Saúde

Mortes em pessoas imunizadas contra a covid-19 serão exceção à regra, diz infectologista

A especialista salientou os estudos que vem sendo realizados no Brasil e nos Estados Unidos revelam que mais de 90% das pessoas que morreram com covid não estavam vacinadas.

18/08/2021 às 15h54, Por Rachel Pinto

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Laiane Cruz

A morte do ator Tarcísio Meira por complicações causadas pela covid-19, mesmo após ter tomado as duas doses da vacina contra o vírus, suscitou uma série de questionamentos por parte da sociedade, acerca da eficácia dos imunizantes, principalmente em idosos.

O ator de 85 anos foi internado no dia 6 de agosto e intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), vindo a falecer no último dia 12. A esposa dele, a atriz Glória Menezes, também esteve internada, porém apresentou sintomas considerados leves. Ambos haviam recebido a segunda dose da vacina em março deste ano.

De acordo com a infectologista Melissa Falcão, presidente do Comitê de Combate ao Coronavírus em Feira de Santana, as vacinas disponíveis contra a covid-19 atualmente, assim como imunizantes de qualquer outra doença, não garantem 100% de eficácia, porém reduzem bastante a possibilidade das pessoas serem infectadas e evoluírem para quadros graves e até mesmo a morte.

“A principal intenção é diminuir os casos graves. Eles acontecerão sim, mas serão eventos raros, e não regra. Foi o que aconteceu com Tarcísio Meira. Mesmo após ser tomado as duas doses da vacina, ele acabou tendo um quadro grave, vindo a falecer, já a esposa dele teve um quadro mais moderado e saiu de alta sem maiores complicações. Se ela não tivesse se vacinado poderia ter tido uma gravidade. Então o que vemos é que a vacina, além de ter uma eficácia menor nos idosos, ela pode diminuir sua eficácia ao longo do tempo”, afirmou a infectologista.

A especialista salientou os estudos que vem sendo realizados no Brasil e nos Estados Unidos revelam que mais de 90% das pessoas que morreram com covid não estavam vacinadas, e somente 10% desses pacientes já haviam sido imunizados.

“Pessoas com outras doenças associadas têm um risco maior de gravidade, vacinados ou não. Mas se não estiver vacinado esse risco de complicação é ainda maior. Por conta da diminuição da imunidade ao longo do tempo e principalmente da menor eficácia nos idosos, os Estados Unidos já começou a liberar uma terceira dose de vacina para as pessoas com a baixa da imunidade e imunossuprimidos, e o Ministério de Saúde do Brasil já começou a apresentar também essa possibilidade de uma terceira dose, começando pelas pessoas que tomaram inicialmente: os profissionais de saúde e os idosos”, ressaltou Melissa Falcão.

Variante Delta

A infectologista Melissa Falcão esclareceu ainda sobre o grau de transmissibilidade e letalidade da nova variante Delta, que circula no país e tem sido responsável por grande parte das contaminações em estados como Rio de Janeiro e São Paulo.

“A variante Delta tem uma capacidade maior de se multiplicar, então ela causa uma quantidade de vírus maior no organismo aumentando a chance de transmissão e pode ter uma taxa alta de vírus no corpo, mesmo nas pessoas sem sintomas e nas pessoas vacinadas. Então aquelas pessoas que estão vacinadas podem adquirir o vírus de outra pessoa sem ter sintomas, porém transmitir para outras pessoas. Daí a necessidade de manter o uso das máscaras e a prevenção, mesmo após as duas doses da vacina, mesmo se estiver sem sintomas”, reforçou.

A segunda dose da vacina garante uma proteção maior em relação à primeira dose. O grau de proteção máximo para aquele tipo de vacina é adquirido cerca de duas semanas depois da segunda dose, por isso ela continua sendo importante.

“E os casos que vão vir a falecer depois das duas doses da vacina vão ser exceção à regra. A proteção é a nossa maior arma de defesa. Em algum locais, como o Rio de janeiro, mais de 50% dos vírus circulantes são vírus Delta. Uma preocupação foi quando começou a aumentar o internamento de idosos no Rio de Janeiro, que levou ao questionamento e os pesquisadores mostraram ao Ministério da Saúde a necessidade de uma terceira dose, por conta da redução da imunidade cerca de seis a oito meses após a aplicação da vacina.”

Na Bahia, segundo Melissa Falcão, ainda não foi confirmado nenhum caso de contaminação pela variante Delta. No entanto, pesquisas de amostragens continuam sendo feitas pelo Laboratório Central (Lacen), em pacientes que vieram de outros lugares, como São Paulo e Rio de Janeiro, como também aqueles que necessitaram de internação, mesmo após vacinados com as duas doses.

“Na Bahia ainda não temos nenhuma confirmação da presença desse vírus. Ainda não tem dados de literatura para afirmar de que o vírus Delta tem uma mortalidade maior, porém como ele infecta mais pessoas, mais gente vai acabar tendo uma gravidade ou por conta dela ter mais vírus. As manifestações acontecem um pouco mais cedo e pode ter uma gravidade maior, porém precisamos de dados científicos para confirmar essa informação”.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
 

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