Feira de Santana

HGCA realiza caminhada e implanta novo protocolo de assistência a pacientes com AVC

O objetivo do evento é também estimular a prática de atividade física e mobilizar a sociedade acerca da importância de se melhorar a assistência aos pacientes que já tiveram o AVC.

01/11/2021 às 09h55, Por Gabriel Gonçalves

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Laiane Cruz

O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) irá promover no dia 7 de novembro, a partir das 6h, uma caminhada para chamar a atenção da população sobre os riscos e as formas de prevenção do Acidente Vascular Cerebral (AVC). A concentração dos participantes será em frente ao Shopping Avenida.

De acordo com a neurologista Renata Nunes, que atua no HGCA, o objetivo da caminhada é também estimular a prática de atividade física e mobilizar a sociedade acerca da importância de melhorar a assistência aos pacientes que já tiveram o AVC.

“O objetivo desse evento é chamar a atenção para a prevenção de doenças. A gente fala do cuidado e da prevenção de doenças, mas o que a gente quer mesmo é que as pessoas não cheguem com AVC. O objetivo desse movimento é estimular a prática de atividade física, a saída do sedentarismo por pessoas que têm fatores de risco ou não. Esse evento vai mobilizar tanto pessoas que trabalham na assistência ao AVC quanto pessoas que já tiveram. No local haverá orientações sobre a doença e sobre medidas de prevenção”, explicou.

Conforme a neurologista, o Hospital Clériston Andrade está passando por um processo de reorganização e estruturação, como também implementando um novo protocolo de assistência aos doentes com AVC.

“Está em fase de construção e será apresentado à equipe assistencial do hospital. Vamos começar uma sequência de treinamentos para melhorar a rotina de assistência aos pacientes com AVC. A proposta é que esse doente seja bem assistido desde a chegada até o momento da alta”, informou.

O que é o AVC

O Acidente Vascular Cerebral é o comprometimento do fluxo sanguíneo para o cérebro, que precisa de oxigênio e nutrientes. Conforme a especialista, se alguma coisa interrompe a chegada do oxigênio ao cérebro, acontece o AVC.

“O AVC é uma causa extremamente importante tanto de mortes quanto de incapacidade. No Brasil, só no ano passado, foram mais de 400 mil casos de AVC. Em Feira de Santana, os números também são grandes. Foram atendidos no Clériston Andrade 560 casos de pacientes com AVC de janeiro até agosto desse ano”, ressaltou.

AVC Isquêmico X Hemorrágico

A neurologista Renata Nunes esclareceu sobre a diferença entre o AVC isquêmico e o hemorrágico.

“O AVC isquêmico é quando acontece uma obstrução do fluxo sanguíneo. Isso pode acontecer por vários motivos, como quando um paciente tem uma arritmia cardíaca e se formou um trombo no coração, que subiu e obstruiu alguma veia do cérebro, ou porque o doente tem colesterol alto e tem placas de gordura em vasos importantes. Essa placa pode chegar lá em cima e obtruir algum vaso sanguíneo cerebral. Também pode acontecer por doenças inflamatórias e alguns quadros que podem causar uma obstrução e o sangue não chegar ao cérebro.”

Já o AVC hemorrágico, segundo Renata Nunes, acontece quando há ruptura de algum vaso sanguíneo no cérebro e ocorre o sangramento intracaniano, porque um vaso sanguíneo se rompeu.

“Isso é provocado também por vários motivos, como pressão alta, um aneurisma, má formação de vasos, ou por angiopatia amiloide, que acomete muito a população idosa e é uma fraqueza na parede dos vasos e, por conta disso, há uma predisposição maior a sagramentos cerebrais. Algumas pessoas podem ter essa característica, de com o evelhecimento terem essas alterações vasculares.”

Acerca dos fatores de risco para a ocorrência de AVC, os principais são hipertensão, diabetes, tabagismo, colesterol alto, arritmias, algumas doenças sanguíneas, sedentarismo e obesidade, além do estresse contínuo.

Tratamento

A neurologista do HGCA falou ainda sobre as formas de se tratar o AVC, que de acordo com ela, se diferenciam a depender do tipo (se isquêmico ou hemorrágico) e das causas.

“O paciente precisa ter uma assistência o mais rápido possível para a gente definir qual a melhor maneira de cuidar. O tratamento pode ser feito com uma medida aguda, nas primeiras horas após o evento, que é o tratamento trombolítico, com um medicamento utilizado para desfazer o trombo e diminuir a gravidade do AVC, o risco de morte e o grau de incapacidade. Já no caso do hemorrágico, vai depender das características, porque a depender do tamanho, alguns pacientes vão precisar de tratamento cirúrgico.”

A assistência médica deve ser imediata, como frisou, uma vez que o número de incapacidades causadas por AVC ainda é muito alto e isso tem relação com a dificuldade de tratamento ou falta de um tratamento adequado.

“Quando um paciente tem um AVC a gente que tratar e identificar a causa, para evitar dessa pessoar ter eventos recorrentes e ir acumulando incapacidades e risco de morte. O tratamento na fase aguda deve ser feito o mais rápido possível e a investigação.

Sintomas

Para identificar de forma imediata um quadro de AVC é preciso estar atento a alguns sinais na pessoa acometida, com a boca torta, um lado do corpo parado ou uma dormência em um lado inteiro do corpo.

“A pessoa estava bem e de repente tem um desequilíbrio que não consegue ficar de pé e fala embolada também pode acontecer. No momento que uma pessoa tem algum desses sinais tem que ligar para o 192 e pedir socorro, informar o que está acontecendo. Uma coisa muito importante é que muitas vezes as pessoas sofrem um quadro desse e não chamam assistência imediatamente. Temos uma sigla chamada SAMU. O S é de sorria, e se a boca do paciente fica torta para um lado, sugere que possa ser um AVC; o A é de abraço, quando você pede para a pessoa levantar os dois braços, mas se a pessoa não consegue levantar um braço ou levanta os dois com muita dificuldade, é outro dado. O M é música, quando pedimos que cante, mas se a pessoa está com dificuldade e fala embolado também é sugestivo para AVC, e o U é urgência. Chame o 192”, alertou.

A importância do atendimento imediato se dá pelo fato da janela de tratamento ter um tempo muito curto para minimização dos sintomas e riscos decorrentes.

“A gente tem uma janela de oportunidades muito curta no AVC. Essa janela de tratamento, para usar o trombolítico é de quatro horas e meia, no máximo. Esse é um tempo muito curto, por isso que no momento que for identificado, imediatamente deve pedir ajuda”, destacou Nunes.

Dores de cabeça pós covid

Uma dúvida recente e recorrente entre os pacientes que tiveram a covid-19 é se as dores de cabeça constantes no pós covid têm alguma relação com a incidência de AVCs na população.

Conforme a especialista, tem acontecido com muita frequência pessoas que tiveram a covid sofrerem com cefaleia constante pós covid. “Muitas tinham até uma enxaqueca antes, mas já tinha sido resolvido, e depois da covid desenvolveram enxaqueca crônica ou cefaleia com padrões diferentes. Essas dores constantes pós covid não têm necessariamente relação com o AVC, mas durante a infecção ou após imediatamente existe um risco maior, porque é uma doença que tem o potencial de aumentar a formação de trombos. Então indivíduos com covid tiveram e têm sim mais AVC”, avaliou.

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