Feira de Santana

Seminário discute dificuldades de acesso das comunidades do entorno de trecho duplicado da BR-116 Norte

Participaram do encontro representantes e moradores do bairro Novo Horizonte, em Feira de Santana, do distrito de Maria Quitéria, zona rural de Feira, além de residentes da cidade de Santa Bárbara.

29/11/2021 às 16h09, Por Laiane Cruz

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Laiane Cruz

Foi realizado nesta segunda-feira (29) um seminário para tratar sobre as dificuldades de acesso das comunidades que residem em torno da BR-116 Norte, no trecho que está sendo duplicado, entre o município de Feira de Santana até Serrinha.

O seminário foi convocado através da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados e ocorreu às 9h, no Espaço Villa Santana, ao lado da entrada do distrito de Maria Quitéria.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Participaram do encontro representantes e moradores do bairro Novo Horizonte, em Feira de Santana, do distrito de Maria Quitéria, zona rural de Feira, além de residentes da cidade de Santa Bárbara.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana, Conceição Borges, a duplicação da BR-116 Norte trouxe um grande impacto para as comunidades do entorno da rodovia, como também riscos à vida das pessoas.

“Quando você vai pensar em desenvolvimento, você pensa principalmente nas pessoas que ali estão, e quando o projeto da BR-116 norte foi pensado, foi para dar ligação de um município para o outro, não foi observado o impacto que é na vida das pessoas. Hoje nós temos a duplicação, que nos trouxe transtornos e riscos para as pessoas que moram no entorno da BR. Primeiro que se você sair do posto Trevo para dar um socorro ali, se você estiver do outro lado da BR, você tem que, praticamente, ir até a entrada de Irará e voltar lá próximo do posto fiscal, na faixa de oito quilômetros. Depois não se pensou que naquela localidade da Vila Santana Inês e Vila Feliz, ali é praticamente um bairro e a contradição é exatamente essa, que dá um nome de bairro e tira as pessoas de terem acesso”, afirmou a representante sindical.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Ela destacou que a passarela que foi construída na BR-116 Norte, após o posto São Cristóvão, não está servindo à comunidade.

“Então foi construída uma passarela na BR-116 Norte que não serve à comunidade, pois foi construída totalmente depois do posto São Cristóvão, além disso é um modelo de passarela que dificilmente uma pessoa que tem limites, uma pessoa idosa ou que esteja com criança vai ter acesso à passarela. Então isso nos incomoda. Não sou contra a duplicação, claro que não, agora teria que ter ouvido a comunidade, discutido sobre no que seria o melhor acesso e não tirar da comunidade o direito de ir e vir.”

Da cidade de Santa Bárbara, o professor Hugo Damasceno informou que durante o seminário ele levou 42 pontos de reivindicação, de situações que ocorrem devido à duplicação da rodovia.

“Esta pauta foi produto de duas assembleias e duas reuniões menores, em que a gente discutiu profundamente a situação da BR, do bairro, tirou encaminhamentos para melhorar a acessibilidade, o direito de ir e vir, a mobilidade urbana, direito à cidade e tudo isso está sendo desrespeitado com a construção da BR. Então são muitos pontos importantes, que nós não temos previsão de quando e nem onde serão construídas as passagens subterrâneas, porque nós somos uma cidade rural com cavalgadas, com carroça, com cavalos que não têm por onde passar hoje em dia.”

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Como problema relacionado, o professor citou o processo de marginalização da parte de baixo da cidade de Santa Bárbara, que está em curso.

“Você tem um retardamento, uma dificuldade da polícia de ter acesso ao bairro e isso pode incentivar pessoas que lidam com o tráfico de drogas e outras situações fora da lei, que podem se sentir mais à vontade para agir por conta da ausência da polícia naquela parte da cidade. Temos a questão do sucateamento do estádio, com a construção da BR, que é um espaço público importante. Então são muitas questões que a gente que quer que faça uma audiência pública, um seminário em Santa Bárbara, para discutir as questões específicas, porque estamos vendo as demandas do bairro e algumas demandas são mais do que do bairro, são da comunidade como um todo. Tem muito que se discutir lá porque o impacto da construção da BR é muito violento”, explicou.

O policial rodoviário José Abraão participou do seminário representando a PRF e orientou aos moradores das comunidades atingidas que não façam manifestações que impeçam o direito de ir e vir das pessoas que trafegam pela rodovia.

"Eu disse a eles que podem fazer manifestações, desde que não impeçam o direito das pessoas de ir e vir. Quem tem o poder de fiscalização na BR federal é Polícia Rodoviária Federal, na estadual é Polícia Rodoviária Estadual, então você faz um ofício dizendo que quer fazer uma manifestação tranquila, em paz, mostrando os motivos. Se houver tudo bem encaminhado, tudo direitinho, com certeza vai ter uma viatura, algum local que possibilite você fazer sua manifestação ordeira, tranquila sem precisar fechar a via. Porque o problema que ocorre na maioria das manifestações é esse problema de fechar as vias, que aí vai impedir as pessoas de irem e virem e trazer vários transtornos a todos”, reforçou o policial.

Ele disse também que o melhor e mais seguro caminho é buscar o apoio do Ministério Público Estadual e Federal.

“Assim pode coletar todos os dados. Eu chego ali na região, como é o caso que estamos aqui do Novo Horizonte e vejo qual é a população do Novo Horizonte, o que eu preciso para ver o deslocamento dela ou da comunidade das pessoas que estão ali, já que está havendo esse problema da duplicação, o que é que eu posso fazer, como devo agir. Então essa é a maneira que tem que agir, para que tudo ocorra em paz. Temos que resolver, temos, mas vamos procurar a melhor maneira.”

O deputado federal Zé Neto, que esteve representando a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, da qual faz parte, avaliou que é preciso ouvir a comunidade, mas que isso não foi feito durante a pandemia.

“O DNIT atrasou em 2019 e houve três adiamentos. Isso aqui é um seminário federal, o DNIT foi convidado pela câmara federal e não apareceu, e infelizmente é uma tristeza. A prefeitura a gente já sabe que infelizmente não aparece, se bem que toda vez que me convida eu vou, porque eu acho que não é política que tem que estar em volta, quem tem que estar em volta nesse momento, quem tem que estar na tela é o interesse geral da cidade, e foi muito bom porque eu recebi aqui várias informações específicas”, refletiu o deputado.

Segundo ele, participaram da reunião a representação da Polícia Rodoviária Federal, da Defensoria Pública, da ANTT, das comunidades, da Câmara de Vereadores, através do vereador Silvio Dias, Professor Ivamberg, o deputado estadual Robson Almeida, da Assembleia Legislativa e outras autoridades, além do pessoal da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e da Associação Comercial de Feira de Santana (Acefs).

“Acho que foi muito representativo, e agora vamos fazer os encaminhamentos. O Ministério Público não veio. Mas a próxima reunião que a gente vai fazer é justamente para dar o encaminhamento da representação ao Ministério Público Federal. Não compareceram o DNIT, é claro que já é uma demonstração de que se daqui para frente não houver aceno do departamento, aí sim o Ministério Público Federal vai ser efetivamente acionado, à medida em que não houve aceno positivo para as reivindicações, reclamações que foram feitas hoje aqui de forma muito legítima.”, encerrou

 

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade. 

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