Saúde

Aerofobia acomete 4 em cada 10 brasileiros

Entretanto, segundo a psicóloga Cristina Albuquerque, nem sempre a fobia se desenvolve por causa de um evento traumático.

19/01/2014 às 20h06, Por Kaio Vinícius

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Ao se aproximar do portão que dá acesso à pista onde decolam e aterrissam os aviões que trafegam pelo Aeroporto Luís Eduardo Magalhães, o coordenador de Serviços da Polícia Civil, Luiz Eduardo Leal, 63 anos, comenta: "Tá vendo que não está certo um bicho deste tamanho voar?".
 
A metáfora não é por acaso, já que é assim que Luiz vê o avião, como um bicho enorme capaz de matar inúmeras pessoas de uma só vez. Não à toa, desde 1979 se recusa a embarcar em um deles.
 
Nas raríssimas vezes em que se viu obrigado a entrar em uma aeronave, o medo foi amenizado com doses de uísque. "Tremia e ficava apavorado. Sempre enchia a cara antes do embarque para dominar a ansiedade".
 
Assim também fazia o cantor Tim Maia cada vez que entrava em um avião e há quem diga que até a presidente da República, Dilma Rousseff, tem medo de voar. De acordo com pesquisas do Ibope, Luiz Eduardo faz parte de 42% da população adulta brasileira que tem medo de viajar de avião.
 
Em alguns casos, o problema é tão grave que se transforma em fobia. É a chamada aerofobia que tem entre os sintomas mais comuns as crises de ansiedade e estresse.
 
"A fobia de voo é uma perturbação de ansiedade que pode traduzir-se em sintomas cognitivos, fisiológicos e comportamentais, e variam muito. Estes sintomas podem surgir no dia do voo ou, em casos mais graves, semanas ou meses antes da viagem", explica a psicóloga clínica e especialista no tratamento deste tipo de problema, Cristina Albuquerque.
 
Segundo ela, há traços de personalidade que podem tornar o indivíduo mais vulnerável ao desenvolvimento da aerofobia, a exemplo dos perfeccionistas, autoexigentes e controladores.
 
"Pessoas que têm necessidade de prever e controlar tudo estão mais predispostas a desenvolver o transtorno. A sensação de estar à mercê de um conjunto de pessoas, procedimentos e mecanismos que não conhecem e não dominam pode, só por si, desencadear ansiedade", diz Cristina, coautora e coordenadora do livro Voar sem Medo – Um guia prático para voar confiante e descontraído.
 
Causa
 
A turismóloga Ana Rita Araújo, 36 anos, passou a ter medo de voar há oito anos, depois de ter enfrentado uma forte turbulência em um voo que saiu de Salvador para Brasília. "Foi terrível. Depois desse episódio, passei a ficar com pânico. Gosto muito de viajar e trabalho nesse ramo, mas passei a ter medo".
 
Entretanto, segundo a psicóloga Cristina Albuquerque, nem sempre a fobia se desenvolve por causa de um evento traumático. É o caso do personagem que abre esta matéria. Apesar de frequentemente sonhar com quedas e acidentes de avião, Luiz Eduardo nunca enfrentou um episódio crítico ou grave durante um voo.
 
"É difícil estabelecer uma única razão que permita explicar o que está na origem do medo de voar. Em alguns casos, o aerofóbico consegue determinar com clareza o que desencadeou o temor. Outras vezes, nem a própria pessoa consegue estabelecer uma relação causal entre um determinado acontecimento e o princípio do medo", diz.
 
É o caso de Luiz Eduardo, que não sabe explicar qual a razão do seu medo. "Só sei que nunca mais ponho os pés nesse bicho", garante. As informações são do A Tarde.

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