Dia de Finados

Mercado de planos funerários cresce em Feira de Santana e garante mais tranquilidade para a hora da despedida final

Assim como despesas de água, luz, energia, internet, no cenário atual, o plano funerário passa a ser uma necessidade e merece uma reserva no orçamento familiar.

02/11/2018 às 07h08, Por Andrea Trindade

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Rachel Pinto

Com todo o clichê da frase, a morte é sem dúvida a única certeza da vida humana. Nesse momento que envolve sentimentos de saudade, dor, tristeza e a perda do ente querido, existe também uma série de burocracias e necessidades. Buscando atender a essas demandas, o mercado de serviços funerários está cada vez mais em evidência e aquece a economia da cidade.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Em Feira de Santana uma prática que é muito comum entre as classes mais populares é a aquisição de planos funerários. Várias empresas atuam prestando esse serviço e o mercado, além de competitivo, oferece um leque de variedades para os clientes.

Adair Cerqueira, conhecida com Dainha, trabalha há 15 anos vendendo planos funerários e é supervisora geral de uma empresa do segmento. Ela contou ao Acorda Cidade que iniciou nessa área por necessidade e atualmente entende tudo sobre o assunto. Para Dainha, adquirir um plano funerário oferece segurança e tranquilidade para o momento da despedida final.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Meu marido ficou desempregado e eu tive que procurar um local para trabalhar. Naquela época a porta que se abriu foi para vender plano funerário. Aí eu abracei a oportunidade e estou aqui até hoje. Quando uma pessoa procura o serviço eu ofereço o que se enquadra em seu bolso e pode funcionar da forma melhor possível”, afirmou.

Dainha explicou que há três tipos de planos funerários. Os planos prata, gold e luxo. Em todos, os clientes pagam as mensalidades que englobam alguns membros da família: marido, esposa e filhos solteiros até trinta anos. Os valores variam de R$30 a R$50 e a depender do plano, há algumas diferenciações nos tipos de caixão ou ornamentação do funeral.

“Uma família, que recebe um salário mínimo, por exemplo, e faz um plano funerário, no momento que perde alguém não precisa mexer no orçamento. Ela tem a garantia que terá o serviço sem precisar se preocupar”, acrescenta.

Naturalidade

Dainha relatou que antes de trabalhar vendendo planos funerários, não gostava muito de falar sobre o assunto ou ficar próxima caixão. A necessidade, como faz questão de ressaltar, a fez encarar essa situação com naturalidade e entender que um dia todas as pessoas vão morrer. Hoje ela transita tranquilamente na sala onde estão todos os caixões oferecidos pela empresa e apresenta-os aos clientes. Explica as características de cada um e o ato de escolher um caixão, ou ser associado de um plano funerário vira um papo engraçado e curioso. Com direito, inclusive, a uma pausa para um cafezinho.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Os caixões custam de R$1.200 a R$15.000 e de acordo com Dainha, os que têm mais saída são os que custam até R$ 2.000 e também integram os critérios dos planos funerários. Há clientes que fazem o plano e optam pelo caixão mais simples, por questões financeiras ou até porque acreditam que como a morte é o momento final do indivíduo e já que vai para debaixo da terra mesmo, pouco importam esses detalhes. Mas, há também clientes mais exigentes que querem toda pompa, luxo e ostentação depois de morrer e preferem as urnas funerárias, parafraseando o ditado popular, aquelas, que literalmente estão “pela hora da morte”, mesmo. Dainha conta que o caixão de 15 mil reais, por exemplo, é de madeira importada da Espanha e tem até abertura lateral. Mesmo morto, o cliente pode ter mais mobilidade e conforto.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Além das opções de caixão, Dainha apresenta os serviços de maquiagem e comenta que já houve casos do cliente pedir para o funeral de um parente a presença de garçons para oferecer água mineral, refrigerante e salgadinhos, além de músicos e som ao vivo.

“Esse cliente me procurou para deixar tudo organizado para o funeral de um familiar e servir as pessoas que estiverem no local com bebidas e comidas. A morte é uma coisa particular e cada um tem suas preferências. Muitas pessoas antes de morrer já fazem as suas exigências e repassam os pedidos para as famílias.Isso é de extrema importância. Tem mulheres que já deixam sinalizado que quando morrerem querem maquiagem e arrumação de cabelos. A maquiagem eu mesma faço e tento deixar a pessoa com a fisionomia mais serena e ‘natural’ possível”, comentou.

Atendimentos

José Raimundo Ferreira, que é gerente da empresa de serviços funerários, explicou que atualmente 80% dos atendimentos são dos clientes que têm o plano funerário. Os outros 20% são de pessoas que contratam os serviços particulares, não possuem o plano e até acontece de futuramente se tornarem clientes fixos.

Segundo ele, a média é de 80 atendimentos mês. O record já alcançado foi de 103 atendimentos, sendo que quase todos eram associados do plano.

Trabalhando há seis anos na empresa, ele também disse que entrou na profissão por acaso e por falta de opção no mercado de trabalho. Não era o seu sonho trabalhar nessa área, mas ele enxergou o emprego como uma oportunidade para crescimento e qualificação profissional. Atualmente José Raimundo participa de cursos, trabalha como cerimonialista, com o serviço de reconstituição facial e tanatopraxia, que é a troca do fluido corporal por produtos conservantes.

“Por falta de emprego em outras áreas eu vim trabalhar aqui. Me orgulho muito da minha profissão e de poder oferecer para as pessoas um serviço de qualidade. Proporcionar que muitas famílias possam de despedir do seu ente querido com dignidade”, relatou em entrevista ao Acorda Cidade.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Sobre o serviço de tanatopraxia, ele explicou que é muito comum em funerais de pessoas famosas que duram de três a dez dias. O funeral do cantor Michael Jackson foi um desses casos que ganhou destaque mundial. A tanatopraxia consiste na substituição do fluido corporal (sangue), pelo produto conservante e faz com que o cadáver possa ficar no meio social, em processo fúnebre sem exalar nenhum tipo de odor. Essa troca de fluido é feita através de uma máquina de bombeamento e utiliza técnicas específicas.

José Raimundo explicou com propriedade tudo que envolve um serviço de plano e assistência funerária. Ele frisa que enquanto muitas pessoas preferem não tocar no assunto de morte, tem medo de caixão e até preconceito com pessoas que trabalham na área funerária, cresce diariamente o número de clientes que se preocupa em ter um plano funerário e ter uma organização para o momento da partida.

Assim como despesas de água, luz, energia, internet, no cenário atual, o plano funerário passa a ser uma necessidade e merece uma reserva no orçamento familiar. Em Feira de Santana existem 16 funerárias e apesar desse serviço não ser admirado por todos, na hora da morte não se tem pra onde correr. Já que é a única certeza mesmo, que partida seja então o mais eficiente possível e assim “Jas em paz aquele que foi dessa para melhor”. 

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

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