Feira de Santana

Queridinha da internet, feirenses colecionam rosas do deserto e compartilham o amor e os cuidados com as plantas

Luciano da Rosas do Deserto, como ficou conhecido no mercado de plantas ornamentais, alertou que quem não tem ainda uma rosa em casa, fuja, pois ela irá fazer você se apaixonar com todos os seus 'mistérios'.

02/01/2022 às 07h07, Por Gabriel Gonçalves

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Laiane Cruz

Elas se tornaram as queridinhas da internet. Se você colocar as hashtags #rosadodeserto ou #adeniumbesum no Instagram encontrará mais de 300 mil publicações em cada tag sobre essa planta com dicas, cuidados, imagens de cores e tamanhos variados.

Apesar de ter virado uma febre durante a pandemia, também entre os feirenses, a rosa do deserto já vem despertando a paixão e o interesse de muitas pessoas já há bastante tempo.

A exemplo da moradora do bairro Pedra do Descanso Tatiana de Jesus Souza. A história dela com as rosas do deserto começou há seis anos, quando ela passou em um local onde havia uma planta diferente, que ela nunca tinha visto. Foi amor à primeira vista e desde então a família não para de crescer em sua residência.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Um dia eu passei e vi uma rosa do deserto, com um caudex bem bonito e perguntei que planta era aquela. Fui em um horto e encontrei uma bem pequeninha e comecei a cultivar. Tinha apenas uma e hoje já tenho 49. E só estou esperando mais espécies chegarem. Tenho 25 amarelas, tenho algumas vermelhas, brancas, pink e uma espécie chamada golden fight. E estou esperando ter mais cruzamentos para aumentar a quantidade. Já tenho seis anos que cultivo rosas do deserto. É minha paixão, meu passatempo”, relatou em entrevista ao Acorda Cidade.

Segundo Tatiana, sua rotina matinal já começa conversando com as rosas, cuidando, e percebendo se estão precisando de alguma coisa. Pode até parecer loucura, mas a verdade é que as plantas também sentem todo esse amor e retribuem, enchendo a varanda dela com tanta beleza e flores.

“Eu acordo, tomo banho, e antes de tomar café, eu converso com uma por uma, olho, aperto o caudex e vejo se está precisando de adubação, se está seca, e só depois vou tomar café. Quando uma planta dessa morre é a mesma coisa de eu perder um filho, até me emociono, porque no inverno perdi cinco. Conversava com elas, e cinco eu perdi, mas duas eu ressuscitei. É muito amor, é como criar um filho ou um animal de estimação”, afirmou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Para a dona de casa, além de muito amor e carinho pelas plantas, é preciso observar alguns cuidados práticos para mantê-las sempre bonitas e vistosas, como a adubação e a quantidade correta de regas.

“Adubação, observar se está precisando molhar, colocar sempre no sol, porque ela não gosta muito de chuva. É preciso muito amor, dedicação, gostar de plantas, ter cuidado e atenção, ter lugar de sol e ter um lugar bem arejado. Também molhar duas vezes por semana. E o substrato que eu uso é um bem drenável. Faço uma mistura com terra vegetal, carvão triturado, areia de construção, brita embaixo do vaso, pra ficar bem drenável, senão a água acumula e acaba apodrecendo as raízes. Eu costumo fazer essa mistura e tenho também a farinha de osso ou de ostra. Outra coisa que eu gosto muito é de pegar cascas de ovos, mais ou menos umas 40 cascas, deixo secar bastante e trituro no liquidificador, peneiro e coloco nelas toda semana”, explicou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Mensagem que as plantas trazem

Ainda segundo Tatiana, as plantas são como uma terapia e lhe trazem como mensagem diária a prática da paciência e do cuidado.

“É a gente amar o que faz. Pra mim tem sido um amor e uma dedicação. Eu amo cultivar e é meu passatempo preferido. Sou ministra da eucaristia, e no tempo que não estou na igreja, estou cuidando das minhas rosas e da minha casa. E a mensagem que eu deixo é que vocês, como passatempo, cultivem uma planta, porque ela vai te dar flor, um jeito diferente de ver a vida”, destacou.

