Saudade

Parentes, amigos e profissionais de imprensa prestam a última homenagem a Pitanga

Pitanga atuava na emissora dos frades Capuchinhos desde a década de 60, tendo inclusive, ajudado na construção do atual prédio da emissora na Rua Frei Hermenegildo.

Ney Silva
 
 

Reportagem Especial

Ney Silva
 
“Você não prestou atenção ao que o policial disse e perdeu a notícia. Comeu mourão. Entrevista o homem. Olha ele aí. Corre seu repórter bunda de caruru”. Frases como essa foram lembradas ontem por profissionais de imprensa em programas de rádio de Feira de Santana. Eles faziam referência a um grande profissional: Amadeu Pitanga de Jesus.
 
Seu Piti, velho Piti como também era chamado pelos colegas radialistas, faleceu na madrugada de ontem no hospital Unimed onde estava internado depois de ser acometido por hemorragias intestinais e hepáticas.

 

Amadeu de Jesus era funcionário aposentado da Rádio Sociedade, emissora da Fundação Santo Antonio e exercia a função de motorista. Seu amor, empenho e dedicação pela rádio o fez continuar trabalhando e só parou quando foi necessário fazer uma avaliação médica. Pitanga atuava na emissora dos frades Capuchinhos desde a década de 60, tendo inclusive, ajudado na construção do atual prédio da emissora na Rua Frei Hermenegildo.

 
 
 

O corpo de Pitanga foi velado desde as primeiras horas desta quarta-feira (29/09) em um salão ao lado do convento dos Frades Capuchinhos. A missa de corpo presente foi celebrada pelo frei Luiz Alberto Lemos, Frei Beto e contou com a participação do superintendente da Rádio Sociedade frei José Monteiro e mais dois sacerdotes.

 

Depois que terminou a celebração, frei Beto convidou os radialistas para que se dirigissem ao altar da igreja onde seria prestada uma homenagem a Pitanga. Foi um momento muito especial. O diretor jurídico e apresentador do programa Linha Direta com o Povo, da Rádio Sociedade, Dilson Barbosa fez um rápido discurso e enalteceu o atuante trabalho desenvolvido por Amadeu de Jesus.“Ele não era apenas um motorista. Acabava pautando os repórteres porque sabia das fontes. Os mais experientes não queriam ouvi-lo e até não acreditavam em suas informações. Mas  acabavam se rendendo á fonte principal que era o próprio Pitanga”, afirmou.

 
A professora Carla de Jesus- filha de Pitanga- fez um agradecimento aos radialistas pela presença e homenagem. "Muito obrigado pela força que vocês nos deram”, disse.

Frei Beto, que é pároco do convento Santo Antonio destacou o caráter e o profissionalismo de Pitanga. “Ele era uma figura ímpar na comunicação de Feira de Santana e de maneira muito particular entre nós capuchinhos”, afirmou.

 
Com quase 30 anos de caminhada com os frades Capuchinhos, Frei Beto informou que observava em Pitanga muita prudência em seus relacionamentos deixando todo um legado de trabalho. “Como pessoa humana tinha suas limitações, mas trabalhava para se superar fazendo o bem”, disse.
 


O advogado Henrique Cerqueira que por muitos anos apresentou programas policiais na Rádio Sociedade também foi á igreja dos Capuchinhos prestar sua solidariedade a família de Pitanga. Ele informou que ainda adolescente foi levado por Pitanga para conhecer uma delegacia de policia. “A saudade tem uma força terrível de nos sufocar. Ela vai chegando e se aliando aos nossos corações. É uma perda inegável, mas Pitanga viveu muito no tempo que Deus lhe destinou”, afirmou. Henrique Cerqueira também destacou que Pitanga era muito prestativo. Uma pessoa que transmitia muita alegria.

 

Ex-diretor comercial da Rádio Sociedade, José Nilton Ramos disse que conheceu Pitanga quando chegou a Feira de Santana.

“ Foi ele quem mim apresentou a frei Aureliano que era diretor da emissora. Saltei na porta do convento ela saia no carro da rádio. O parei e quando disse que queria falar com o frei ele mim deu atenção e mim  levou até o diretor. Depois disso nunca deixou de ser meu amigo,”  lembrou.
 

O presidente do Sindicato dos radialistas de Feira de Santana Valter Vieira trabalhou a quase 20 anos na Rádio Sociedade. Ele se recorda que na convivência profissional que teve com Pitanga sempre recebeu dele apoio para o trabalho. “Ele era o produtor, o orientador e nos ajudava bastante. Isso foi marcante na carreira e na vida de muitos comunicadores que passaram pela Rádio Sociedade,’afirmou.

 

Uma figura marcante. Um orientador. Esse também é o entendimento do locutor esportivo Jair Cezarinho ao se referir a Amadeu de Jesus. Ele informou que em momentos de dificuldades os companheiros recebiam de Pitanga toda solidariedade.

 
Em todos nós da Rádio Sociedade permanecerão as boas impressões do profissional Amadeu Pitanga de Jesus. O amigo, orientador, conselheiro e principalmente o bom exemplo de dedicação, responsabilidade e amor ao trabalho.
 
O corpo de Pitanga foi sepultado no final da tarde, no cemitério Jardim Celestial.