juventude que fazia parte dessa luta na qual Sinval esteve presente.

Políticos baianos divulgaram notas de pesar pelo falecimento de Sinval Galeão. O deputado Angelo Almeida lamenta a morte e lembrou as suas contribuições para a retomada da democracia no nosso país.

“Entre as histórias de luta e resistência que mais me inspiram na política está a do companheiro Sinval Galeão. No último ano tive o privilégio de não só conviver com ele como presidente do Partido Socialista Brasileiro, mas também como conselheiro e orientador. Além das suas marcantes contribuições para a retomada da democracia no nosso país e defesa de uma Feira de todos, ficam as lembranças das nossas prosas na varanda que convergiam em ensinamentos que caminharão sempre comigo. Neste momento de consternação, peço que Deus reforce a fé de toda família”, disse em nota.

A senadora Lídice da Mata também lamentou a morte de Sinval Galeão. "É com muito pesar que lamento a morte do companheiro Sinval Galeão, que foi um homem honrado, de posições políticas firmes e comprometido com o Socialismo. Meu abraço a todos os seus familiares", afirmou.

Em participação no Programa Acorda Cidade, o vice-prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (PMDB), lembrou que Sinval foi preso durante a Revolução de 1964 e exilado na extinta União Soviética, na Rússia. Ao retornar para o Brasil, manteve seu posicionamento político alinhado com o Partido Comunista, que foi da sua origem política, com o PMDB, PPS e atualmente estava filiado ao PSB. “Antes de qualquer coisa, é uma pessoa que temos uma relação pessoal e política respeitosa e deve ser hoje um dos últimos comunistas que Feira de Santana teve e que perde”, afirmou Colbert, lamentando o falecimento em nome da família e do PMDB feirense.

O jornalista Jânio Rêgo reforçou a importância política de Sinval Galeão. “Figura histórica, da esquerda, que lutou contra a Ditadura e foi torturado”.

Em nota de homengem a Sinval no blog Por Simas, o blogueiro e historiador Adilson Simas ressaltou: “Foi-se um dos últimos militantes históricos nesta cidade do velho PCB de Carlos Prestes. Com o partido na clandestinidade, Sinval como tantos fez do velho MDB seu ‘guarda chuva’ para continuar no exercício da atividade política. Com a volta do pluripartidarismo presidiu o PPS e atualmente estava na presidência do PSB. No ‘andar de cima’, certamente Raimundo Alfaiate, Humberto Mascarenhas, Clóvis Lima, Hozannah Leite e outros fizeram festa na chegada de mais um camarada”.

Sinval Galeão atualmente era presidente do diretório municipal do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e há cerca de um ano foi presidente da Comissão da Verdade de Feira de Santana. A comissão da verdade foi criada pelo governo federal para colher depoimentos de pessoas que teriam sido prejudicadas pelo governo militar no período de 1964 a 1984.

Sinval Galeão foi sepultado na tarde desta quarta-feira no cemitério São Jorge, em Salvador.