Feira de Santana

Presos envolvidos nos homicídios do Conjunto Penal de Feira de Santana são identificados

Todos os autores irão responder por um novo inquérito.

08/01/2023 às 09h45, Por Gabriel Gonçalves

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Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Os detentos envolvidos no triplo homicídio que aconteceu na noite de ontem (7) dentro do Conjunto Penal de Feira de Santana já foram identificados.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o diretor da unidade prisional José Freitas Júnior informou que dois presos de cada cela tiveram participação no crime.

“Nós tivemos a informação que estava ocorrendo muitos homicídios na cidade neste final de semana, e a nossa inteligência detectou que poderia ter algum movimento do mesmo sentido dentro da unidade prisional. Com isso, nós não autorizamos ter banho de sol nos pavilhões remanescentes destas organizações criminosas, que no caso são os pavilhões 2, 6 e 8, justamente para evitar um caso maior. Fizemos uma inspeção durante a noite e detectamos que um preso estava morto, então resolvemos fazer uma vistoria geral e localizamos mais dois presos que tinham sido vítimas. A Polícia Civil fez o levantamento, identificou as autorias destes crimes e verificou que dois presos de cada cela participaram dos homicídios, porém os outros também responderão pois estavam presentes”, informou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

De acordo com o diretor, um dos detentos, tinha sido preso por homicídio.

“Estes detentos estavam apenados aqui em nossa unidade, um deles por homicídio e os outros dois por assaltos. Um foi preso em 2019 e outros dois no ano de 2021, mas todos três eram integrantes de uma organização criminosa, porém como aconteceu um ‘racha’ lá fora, como assim é dito por eles, não estavam mais se entendendo e houve esta ordem lá de fora da unidade, para que estes presos fossem vitimados em detrimento da guerra que estava acontecendo aqui em nossa cidade”, pontuou.

Como forma de ‘arma’, os autores utilizaram cordão de nylon para matar os outros detentos.

“Dois deles foram decapitados e um outro foi asfixiado. A Polícia Civil desde o momento que soube, esteve aqui e elucidou os crimes. A equipe de Dr. Roberto Leal junto com Drª Clécia Vasconcelos realizou o levantamento cadavérico, identificou os autores que foram flagranteados, estamos recebendo todo apoio da Secretaria de Segurança Pública que é muito importante neste momento, e um detalhe, é que os presos não utilizaram nenhuma arma do tipo branca. No momento do levantamento cadavérico, o DPT encontrou fio de nylon, o que foi utilizado para cortar o pescoço dos presos. Tanto que nas extremidades, tem a embalagem de creme dental para não ferir a mão deles”, explicou.

Com relação aos outros detentos, o diretor da unidade informou que serão remanejados.

“O nosso superintendente está chegando, ele vai fazer todo o remanejamento necessário, todas as transferências para que eventos desta natureza não ocorram mais no interior da unidade”, afirmou.

O coordenador da Polícia Civil de Feira de Santana, Roberto Leal também esteve presente no Conjunto Penal.

Ao Acorda Cidade, o delegado informou que até o momento, seis presos já foram autuados em flagrante.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Logo que a informação chegou através do diretor aqui do Conjunto Penal de Feira de Santana, nós acionamos a equipe responsável pelo levantamento cadavérico, o DPT, onde constatamos a veracidade dos fatos. Foram encontrados três corpos, e iniciou-se o trabalho de investigação. Inicialmente algumas pessoas foram apontadas como autores, como suspeitas, mas daremos continuidade com os trabalhos durante o dia para a confecção do auto de prisão em flagrante que vai envolver até o momento seis presos. Nós também já ouvimos 16 detentos que estavam nas respectivas celas onde os fatos ocorreram, e estamos iniciando agora o interrogatório daqueles presos apontados como autores”, explicou.

Ainda segundo o delegado, todos os detentos negam participação nos crimes.

“A maioria nega qualquer tipo de envolvimento, nega ter presenciado o fato, embora um dos detentos quando foi apresentado pela equipe do presídio, acabou confessando a participação em um desses crimes. Mas os demais não falam nada, apenas afirmam que souberam quando a Polícia entrou no local e constatou o fato. Este que confessou, disse que havia uma rixa antiga com este outro detento, acabaram entrando em luta corporal e o mesmo cometeu o crime”, afirmou.

Ainda de acordo com o delegado Roberto Leal, as investigações continuam para identificar se houve a utilização de outros materiais ou apenas o fio de nylon.

Segundo a delegada Clécia Vasconcelos, responsável pelos levantamentos cadavéricos no interior da unidade prisional, ainda existem alguns questionamentos que precisam de respostas.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“É muito importante esse trabalho da perícia juntamente com o delegado porque as dúvidas estão surgindo. As perguntas aparecem, ficam os questionamentos como isso tudo aconteceu. Nós estamos tratando de dois degolamentos, mas cadê a arma do crime utilizada para isso? Qual instrumento contundente foi usado? Vamos em busca disso, pois até o momento o que encontramos foi um fio de nylon confeccionada pelos próprios detentos”, disse.

Ainda segundo a delegada, os autores irão responder por um novo inquérito.

“Eles irão responder por um novo processo com auto de prisão em flagrante. Será pedido a conversão da prisão preventiva e irão responder por mais um inquérito de um crime qualificado”, concluiu.

As vítimas foram identificadas como Antônio Marcos Vitória Nunes, Everson Avelino de Jesus e Júlio César da Silva Rocha.

Foto: Antônio Marcos Vitória Nunes e Everson Avelino de Jesus

Leia também: 3 detentos são executados no Conjunto Penal de Feira de Santana

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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  1. O estado deveria parar de separar presos por conta de facção, se eles quiserem que se destruissem. Armas existem lá dentro por conta de agentes corruptos que trabalham nessas instruções.Diretor trabalha apenas com a parte burocrática, o estado deveria investigar os xxxx e assim encontraria os traficantes e responsáveis pelas drogas que é comercializada lá dentro.

  2. Sinceramente, eu até hoje não entendo o que de fato acontece nesses presidios Brasil afora que esses tipos de coisas diariamente são noticiados e nunca se ver solução, os detentos quando adentra nos presídios acredito eu acessar com roupas do corpo e mais nada, porque depois aparece faca, armas , drogas etc .. De onde meu Jesus vem e como passa considerando que tem toda uma revista individual, scaner e tudo mais e nunca aparece um culpado ??? Será que não tem um diretor de presídio que faz acontecer o que a lei manda na prática ? Quer ver isso parar literalmente, só criar uma lei que caso aconteça morte por arma de fogo, armas brancas ou algo tipo, a responsabilidade será do diretor do presídio e a equipe de agentes do plantão , da guarda externa que geralmente é feito por componentes da polícia militar, porque é inadmissível isso acontecer com tanta frequência… E pra quem não sabe isso gera altas indenizações pra família das vítimas dessas tragédias que será paga pelo estado com nosso dinheiro. Dizem que nos presídios existem mercados , mercearias, comércio forte de drogas etc… Ninguém ver , ninguém sabe e assim vai caminhando as coisas e nunca muda, tá na hora de dar um basta nisso. É simplesmente vergonhoso essa situação. Tem que aparecer o verdadeiro culpado , pois existe. E as criaturas lá dentro são informados de imediato os casos aqui fora por celular que aí sim eu acho que a cada aparelho encontrado lá dentro deveria ser um ano de prisão pro diretor, agentes etc.. Porque isso tem que acabar , e conversa mole não vai resolver. Eu na direção de um presídio desses o bixo ia pegar geral. #vergonha

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