Com pesquisadores da Fiocruz

Uefs promove sessão científica para discutir situação epidemiológica da varíola dos macacos

O município de Feira de Santana já registrou o primeiro caso.

11/08/2022 às 18h13, Por Gabriel Gonçalves

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Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) realizou nesta quinta-feira (11), uma sessão científica para apresentar e discutir a situação epidemiológica da varíola dos macacos no Brasil e na Bahia.

O evento contou com a palestra de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ), do Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde na Bahia (CIEVS-BA), com mediação do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Vigilância da Saúde (Nupevs) da Uefs.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora da Central de Atendimento do Lacen, Jussara Lagos de Oliveira informou que a sessão científica tem como objetivo, deixar a população ciente sobre o novo vírus que já circula pelo Brasil inteiro.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“De certa forma, nós queremos deixar a população ciente do agravo de saúde e de emergência que está acontecendo neste momento, não só aqui no Brasil, mas no mundo inteiro. Nós fomos convidados para estar aqui, e passar para a população um pouco mais de conhecimento, e que juntos, possamos atuar junto às vigilâncias para que possamos estar oferecendo um atendimento de qualidade para os pacientes que forem acometidos pela doença”, disse.

De acordo com a coordenadora, no momento todos os testes estão sendo encaminhados para a Fiocruz no Rio de Janeiro, com prazo de resultado em até 72 horas.

“Nós somos um laboratório de saúde pública de referência no estado da Bahia, e toda as doenças precisam ser notificadas. Recebemos coletas de todos os 417 municípios do estado, onde seguem por um processo de logística, desde a coleta, transporte e armazenamento, e assim, possamos dar continuidade com as pesquisas. Em especial com estas coletas da monkeypox, elas ainda não estão sendo avaliadas aqui na Bahia, e seguindo o fluxo do Ministério da Saúde, todas as coletas são encaminhadas para a Fiocruz no Rio de Janeiro, o que leva um prazo de até 72 horas para ter o resultado”, informou ao Acorda Cidade.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Representando a Fundação Oswaldo Cruz, o pesquisador e infectologista, Rivaldo Venâncio da Cunha destacou que a doença está sendo chamada de ‘nova varíola’, para que não tenha relação do vírus com o macaco.

“Hoje nós estamos trazendo aqui uma atualização nacional e internacional com relação aos casos desta doença que estamos chamando de nova varíola, estamos evitando chamar de varíola dos macacos, porque isso acaba induzindo a população achar que existe algum tipo de relação, o que na verdade não existe. Os macacos são tão vítimas, quanto nós seres humanos. Hoje o Brasil possui cerca de 2.500 casos distribuídos em 21 estados. No mundo inteiro, nós temos cerca de 33 até 34 mil casos, tudo isso em um curto espaço de tempo, porque os primeiros casos foram diagnosticados ainda no início do mês de maio na Inglaterra, e agora nós temos cerca de 93 países com casos registrados”, disse.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Como a doença é transmitida e quais são os sintomas?

De acordo com o pesquisador, dores musculares, febre e manchas na pele, podem indicar o surgimento da doença, mas explicou que a transmissão do vírus precisa da proximidade entre ambas as pessoas.

“Nós temos um quadro geral sistêmico e boa parte destas pessoas estão registrando febre, não como da chikungunya, mas ela é um pouco mais branda, mal-estar, dores de cabeça, dores musculares, vermelhidão em algumas localidades do corpo e após isso, começam as feridas, que depois formam crostas, como feridas normais. Antigamente o corpo ficava totalmente cheio de feridas, mas agora não. É importante destacar, que esta transmissão também ocorre devido o contato próximo, como uma relação sexual, ou pelo contato de pele na pele através do contato com a ferida exposta, mas cerca de 90 até 95% dos casos, estamos vendo que têm sido durante a relação sexual, mas isto não significa que é uma nova doença sexualmente transmissível”, explicou.

Uso de máscara pode prevenir?

Segundo o pesquisador Rivaldo Venâncio, a possibilidade do vírus ser transmitido pela saliva, só pode ocorrer, caso a pessoa tenha algum ferimento na região da boca.

“Essa transmissão não pode ser comparada com o vírus da Covid-19, que hoje pode ser transmitida pelo ar ou até mesmo pelo chamado ‘bafo’, mas nós estamos observando que esta nova varíola pode afetar a região da face, então a pessoa pode ter lesões orais como nos lábios, na língua, na boca, mas para esta transmissão acontecer, só se for através de um beijo por exemplo ou durante a relação sexual”, disse.

Qual o período de isolamento?

Para Rivaldo Venâncio, o essencial é que as pessoas evitem o contato mais próximo com familiares da própria residência, por pelo menos duas semanas.

“Isso muito vai depender do caso, mas a recomendação inicial é que se tenha um isolamento, não é tão rigoroso como em outras doenças, mas é muito importante ter a proteção principalmente com as feridas. É necessário que evite dormir na mesma cama, usar a mesma toalha, sentar próximo do outro, então o que nós recomendamos é que esta pessoa possa ficar afastada dos familiares por pelo menos duas semanas”, pontuou.

Já tem vacina?

De acordo com o pesquisador da Fiocruz, a vacina já existe, porém não em grande quantidade para atender toda a população.

“Já existe a vacina contra esta doença, no entanto, o processo de fabricação dela está muito restrito neste momento. É impossível imaginar a vacina para toda a população como acontece com a Covid-19, isso não vai acontecer em um curto período de tempo, e acreditamos que nem há necessidade neste momento. Precisamos ao mesmo tempo em que aceleramos o processo de fabricação da vacina, também cuidar do processo de disseminação da doença, mas a vacina em si, ela já existe, não serão necessárias novas pesquisas para descobrir uma vacina contra essa nova varíola, mas praticamente, só tem uma fábrica no mundo”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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