Esse jeito diferente de ver a vida também contagiou o comerciante Luciano da Silva Souza, e fez com ele deixasse para trás a agitação e o estresse do comércio de Feira de Santana para abrir um horto em sua residência, no bairro São João, especializado no cultivo e comercialização de rosas do deserto.

“As rosas do deserto entraram na minha vida como uma paixão, um hobby, e hoje completo 10 anos trabalhando com essas meninas. A gente via aquelas plantas bonitas na internet, comprava nos feirões, levava para casa e elas morriam. E aí comecei como hobby, procurei técnica, cursos. Quando vi, já tinha 100 rosas em minha casa, e dessas virou 200, 300 e hoje temos 3 mil rosas em vasos. Eu era camelô, vendia confecções na Sales Barbosa, e gostava do que fazia, ou pensava que gostava, porque eu não conhecia as rosas. Quando conheci, me apaixonei e virou comércio”, relatou em entrevista ao Acorda Cidade.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O comerciante compartilhou ainda algumas curiosidades e cuidados com a planta, para os consumidores deixá-las sempre bonitas e floridas.

“Toda rosa do deserto o nome correto é adenium besum, que é aquela batata que dá fora da terra, o caudex, que serve para guardar água e também energia para a planta ficar com mais vigor. Apesar de todo mundo achar que é difícil, a rosa do deserto é a planta mais fácil de cuidar. Muito sol, água duas ou três vezes na semana, um substrato drenante e um vaso. Ela não pode ser plantada no chão, que não dá certo. Quando a gente fala em substrato, é tudo aquilo que é formulado, não é uma terra, como a terra de quixabeira e de jardim, que são muito boas, mas dessas a rosa do deserto não gosta. Ela prefere uma terra mais arenosa, drenante, que seja própria. Existem de várias marcas”, explicou.

Luciano da Rosas do Deserto, como ficou conhecido no mercado de plantas ornamentais, alertou que quem não tem ainda uma rosa em casa, fuja, pois ela irá fazer você se apaixonar com todos os seus ‘mistérios’.

“Quem comprar a primeira rosa do deserto, não vive mais sem ela. São chamadas as misteriosas rosas do deserto. Existem delas de 300 cores ou mais, podem ser simples, dobradas, triplas, de várias formas. São 7 famílias da adenium e isso faz com que você passe a colecioná-las. E o nordeste é o melhor local para se criar, pois ela floresce o ano inteiro. O que diminui a floração dela é o período de chuva, por conta do frio. Mas ela do início da primavera, em setembro, até fevereiro, é a época que ela mais dá flor”, afirmou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Com tantos encantos, a rosa do deserto ganha os consumidores também pelo bolso. No horto de Luciano, os clientes podem iniciar o cultivo da planta pagando apenas 10 reais por uma muda. Mas, há também, aquelas plantas mais desenvolvidas, e para essas aí o cliente precisará desembolsar um pouco mais.

“Tem para todos os bolsos e todos os gostos. Você consegue comprar uma rosa do deserto de 10, 12 ou 20 reais, e pode ter uma de 2 ou 3 mil e até 10 mil reais. É a queridinha do momento na internet. No mundo todo já foi procurado saber porque tantas pessoas cada dia mais procuram criar e se informar sobre essa planta. Dizem que foi com a pandemia, que aumentou a procura, mas ela não é um modismo que vai passar. Ela desbancou a orquídea e veio para ficar.”

Mas, de acordo com o empresário, falar de rosas do deserto não significa somente falar do comércio e o sustento da família. Para ele, o cuidado com essas plantas se tornou também uma terapia.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“As rosas do deserto fascinam. A paciência que você precisa ter com essas amigas, elas cantam, falam, pedem socorro. É uma terapia você plantar uma semente e com seis meses ver dar as primeiras flores. É uma planta perene. A nossa mais velha já tem 12 anos, então é uma planta que você vai ter a vida toda.

Quem tiver curiosidade de conhecer mais sobre as rosas do deserto pode procurar o Horto Rosas do Deserto, localizado na Rua Professor Fernando São Paulo, no bairro São João, próximo à praça dos Ex-Combatentes, ou seguir a página do horto no Instagram @lucianopointdodeserto.

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